Capítulo XIV

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     Há muitos séculos, anões vindos das Terras Inóspitas, fugindo da maldição lançada naquele lugar, chegaram até Tarion. Lá, eles encontraram uma grande montanha, e dentro dela, uma enorme caverna. Enquanto exploravam, descobriram várias galerias escondidas. Ali, eles perceberam o potencial daquele lugar e resolveram fixar sua nova moradia. O que, mais tarde ficou conhecida como as Minas de Dufals.
     No entanto, a chegada de anões à Tarion gerou uma grande insatisfação por parte dos elfos, que não simpatizavam muito com os pequenos. Um conflito entre as duas raças foi inevitável. Mas os anões foram firmes, e não quiseram deixar seu novo lar, demonstrando assim, uma grande habilidade como guerreiros.
     Chegando a conclusão que aquela disputa não levaria a lugar algum, os governantes dos respectivos povos resolveram se encontrar na tentativa de criar um tratado de paz. Lotar I, Rei dos anões daquela época; e Nurandil, soberano dos elfos de Tarion. O máximo que conseguiram foi uma demarcação de território. Daquele dia em diante, nenhum anão, ou elfo, cruzaria os limites das terras um do outros sem permissão.
     Porém, o momento atual não dava muitas opções, e o grupo de Merrick precisou se refugiar justamente na caverna da grande montanha. O mago precisava contar com a sorte e com a vida relativamente longa que os anões possuíam.
     Eles adentraram a caverna escura, e com a ajuda de uma tocha caminharam pelo seu interior.

     — Tem certeza que sabe para onde está indo, Merrick? — Questionou Katherine.
    
     — Não está tão diferente desde a última vez que estive aqui.
    
     — E quando foi isso?
    
     — Há muito tempo.
    
     — Quanto tempo?
    
     — Muito antes de o seu avô nascer. — Katherine espantou-se com o fato de Merrick ser tão velho quanto Nolan. Apesar de não aparentar em nada. — Ser metade elfo tem as suas vantagens. — Completou-o.
    
     — Não devíamos estar aqui. — Disse Tari. — Não é seguro.
    
     — Por que diz isso? — Questionou Nyra.
    
     — Não importa. É tarde demais. — A Princesa instintivamente colocou o capuz em sua cabeça.
    
     — Era só o que faltava. — Disse Judar.

     Foi então que Merrick sentiu a ponta de uma lança em seu pescoço. Os outros ameaçaram revidar, mas perceberam que estavam cercados.

     — É melhor não tentarem a sorte, forasteiros. Ou transformo seu amigo numa peneira. — Disparou o anão que estava bem na frente deles.

     Todos estavam com os ânimos bem exaltados. Qualquer atitude precipitada e as coisas poderiam ficar complicadas.

     — Judar, estamos cercados e eles sabem manejar essas lanças nessa caverna estreita muito melhor que você, então abaixe isso. — Advertiu Merrick.

     Mesmo a contragosto o lanceiro concordou, afinal, eles estavam em menor número e em um ambiente desconhecido. Nyra e Katherine se colocaram perto de Tari de maneira protetora.

     — Nós não somos uma ameaça. — Falou Merrick ao anão.
    
     — Vocês são estranhos, vieram até aqui armados... E ainda trouxe uma elfa a tira colo. ... Pode tirar esse capuz, ratinha, senti o seu fedor de longe, não adianta tentar se esconder.
    
     — Nós precisamos de ajuda. Estamos sendo perseguidos por uma patrulha de orcs. — Merrick continuou.
    
     — E ainda trazem orcs até a nossa porta. Eu diria que vocês são uma baita de uma ameaça. — Disse o anão.
    
     — Deixe-me falar com Trolli.
    
     — Quem é você, afinal?... Como conhece o Trolli?

     E então, uma voz familiar aos ouvidos de Merrick, ecoou pela caverna.

     — Merrick?!
    
     — Trolli?
    
     — Com todos os deuses! Da última vez que esteve aqui você era um jovem exilado de Tarion. ... Por Gaia, rapaz, abaixe essa lança! Não está reconhecendo o Merrick?! — Exclamou Trolli com o outro anão. — O que fazem aqui? De onde estão vindo?
    
     — Tarion.

CRÔNICAS DE HALANOR (LIVRO I) - A lâmina do dragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora