Capítulo Dez - Kao

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Capítulo Dez – Kao

Assim que o meu chefe chama-me para a sua sala, entro em pânico, e não descarto a possibilidade de ter perdido o meu bendito emprego. Penso em inúmeras justificativas quanto ao meu atraso, porém se eu mentir ele saberá, e se eu disser que passei a noite cuidando de um colega de trabalho, poderei colocar em risco o emprego do Earth.

‟Direi qualquer coisa, desde que não prejudique a pessoa que me ajudou a chegar até aqui. ˮ – penso nervoso.

Abro a porta e, assim que ele se senta na sua cadeira, dá-me permissão para fazer o mesmo. Minhas mãos suadas e o nervosismo são evidentes, ele olha para mim com curiosidade e talvez um pouco de tristeza. Sua espressão facial me deixa confuso e ainda mais nervoso, porém tento manter a minha postura calma, assim como minha mãe sempre me ensinou.

─ Como vai o seu pai Kao? – sua pergunta me surpreende, mas o respondo no instante seguinte.
─ Ele está bem agora.

─ Talvez não se lembre de mim, mas eu e o seu pai fomos... Fomos muito amigos. – ele faz uma pausa e pega um copo com água. Vê-lo assim, sinto que ambos estamos nervosos, apenas não sei a razão do seu nervosismo. – Nos afastamos por conta de algumas coisas que aconteceram entre a minha mulher e a sua falecida mãe. E assim que eu soube do acidente, eu tentei me aproximar, mas o seu pai não quis, eu o entendo, pois era um momento duro para a família. Mas agora eu quero que saiba que estou disposto a ajudá-los.

─ Muito obrigada senhor. Mas enquanto estiver a trabalhar, eu mesmo cuidarei do papai e da Sao. Agradeço pela ajuda, mas já temos muitas dívidas e não pretendo criar mais.

─ Certamente herdou muita coisa do seu pai. Ele sempre foi determinado e sério nos seus projetos. – ele fica em pé, se aproxima de mim e termina. – Você e o meu filho eram tão próximos, e agora me surpreende que continuem com a amizade. Fico feliz!

Não sei de quem ele se refere, mas tenho a certeza de que não me lembro do tal filho. Conheço os pais de todos os meus amigos, mas nenhum deles é filho do meu chefe. Ele percebe que estou em dúvida sobre as suas palavras e sorri. Estou tão nervoso que não consigo me mexer da cadeira. Volta a pegar no copo com a água e bebe do líquido todo, coloca o copo sobre a mesa e procura uma pasta com documentos.

─ Sua imagem nos rendeu muito em apenas alguns dias, os parceiros gostaram e gostariam muito que representasse a marca de alguns deles. O seu trabalho e o seu salário aumentarão, quero seriedade e muita dedicação.

─ Pode confiar em mim senhor. – não consigo esconder a emoção e ele sorri.

─ Quando você tinha seis anos protegia o meu filho das outras crianças, agora que vocês voltaram a se ver, eu quero que continue cuidando dele como antes. Estamos entendidos?

─ De qual filho o senhor se refere? Eu não me lembro.

─ Do Earth! – diz e fico confuso. Ele o chama de patrão ou chefe e, além disso, nunca me disse que esse era o seu pai. – Meu filho não te disse? Se você não se lembra dele imagina o Earth que tinha apenas 4 anos? – sorri após concluir sua frase. – Bem! Já pode ir trabalhar, é tudo.

Agradeço novamente e me retiro da sala. Após fechar a porta, eu respiro fundo e tento assimilar tudo o que o meu chefe disse. Primeiro sobre ter sido amigo dos meus pais, segundo sobre o Earth ser o filho dele, e por fim algo que creio ser inacreditável; o Earth e eu nos conhecemos há muitos anos e eu o protegia? Como isso é possível se não consigo me lembrar dele?

Vou ao estúdio e o vejo conversando com o P' Win. Paro por um instante e percebo que o meu instrutor olha para o meu amigo como se o desejasse. Isso me deixa chateado, mas depois me aproximo dos dois.

Na Passarela Do Amor (KaoEarth) - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora