Noppakao (Kao)
Perder minha mãe afastou-me bastante do meu pai, ele praticamente não fica em casa e tenho que cuidar da minha irmã sem o seu apoio. Seus negócios faliram graças ao seu vício pelo álcool, vive sem se importar se seus filhos estão bem ou não. Talvez ele nem sequer se lembre de nós.
Acredito que a dor e a solidão transformaram-no neste fracassado que é hoje, sua vida é monótona e gasta o pouco dinheiro que nos resta com álcool. Se nossa mãe estivesse aqui tudo seria muito diferente, eu teria feito a faculdade e teria um bom emprego, mas por causa das dívidas que surgiram perdemos praticamente tudo.
Eu não culpo o nosso pai, ele se sente sozinho depois do acidente e nada disso estaria acontecendo se eu tivesse agido como o irmão mais velho.
Nosso pai nos culpa pela morte dela, talvez ele esteja certo já que ela morreu tentando nos salvar do incendio que causamos durante uma brincadeira inocente. Saowalee tinha seis anos e eu treze quando o acidente aconteceu, ela queria muito fazer um jantar para os nossos pais e acabou numa tragédia.
Não foi fácil viver com essa culpa, se eu tivesse a idade de Sao eu teria conseguido superar isso, mas por ser o mais velho a culpa disso ter acontecido foi minha e não soube cuidar bem dela.
Para compensar essa culpa que sinto me vejo na obrigação de cuidar da minha irmã, pensei que seria fácil encontrar um trabalho, estamos sem dinheiro e neste momento estou aceitando qualquer trabalho desde que me ajude a sustentar minha família.
Há tanto tempo que eu procuro por um emprego, mas nada até agora, tudo parece estar contra mim neste momento.
Chego à minha casa mais uma vez derrotado, minha irmã corre em minha direção e me abraça, os seus olhos estão cheios de lágrimas e isso me deixa de coração partido.
Eu sou um fracasso. - Penso
─ Você está bem Sao? - Sei que não está bem, mas de qualquer forma eu preciso saber.
─ O pai voltou embriagado de novo, dessa vez ele quase bateu em mim.
─ Quando eu conseguir um emprego, o levaremos a uma clínica, talvez ele volte a ser o nosso pai como antes.
─ Eu posso ajudar P'Kao, posso fazer qualquer coisa.
─ Não! Você ainda não é maior de idade, eu vou conseguir o emprego confie em mim.
Dou a ela um beijo na testa e vou ao meu quarto, que ficou tão vazio quanto o meu coração. Levaram tudo que tinhamos para pagar as dívidas que nosso pai contraiu e agora só nos restam algumas vestes e poucos móveis. A qualquer instante a casa poderá ser tirada de nós por isso eu preciso arrumar um emprego.
Vou ao banheiro e faço um banho muito rápido, estou cansado e preciso renovar as energias para continuar procurando o emprego, espero que eu consiga dessa vez.
Deito-me na cama pensando em como as coisas mudaram muito. Antes minha família possuía empresas e ocupávamos uma boa posição na sociedade, mas hoje tudo se foi junto com a nossa mãe.
Pensar me ajuda a criar mais forças para continuar a lutar e a olhar para frente, sei que no final desse túnel haverá uma luz e sei que conseguirei alcançá-la.
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Antes de sair vou até o quarto do meu pai, ele está deitado fedendo a álcool, se eu acordá-lo ficará mais irritado do que o normal então eu acho melhor não me despedir dele. Saio de lá antes que ele me veja e procuro Sao no jardim, seu lugar favorito da casa. Ela está muito concentrada falando para uma flor que ela mesma deu nome, ela deu o nome da nossa mãe por que assim como a flor nossa mãe transmitia imensa tranquilidade e paz, era linda e encantadora.
Aproximo-me sem fazer barulho e consigo escutar o que diz.
─ Ajude o P'Kao a encontrar um emprego, eu sei que ele faz de tudo por mim e pelo papai, por isso ele merece só uma chance. Leve ele direto ao lugar que ele deve estar.
Escutar essas palavras me encheu de mais esperança, hoje eu preciso encontrar um emprego pelo bem da minha irmã.
Saio de casa e espero poder trazer boas notícias a N'Sao, ela confia no meu potencial e não irei decepcioná-la.
Caminho pela estrada observando cada detalhe de tudo que vejo, preciso confiar em mim sei que sou capaz, dessa vez eu não volto sem boas notícias para casa. Já é meio dia e todas as portas que bati me rejeitaram, passei o dia tentando não desanimar, mas neste momento minha esperança está se esgotando e não sei o que fazer.
Depois de tentar em vários lugares eu decido entrar em mais um restaurante que faz simplesmente comida tailandesa, preciso tentar só mais uma vez antes de comer alguma coisa. Meu estomago está vazio, não comi nada o dia todo e estou ficando sem forças. Vou até o balcão onde está uma senhora e tento abrir um sorriso para chamar a sua atenção, meus amigos disseram-me que preciso aprender a sorrir mais para conquistar as pessoas, mas o problema é que não me acostumei com isso, sorrir às vezes parece ser difícil e não tenho paciência para aprender.
─ Sawadee krap - Digo e esboço um sorriso no meu rosto, é difícil, mas talvez lhe convença.
─ Sawadee. Como posso ajudar?
─ Meu nome é Noppakao, gostaria de saber se estão precisando de alguém aqui? Eu posso fazer qualquer coisa. - Falo tentando ser convincente e eu sinto-me desesperado. - Eu sei cozinhar, lavar a louça, limpar, qualquer coisa eu farei. Por favor.
─ Me desculpe filho, mas no momento nós não estamos contratando.
─ De qualquer forma eu deixarei o meu contato para quando estiverem precisando de alguém. Por favor, me liguem se precisarem de um ajudante ou qualquer coisa.
─ Eu acho pouco provável, mas pode deixar.
Mesmo que seja apenas uma simples conquista para mim é muito, entrei neste lugar acreditando que poderei encontrar um trabalho e sei que irão me ligar. Se fosse fácil eu estaria neste momento explodindo de tanta alegria e sorrindo como uma criança que acabou de ganhar um doce. Mas sei que as coisas não acontecem num estalar de dedos, acho que é necessário ter muita paciência, algo que não tenho.
Apesar dessa pequena conquista, eu ainda me sinto acabado, até agora nenhum dos lugares que deixei o meu número entrou em contato comigo por isso não devo ficar tão animado. Saio com uma nuvem de desilusão sobre a minha cabeça, mas o pior de tudo é que o céu também está triste, as nuvens se sentem como eu no momento e pretendem ajudar-me a chorar. O vento bate no meu rosto e sinto a chuva se aproxiomar aos bocados, mas não posso parar agora.
─ Pela Sao, eu preciso continuar.
Horas se passaram e até agora não consegui nada, já é noite e não para de chover, estou totalmente molhado e mal consigo ver o caminho. A chuva ficou mais agressiva, meus olhos doem muito, palavras da minha irmã surgem nos meus pensamentos e sinto que se eu voltar sem nenhuma notícia boa ela ficará mais triste. - Isso me tortura muito.
"Ajude o P'Kao a encontrar um emprego, eu sei que ele faz de tudo por mim e pelo papai, por isso ele merece só uma chance. Leve ele direto ao lugar que ele deve estar."
Estou tão esgotado ao ponto de sentir que em qualquer instante irei cair no meio da rua, sinto tanto frio e meus ossos doem, porém continuo sem pensar se ficarei doente ou não, apenas preciso achar um emprego, por Sao.
Dou mais alguns passos e não consigo mais sentir os meus músculos, estou sem forças, o peso do meu corpo se torna insuportável e deixo-me jogar no meio da calçada. Sinto tudo ao meu redor cair sobre mim, meus olhos estão pesados e sinto que poderei perder a consciência, sozinho, sem rumo, sem ninguém no meio da rua.
Olho para cima e fica difícil enchergar, os pingos da chuva caem no meu rosto e vejo alguém falando qualquer coisa que não consigo escutar. Parece um anjo, é como se estivesse aqui para me salvar, tem um sorriso encantador e me sinto totalmente hipnotizado.
Mas de repente tudo fica totalmente escuro.
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Na Passarela Do Amor (KaoEarth) - Concluído
FanficFanfic inspirada nos personagens da série Until We Meet Again, Korn e In. Porém aqui usei os nomes reais dos atores Kao e Earth. É tudo ficção tá! $$$$$$$$$$$$$$$$$$ Há tanta coisa que a humanidade não consegue explicar, mistérios que a vida nos a...