Capítulo Vinte - Kao

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Capítulo Vinte – Kao

Caminho de um lado para o outro, minha irmã desmaiou e está sobre os cuidados médicos, e ninguém sabe ainda se o meu pai está vivo ou não. Viro-me para a parede e dou um soco bem forte nela, mas nem mesmo a dor física se compara ao que sinto na alma. Perdi a minha mãe, meu pai está lutando para sobreviver e a minha irmã está incosciente. Está tudo desmorronando.

Earth me abraça e tenta me tranquilizar, porém nada do que diz funciona. Sinto-me perdido.

─ Eu vim o mais rápido que pude. – diz o melhor amigo do Earth. – Passei da sua casa e me disseram que todos estavam aqui, o que aconteceu?

─ O pai do Kao está muito mal. É uma longa história, depois eu conto. – diz Earth.

Uma enfermeira aparece e sem demoras eu a abordo.

─ Como está o meu pai? – questiono-a.

─ Ainda não sei senhor, mas a sua irmã já está bem. – faz uma breve pausa e continua. – Ela quer vê-lo.

Não demoro e vou até o quarto em que ela se encontra. Bato e entro. Vejo-a pálida e muito fraca, deitada na cama e visívelmente preocupada. Não sei como consola-la, pois eu mesmo não sei como me acalmar. Não sei o que dizer apenas me aproximo e dou-lhe um forte abraço. Espero que se sinta confortável e calma. Quero que pelo menos ela se sinta bem e que saiba que eu estou aqui para tudo que precisar.

Sinto as suas lágrimas molharem a minha camisa, e de repente me aperta ainda mais. Sei como ela se sente a dor é imensa e a sensação de quase perda assustadora. Quando a mamãe morreu ela era apenas uma criança e não sentiu tanto assim. Na época, Sao não fazia ideia do que era a morte e o que acontece quando alguém que amamos morre. Eu queria que ela fosse apenas uma criança e que não sentisse toda essa dor, queria poder transferir para mim todo esse medo e tristeza que a minha irnã sente.

─ Se acalma, vai ficar tudo bem. – digo segurando o meu choro. – O papai é forte e não vai desistir.

─ Estou com medo P' Kao. – diz chorando – O que será de nós sem ele?

─ Vai ficar tudo bem. – é tudo que consigo dizer a ela. Que vai ficar tudo bem, mesmo sabendo que a possibilidade de isso acontecer é bem pequena.

Minutos depois a mesma enfermeira entra no quarto e dá um tranquilizante a Sao que aos poucos se deixa levar pelo sono e eu a ajudo a deitar na cama. Passo a mão em seus cabelos e choro assim que ela não me pode ver. Permito que o medo e a angústia se manifestem e choro, talvez a dor acabe.

─ Mamãe... Por favor, não permita que ele nos deixe sozinhos. – falo baixinho e com as lágrimas caindo do meu rosto. – Não permita.

Earth abre a porta e entra. Seu olhar de tristeza é muito óbvio e há alguns minutos ele não estava assim. Deve ter acontecido algo com o meu pai. Ele simplesmente se aproxima e me abraça e eu choro em silêncio para que ele não me veja assim tão frágil.

****************

Meses depois

─ Obrigado por me acompanhar. – digo ao Earth assim que estaciona o carro. Beijo-lhe surpreendendo-o. – Quer ficar comigo até a morte nos separar?

─ Não! Quero ficar contigo até a outra vida, quando nós os dois voltarmos daqui a quinhentos ou mil anos. – sorri e continua. – A morte não será forte o suficiente para me separar de ti Kao.

─ Prometo te amar mesmo depois dessa vida.

─ Eu também prometo.

Descemos do carro, levo as flores e fecho a porta. Earth segura a minha mão e caminhamos lado a lado, como o casal que somos. Eu prometi a ele que nunca teria vergonha de assumir a nossa relação, que seria diferente do ex e que lutaria para fazer os nossos pais aceitarem o nosso namoro.

Na Passarela Do Amor (KaoEarth) - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora