Capítulo três - Kao

438 70 13
                                    

Capítulo três – Kao

Abro meus olhos devagar e sinto minha cabeça doer, ainda deitado percebo estar num lugar estranho. Tento lembrar o que aconteceu, ou como eu vim parar aqui, mas nada me vem em mente. Sinto o corpo doer e percebo estar deitado num sofá, levanto-me do mesmo e vejo tudo ao meu redor girar, de imediato me sento no sofá para recuperar-me.

─ Sawadee krap. – me viro e vejo alguém se aproximar. Ele sorri para mim, seu rosto é semelhante ao do anjo que vi antes de apagar.

─ Sawadee. – respondo ainda sem entender por que ele decidiu ajudar um estranho que pode ser um bandido.

─ Como se sente? – ele se aproxima e passa sua mão na minha testa.

─ B... Bem. – respondo ainda exitante. Porém ele sorri para mim como se me conhecesse.

Ele sai da sala e volta com uma tigela de sopa, o cheiro é agradável. Senta-se ao meu lado e pede para eu abrir a boca. Não entendo como ele pode tratar tão bem uma pessoa desconhecida.
Eu me ofereço para segurar a tigela, mas ele nega alegando que eu não estou pronto para fazer esforço. Deixo ele me dar a sopa na boca, está muito deliciosa e agradeço em pensamentos por ter sido encontrado por um anjo como ele. Assim que termino, ele sai novamente e volta sem a tigela. Sorri para mim e fico sem graça, viro meu rosto para o chão e olho novamente para ele.

─ Obrigada. – digo a ele e viro meu rosto novamente envergonhado.

─ De nada! – diz ainda sorridente.

Suas bochechas são tão bem desenhadas, seu rosto é angelical e sua boca parece-me fofa. É incrivel como ele é lindo quando sorri, é como se não tivesse problemas na sua vida. – Você ficou molhado, inclusive molhou o meu sofá.

Diz traquilo e me sinto mal por ter molhado seu sofá. Levanto-me devagar para ver se posso fazer algo, mas ele segura minha mão me impedindo.

─ Hey! Não se preocupe, eu resolvo mais tarde. Você precisa de um banho e roupas secas. – ainda segurando minha mão conduz-me em direção ao banheiro. – Você é mais alto que eu, mas acho que tenho algumas roupas que sirvam, assim que terminar entre nesse quarto e vista as roupas que estiverem sobre a cama.

Tiro minhas roupas que quase secaram no meu corpo e ligo o choveiro. Sinto a água percorrer pelo meu corpo relaxando-me. Apesar de ter desmaido no meio da rua durante a tempestade eu me sinto com sorte, ter sido encontrado por uma pessoa simpática como ele foi uma grande sorte.
Como se não fosse o bastante, ele é lindo. Seu olhar é extremamente marcante e inesquecível. Mesmo sendo um completo estranho para mim, sinto-me bem ao seu lado, ele tratou-me tão bem que parece que estou dentro de um sonho.

Termino o banho e caminho até o quarto que o anjo me mostrou minutos antes. Enquanto não souber o seu nome, ele será um anjo, porque foi isso que pensei assim que o vi.

♠♠♠♠♠♠♠♠♠♠♠♠

Saio do quarto e o encontro sentado no outro sofá, ele segura os meus documentos e assim que os vejo me lembro de Sao. Minha irmã deve estar preocupada neste momento e tentando sobreviver ao lado do meu pai que está embriagado como sempre.

─ P' Kao! – ele diz olhando para mim. Como esse olhar é encantador! – Eu olhei nos seus documentos, foi apenas para saber o seu nome caso algo acontecesse.

─ Está tudo bem. Muito obrigada por tudo, eu prometo devolver suas roupas amanhã. Mas agora eu preciso ir para minha casa.

─ Ainda está a chover, eu o levarei por segurança.

Neste momento não tenho como recusar sua oferta, preciso voltar para cuidar da minha família. Infelizmente mais uma vez eu não consegui nenhum trabalho, minha irmã deve estar esperançosa, porém a deixarei decepcionada novamente. Minha vontade agora é de enterrar-me vivo de tanta vergonha que estou. Como poderei pagar pelos estudos de Saowalee se não encontrar um emprego?
Volto minha atenção no garoto diante de mim e ele me entrega os documentos e caminhamos até a saída. No carro me sinto um pouco desconfortável, mas assim que vejo seu sorriso novamente decido relaxar. Esse sorriso acaba comigo, nem eu sei por quê.

Dou-lhe o endereço da minha casa e ele começa a conduzir.

─ Você conseguiu encontrar trabalho? – olho para ele admirado, mas ele sorri e continua. – Vi cópias do seu curriculo junto com os outros documentos, por isso conclui que esteve à procura de trabalho. – Apenas olho para ele sem dizer nada, como é possível falar com um estranho naturalmente?

Eu sempre fui um pouco fechado, não que não goste de falar com as pessoas, o problema é que depois da morte da nossa mãe muita coisa mudou. Precisei crescer para cuidar de Sao por que o nosso pai nos culpou desde então por tudo que aconteceu.

─ Infelizmente não! De novo. – minha voz sai expressando meu desespero e falta de esperança.

─ Você é alto e lindo, tem um corpo muito atraente. – diz e eu não consigo entender aonde ele quer chegar. – Já pensou em ser modelo?

─ Não! – respondo e ele para o carro a poucos minutos da minha casa.

─ Eu posso procurar uma vaga na agência onde trabalho. Se eles gostarem de ti como eu gostei, com certeza eles irão chamá-lo. – fala como se tudo fosse tão fácil quanto parece. – Posso sugerir ao meu chefe para que trabalhe comigo.

Penso em recusar, não posso me aproveitar tanto assim da sua bonsade. Mas olhando para ele, não acredito que já trabalhe, deve ser três ou quatro anos mais novo que eu.

─ Você fez o suficiente por um estranho, eu agradeço, mas não posso aceitar.

─ Eu estou fazendo isso por mim, preciso de alguém com as suas qualidades para ser modelo e se conseguir, eu terei um aumento.

─ Tem certeza de que não está fazendo por pena de mim? – pergunto e ele acena a cabeça em afirmação. Se ele estiver falando a verdade eu irei aceitar, além disso, é pela minha irmã. Sao quer fazer faculdade e eu sou o único responsável por ela.

─ Estou fazendo porque eu preciso ter esse aumento, meu chefe é muito chato ás vezes por isso quero mostrar a ele que sou capaz.

─ Tudo bem! – digo e ele sorri. Liga o carro e continuamos até que finalmente chagamos. – Qual é o seu nome?

─ Earth Katsamonnat!

─ Onde eu devo encontrá-lo?

─ Me dê o seu contato, amahã de manhã te dou todas as informações.

Dou a ele o meu contato e desço do carro, ainda chove e saio correndo para dentro de casa. Encontro minha irmã deitada no sofá, provavelmente ficou a minha espera até adormecer. Levo-a até o quarto e assim que a deixo na cama saio devagar para não acordá-la.  

No meu quarto me jogo na cama pensando na sorte que tive após cair desacordado no meio da rua. Talvez o pedido da minha irmã tenha sido realizado, nossa mãe deve ter ajudado.

Na Passarela Do Amor (KaoEarth) - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora