Na Passarela Do Amor (KaoEarth) - Concluído

Capítulo Nove - Earth

Capítulo Nove – Earth

É como se a raiva que senti por ele ao ver a notícia tivesse sumido. Encaro-o e sinto toda a paixão arder em mim, eu sei que está errado, mas não tem como deixar de amar de um dia para o outro. P' Dew devolve o olhar intenso e assusto-me ao sentir a sua mão sobre a minha em cima da mesa. Embora estivesse nublado, senti um calor intenso me invadir e, estou certo de que, se Tar me visse assim com o homem que me magoou tanto, ele me jogaria um balde de água gelada. Porém fico firme, solto a minha mão e o encaro com raiva. Lembrar-me da imagem dele com aquela mulher me enche de dor e mágoa.

─ Por que P'? – o questiono e sinto uma lágrima lutar para cair de um dos meus olhos.

─ Eu não a amo, o meu pai obrigou-me. – diz nervoso. Ele se aproxima e sussura. – Ele soube sobre nós e me obrigou a casar com a Dao.

─ Você devia enfrentá-lo.

─ Meu pai ameaçou machuca-lo meu amor, por isso fiz o que ele mandou. Eu te amo Earth, mas não podemos mais nos ver com a mesma frequência. – ele volta a segurar a minha mão e me olha com muita paixão.

Eu acredito nele. Seu pai é duro, assim como o meu. E o que torna as coisas mais complicadas entre nós é o fato dos dois serem inimigos. Nunca se deram bem, nossa relação deixaria as coisas ainda piores.

Além disso, sua explicação me parece sincera, mas suas palavras são inacreditáveis. Ele está sugerindo que continuemos juntos, mas que seja mais escondido do que antes? Eu o amo, mas isso faria de mim oquê?

O garçom aparece e Dew solta a minha mão de imediato. Essa situação me entristece, pois isso faz de mim uma pessoa muito baixa e a última opção da pessoa que eu amo.

─ Já sabem o que vão comer? – pergunta o rapaz.

─ Eu não vou comer nada agora, estou à espera de um colega de trabalho. Pode trazer apenas um café. – respondo.

─ O mesmo para mim, por favor. – diz Dew. O garçom se retira e o P' continua. – Você me perdoa por não ter dito nada?

─ Eu estou muito magoado P, me deixa pensar.

─ Eu te amo Earth... Vamos continuar juntos. Mas dessa vez podemos nos ver com mais cuidado para que, os seguranças do meu pai não nos vejam juntos.

─ Está me propondo a ser o seu amante? – sinto muita dor apenas por pensar nessa possibilidade. Bem... Eu já era seu amante, eu só não sabia.

─ Claro que não meu amor! Você é o único que amo, mas já sabe que os nossos pais jamais nos deixariam ficar juntos.

Antes mesmo de dizer alguma coisa o garçom volta com o nosso pedido. Ficamos no silêncio até ele sair.
Enquanto tomamos o café, eu analiso melhor a sua proposta. Eu o amo muito e não sou capaz de ficar sem ele. Sem o seu amor. Pode até me magoar ainda mais, porém pelo menos o terei comigo.

─ Tudo bem! – concordo. Ele sorri e eu também.

─ Não diga nada ao Tar. Ele pode te impedir de ficar comigo... Seu amigo já não me suporta, imagina agora com esse... Com esse mal entendido.

Meu celular vibra e me assusto. Tiro ele do bolso e verifico quem mandou a mensagem.

P' Kao “Já terminei, ainda está no Restaurante?”.

Eu ‟ Sim, estou a sua esperaˮ.

─ Você precisa sair daqui Dew. – digo muito nervoso. Kao passou a noite inteira comigo preocupado. Se ele vir o Dew aqui irá se decepcionar comigo. – Um amigo meu está vindo e não quero que te veja.

─ Ok! Eu te ligo está bem?

─ Ok, agora vai.

Dew pagou o café dos dois e saiu apressado. Consigo vê-lo sair do restaurante e fico aliviado.

A partir de hoje terei que esconder dos meus amigos a minha relação com o Dew. Eu entendo o seu lado, nossos pais são duros conosco e, me surpreende que o meu ainda não tenha arrumado uma noiva para mim. Ele sempre me cobrou e, eu pagava algumas meninas para se passarem por minhas namoradas. Meu pai diz que na juventude era um grande pegador e se orgulha disso. Tudo que quer é me tornar igual a ele.

Poucos minutos depois P' Kao entra. Procura por mim e me encontra com facilidade, pois o restaurante não está muito cheio. Assim que chega a mesa ele se desculpa por me fazer esperar.

─ O importante é que está aqui. – Kao abre aquele sorriso perfeito e fico sem graça. As imagens embaraçosas de hoje de manhã me veêm em mente e sorrio.

─ O que foi? – pergunta sem entender a minha reação.

─ Tudo seria mais fácil se eu tivesse conhecido você primeiro. – Kao abaixa o rosto e me preocupo. Talvez eu tenha dito alguma besteira. – Quer dizer... Se você gostasse de mim... Se me amasse como... Como o bom amigo que é.

Ele volta olhar para mim com uma cara séria. Estou tão preocupado que já não sei o que fazer. Chamo o garçom e faço o meu pedido. Kao pede o mesmo e, o rapaz retira as xícaras de café da mesa e sai.

Ficamos sem dizer nada um para o outro por alguns minutos e, confesso que nunca me senti não constrangido como estou agora. Eu não sei o que disse de errado, mas espero que Kao não se afaste de mim por isso. Não agora que eu o conheci e estou feliz com a sua amizade.

─ Como foi o ensaio fotográfico? – tento iniciar uma conversa, mas Kao não me responde. – Eu disse alguma coisa errada?

─ Com quem esteve Earth?

Sua pergunta me deixa muito assustado. Não sei como ele advinhou. Ou talvez estivesse lá fora me vendo quando enviou a mensagem? Ainda bem que ele não conhece o Dew, senão eu ficaria envergonhado.

─ Ninguém importante.
─ Quem? – insiste.

─ Um fornecedor de produtos.

Tudo o que eu mais desejo agora, é que o Kao tenha acreditado em mim. Não ter conhecido o Dew me favorece no momento, por isso ele pode não desconfiar que fosse ele.

Depois do almoço, eu e Kao voltamos ao meu apartamento. Ele está calado, como sempre, mas o importante é que não está mais desconfiado de mim. Vou para o quarto me trocar e ele fica na sala. Por causa do frio, eu coloco uma roupa mais confortável e, por fim, calço chinelos.

Na sala o encontro falando ao celular com alguém e, decido não perturbá-lo.

─ Não se preocupe, eu vou dormir em casa hoje. – a pessoa do outro lado da linha fala e depois ele responde. – Também te amo. Cuida bem dele está bem?

Kao desliga o celular, eu me aproximo e, por fim sento no sofá com ele. Não resisto e, deito a minha cabeça nas suas pernas e ele acaricia os meus cabelos. Sinto uma vontade quase descontrolável de saber quem era ao celular, mas acontece que ele não me deve explicações, por isso desisto.
Se ele tivesse surgido antes, eu teria o conquistado e agora ele seria meu. Kao me parece uma boa pessoa, leal e que faria feliz a pessoa que ama. Se eu tirasse o Dew dos meus pensamentos seria bom.

─ P'?

─ Diga!

─ Você se apaixonaria por mim? – o questiono com receio.

─ Qualquer um se apaixonaria por ti Earth.

─ Quero saber se você se apaixonaria.

─ Não sei, mas talvez um dia eu consiga responder.