Capítulo VII

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     Silfgard não estava nem um pouco satisfeito em ver aqueles forasteiros parados ali, aos seus portões. O que também não deixou de lhe causar certa admiração. Afinal, eles passaram por seus melhores trolls guardiões e conseguiram chegar às muralhas, algo que não acontecia há muito tempo, sua curiosidade com aquele grupo acabou por vencê-lo. Então, o Lorde dos Elfos ordenou que as armas daquele grupo fossem confiscadas. Medidas de segurança, já que Silfgard lhes concederia uma audiência. Mesmo a contragosto, Éldar e seus companheiros fizeram o que foi exigido.
     Porém, com relação a Merrick a abordagem foi completamente diferente. Os elfos colocaram algemas especiais em seus pulsos, e em seguida o encaminharam numa direção oposta aos outros.

     — Isso não é necessário. — Disse o cavaleiro.
    
     — Pelas Leis de Tarion, esse feiticeiro mestiço será preso. Levem-no.
    
     — Não podem leva-lo. — Dizia Éldar tentando impedir que seu amigo fosse aprisionado.

     Todos já estavam prontos para entrar em combate, mesmo sem suas armas. Mas Merrick os impediu.

     — Não façam isso. Está tudo bem. Eu sabia que isso aconteceria. Eu vou ficar bem. Éldar lembrem-se da nossa missão. Ela é o mais importante.

     Ainda sob protesto, mas tendo a noção de que a missão deles era a prioridade, Éldar se afastou e fez sinal para que seus companheiros fizessem o mesmo.

     — Mas, Éldar... Não podemos... — Disse Katherine.
    
     — Vamos ajuda-lo, Katherine. No momento certo. Eu prometo.

     Ao entrarem na sala do trono, obviamente com uma expressão nada agradável devido à prisão de seu companheiro, o grupo encontrou Silfgard esperando por eles.
     Em seu trono, o soberano, acompanhado de seu Conselho Real, observava aquele grupo peculiar. Um cavaleiro que parecia ter a honra como sua principal virtude; três mercenários que, no fundo ansiavam por uma causa realmente justa para lutar; uma moça que se considerava uma mestra de forja, que tinha muito a provar, talvez muito mais para si mesma do que para os outros; e na prisão um mago mestiço condenado por traição. O quê os unia? Por qual razão estavam naquela jornada?

     — Onde está Oberon? — Perguntou o Lorde a um de seus conselheiros.
    
     — Resolvendo assuntos de segurança, Milorde.
    
     — Certo. ... Agora, vamos ao que interessa. Vamos saber a razão de estarmos recebendo tão “ilustres” visitas. — Falou Silfgard ao grupo.
    
     — Se me permite Majestade, poderia nos responder por que nosso amigo foi preso? — Questionou Éldar.
    
     — Simples, cavaleiro. Seu amigo é um traidor. — Respondeu o soberano.
    
     — Traidor?
    
     — Aquele mago mestiço é um traidor de Tarion. — Disse Coran, um dos conselheiros. — Ao fugir daqui, séculos atrás, o consideramos um exilado, desde que nunca mais retornasse.
    
     — Porém, como ele voltou, — Continuou Razin, outro membro do Conselho. —, seu destino é a prisão. Onde aguardará o seu julgamento.
    
     — Deixemos os traidores onde devem estar. Em suas celas. — Disse Silfgard cortando o assunto sobre Merrick. — Vocês estão muito além da Muralha Verde, o que quer dizer que estão em território élfico. A questão é: por quê?
    
     — Estamos em uma missão oficial para Os Quatro Pilares, Milorde. — Respondeu Éldar. — Nossa intenção era passarmos por Tarion. Exatamente por trás das fileiras de Liacar, pois precisamos chegar às Terras Inóspitas.
    
     — E o que pode ter de tão valioso naquele lugar abandonado pelos deuses para que vocês se lancem em uma jornada como esta a um local amaldiçoado como aquele?

     Éldar sabia que não era nem um pouco prudente revelar o objetivo da missão, mas eles estavam em desvantagem e em território hostil. O cavaleiro não teve escolha.

CRÔNICAS DE HALANOR (LIVRO I) - A lâmina do dragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora