Capítulo catorze - Kao

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Capítulo catorze – Kao

Pela primeira vez depois de tantos anos, sinto-me vivo e conectado com tudo no universo. Não existem palavras que possam explicar exatamente como me sinto. Tê-lo em meus braços, tê-lo para mim é tudo que eu precisava, Earth é o meu anjo e surgiu para me salvar de tudo que viví após a morte da minha mãe. Antes não tinha certeza, mas agora sei que eu o amo e quero-o para mim, somente para mim.

Ele me abraça forte, e debaixo dos cobertores sinto o seu corpo colado ao meu e meu peito cada vez mais se enche de felicidade. Beijo a sua testa e me vem em mente algumas imagens, tudo parece estar cada vez mais claro, eu o amei desde pequeno. Só que agora é de um jeito diferente.

Sorrio e ele me rouba um beijo.

─ Em quem você tanto pensa P' Kao? – pergunta e volta a deitar a cabeça em meu peito.

─ Advinha? – o desafio sorrindo.

─ Não sei P', afinal você nunca fala sobre a sua vida pessoal comigo. – diz e me lembro da conversa com o seu pai.

─ Estava pensando em nós dois quando éramos crianças. Na verdade, estava lembrando. – nossos pais eram muito próximos, mas isso porque nossas mães eram melhores amigas. Pareciam irmãs, eu não sei... Amavam-se muito e elas nos aproximaram, assim como aproximaram os nossos pais. Porém de alguma forma ou por algum motivo elas se afastaram. – Eu sei agora que sinto algo por você.

─ Isso é verdade? Por favor, P não brinque comigo. – Earth fala como se isso fosse mentira. Quero que acredite nos meus sentimentos por ele. E se ele deixar, eu farei para ele coisas que o Dew nunca foi capaz, principalmente assumir que estou apaixonado pelo Earth.

─ Verdade. – faço uma breve pausa, reflito antes de tomar a decisão, mas depois de hoje, estou certo de que é isso o que eu quero. – Se você quiser eu quero que seja meu só meu e de mais ninguém Earth.

─ Peça de um jeito romântico se realmente quer. Diga o que quer que eu seja para ti, aí eu penso na proposta. – ele se ajoelha na cama cobrindo um lençól e me encara. – Vá em frente P, estou esperando.

Seu rosto angelical me encanta, não resisto e me levanto da cama, coloco uma calsa e ele apenas me encara. Ajoelho-me diante dele, do lado da cama e suspiro. Eu em particular acho isso desnecessário, mas se for para agradá-lo, então eu o farei. Crio coragem e finalmente digo...

─ Earth, eu percebi que estou apaixonado por você. Seu sorriso lindo me encanta e sua presença me anima sempre. A cada dia você se torna importante e necessário na minha vida, sua luz me cativa. Fique comigo como namorado, parceiro e amigo, apenas você e eu, para sempre.

Enquanto eu falava, ele simplesmente me encarava sem acreditar. Assim que termino, ele abre os braços sorrindo e eu vou até ele.

─ Sim, eu quero ficar contigo P.

Sua resposta me alegra, minha vontade é de gritar para todos escutarem o que sinto, mas grito apenas dentro de mim. Se minha mãe me visse agora, ficaria feliz por mim, mesmo não aprovando minha relação talvez, mas ficaria feliz por ver-me assim.
O problema agora será dizer isso para os nossos pais. Eles já se detestam e agora isso.

Ao amanhecer eu não o vejo na cama, levanto-me preocupado e visto as calsas às pressas. Vou até a sala e o vejo arrumando a mesa. Ele está distraído cantando e colocando o café à mesa, e eu simplesmente paro para vê-lo melhor. É essa energia e alegria que me encatam. Não tem como não se animar ao lado do Earth.

Vê-me parado e se aproxima. Abraça-me e sorri para mim.

─ Bom dia! Descansou bem? – diz animado.

─ Sim! E você? – beijo-o na bochecha esquerda.

─ Muito bem. Pensei que talvez fosse um sonho, mas quando acordei vi-te ao meu lado e me animei ainda mais. – ele me segura pela mão e me puxa até a mesa. – Vem! Eu fiz o café da manhã para nós.

Depois do café, passamos a manhã e a tarde inteira no sofá assistindo filmes. Desligamos os celulares para ninguém estragar o nosso momento e, aproveitamos cada instante.

O sol já se pôs, e sinto a necessidade de ligar o meu celular. Assim que o ligo, entram várias mensagens seguidas. Fico preocupado e penso de imediato em Sao, passei o dia inteiro sem dar notícias, nem mesmo saber como ela e o papai estavam. Abro o app de mensagens e vejo que algumas são dela e outras de Max e Tin, abro primeiro as da minha irmã e assim que leio perco os sentidos, eu apenas congelo sem saber o que fazer, nem mesmo no que pensar.

Earth olha para mim preocupado, pega no meu celular, lê as mensagens e me abraça. Mas num instante se solta e leva as chaves do seu carro. Eu não sei o que faria se ele não estivesse comigo agora.

─ Vem P', temos que ir agora. – eu o sigo nervoso, preocupado e só o que quero é poder chegar a tempo.

Saímos do edifício e corremos até a sua viatura. Ele não tarda e liga o carro. Nem acredito que deixei a minha irmã sozinha, eu fracassei como irmão. Fracassei novamente. Eu podia simplesmente deixar o celular e teria estado com ela, mas não, fui um idiota e pensei somente em mim.

─ Por favor, Earth acelera. – peço.

─ Chegaremos em breve, não se preocupe P' Kao. – ele usa um atalho e continua concentrado á estrada. Sinto que está tudo indo muito lento, me apavoro a cada segundo que passa e o meu celular toca. Atendo-o e percebo pelo tom da sua voz que as coisas não estão bem.

─ Me diz que está tudo bem, por favor. – suplico.

─ Acho melhor vir até aqui Kao, é importante que esteja com a sua irmã. – diz nervoso. Desligo e me sinto ainda mais desnorteado.

Felizmente em menos de dez minutos chegamos ao hospital onde eles estão e, assim que desço do carro, eu corro até o edifício. Procuro por eles e vejo Tin na recepção. Vou até ele e reconheço que há preocupação em seu olhar.

─ P' Kao! – minha irmã chama por mim e vem me abraçar. - P' Kao... Ele voltou a beber e dessa vez passou muito mal.

─ O que o médico disse?

─ Que o papai precisa parar de beber antes que isso o mate.

Vou até o quarto e o vejo incosciente. Pelo menos está bem agora. Não entendo, ele estava bem.

Sento-me na cadeira ao seu lado e ele abre os olhos. Me encara e chora.

─ Porque pai? – pergunto.

─ Você desinterrou algo que me machuca muito filho. Eu nunca irei superar a morte dela, mas existem coisas sobre sua mãe que me magoam só de lembrar. Por isso eu quero que se demita da agência e se afaste dessa gente, eu irei trabalhar para pagar as dívidas e as contas da casa.

─ Tudo bem pai, eu me demito, mas somente se me contar toda a estória, diga-me porque e o que a minha mãe fez, depois eu saio.

─ Não posso. Isso te afetaria muito.

─ Então eu não saio pai, muito menos agora que... Que estou conseguindo pagar as dívidas. – digo e me levanto da cadeira. Nem me atrevo a dizer sobre o Earth, ele seria capaz de se matar. – Eu prometi a Sao que fará um curso na Universidade e eu pagarei.

Retiro-me do quarto e vou até minha irmã abraçá-la. Sinto-me culpado, meu pai voltou a beber por minha culpa. O que será essa coisa que aconteceu entre os meus pais e os do Earth?

Na Passarela Do Amor (KaoEarth) - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora