JayEu deveria voltar para Honolulu no sábado de manhã por causa de uma conexão na Flórida e em Bahamas, mas por sorte, consegui ser transferido de última hora para um voo mais cedo com uma conexão pequena. Resolvi não avisar os meus pais, para pegá-los de surpresa, eles com certeza ficariam muito felizes.
Vim a viagem inteira ouvindo Ed Sheeran, e por mais que eu tentasse, ela não saía da minha cabeça. Agi por impulso fazendo aquela publicação, eu não sabia se a intenção dela era colocar aquela legenda por causa de mim, mas a minha foi. Eu havia passado as férias inteiras atualizadando o instagram dela por um perfil fake, confesso. É muito difícil pra mim, eu não posso simplesmente fazer o que eu quero ou devo. Ela é a irmã mais nova dos meus dois melhores amigos e isso me persegue o tempo todo há anos.
Cheguei na cidade um pouco antes das 19h, e combinei com meu amigo Patrick pra me buscar no aeroporto. Ele me deixou um pouco antes de casa, porque eu queria chegar de mansinho e surpreender meus pais. Mas uma casa antes da minha, ficava a dela; parei em pé bem na frente, com a mochila nas costas e uma mala na mão.
O quê eu estava fazendo? Abri a mochila, e tirei de dentro um chaveiro. Nele tinham um táxi, a cabeça da estátua da liberdade e o Empire State Building. Sim, eu havia comprado pensado em dar de presente pra ela, eu sabia que ela tinha feito aniversário, e no mesmo dia estava andando pela Times Square, ouvindo "Castle on the hill" e quando vi uma banquinha de lembranças, me senti obrigado a ir até lá e comprar.
Larguei minhas coisas no gramado, peguei algumas pedrinhas pequenas de cascalho que haviam no jardim e comecei a atirar na sua janela, morrendo de medo de ser pego. Joguei 4 vezes, mas não obtive resposta em nenhuma então resolvi desistir e ir pra casa, um tanto decepcionado pois já estava imaginando uma cena de filme.
Meu objetivo era uma trégua, eu havia começado um namoro do nada com Heather e ela beijou meu maior rival na frente de toda a escola, e eu só queria selar a paz e pedir que ela parasse de birra e voltasse a ir no meu carro pra escola. Era basicamente isso, já que não podia ser mais nada.
Entrei em casa sem fazer barulho na porta e da sala comecei a chamar:
-Mãe, pai?
Ou eles estavam na cozinha, ou estavam no andar de cima. E foi aí que para a minha surpresa, assim que entrei na cozinha a vi de pé comendo um sanduíche no balcão. Meu coração acelerou e eu não podia acreditar que era ela bem na minha frente, na minha casa.
-Beverly?!
Beverly
Fiquei completamente paralisada, e larguei meu sanduíche no prato feito uma boba, o nervosismo me consumiu.
-Você não ia chegar amanhã? -foi a única coisa que saiu.
E logo fui salva pelo gongo, porque antes que ele pudesse me responder os pais dele desceram as escadas completamente emocionados e felizes por vê-lo, como eu também estava. Uma chuva extremamente forte começou.
-Meu filho! -exclamou Dona Lottie o abraçando.
Logo ele explicou todo o ocorrido e o motivo de não ter avisado, seus pais queriam muito lhe dar atenção naquele momento mas estavam atrasados. E eu ali de intrusa me sentindo levemente desconfortável, apenas procurando uma brecha pra sair dali.
-Então estamos indo lá, nos desejem "boa sorte" pra que dê tudo certo! -pediu.
-Boa sorte! -dissemos ao mesmo tempo, e nos olhamos um pouco sem graça.
-É bom que a Beverly está aqui e faz um pouco de companhia pra você. David pega o guarda chuva, temos que entrar rápido no carro!
Mais uma vez ela me agradeceu e se despediu, saindo os dois no meio da chuva para o compromisso, deixando eu e Jay sozinhos. E ainda por cima eu estava ilhada por conta da chuva.
-É...O seu pai fez esses sanduíches pra gente, você deve estar com fome. -disse, empurrando o prato em sua direção com as mãos trêmulas.
-Ah valeu, eu tava com fome mesmo. -respondeu sem graça.
Eu só queria acabar logo aquele sanduíche pra dar o fora dali, eu estava nervosa demais e não tinha assunto nenhum pra falar, além de ainda sentir vergonha de estar na presença dele por causa do jogo.
-É, Beverly eu...Eu tenho uma coisa pra você. -Informou ele, passando a mão na cabeça, desajeitado.
-Ahn, pra mim? -falei quase me engasgando com o último pedaço de pão.
Ele sinalizou positivamente com a cabeça e foi até a sala, voltando com algo na mão, vindo em minha direção.
-Pra você. -disse, segurando um lindo chaveiro dourado com símbolos de Nova Iorque pendurados.
-Ah-ah Jay...É lindo! -elogiei quase sem fala pela garganta seca, pegando da sua mão.
-E eu quero te pedir pra você voltar a ir no meu carro, digo, com a gente, pra escola. -pediu quase gaguejando, aparentemente eu não era a única à beira de um ataque de nervosismo.
Estava concentrando meu olhar no chaveiro que estava na minha mão para não olhar diretamente em seus olhos, mas quando ele me pediu isso, levantei a cabeça sorrindo, não havia outra maneira de me expressar.
-É-é tá bom, claro! -exclamei.
-Tá-Tá bom então. -respondeu sorrindo, bobo.
Parecíamos duas crianças que estavam aprendendo a falar. Era bonitinho, mas lembrar é vergonhoso.
-Então, eu já vou indo pra minha casa. Tchau! -informei, ficando na ponta dos pés pra lhe dar um beijo na bochecha e virando rapidamente para sair.
-Ei, espera! -gritou vindo atrás de mim. -Tá chovendo Beverly! -continuou já da porta, quando eu acabará de passar por ela.
-É só água Jay! -respondi rindo, correndo para casa. Feliz.
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𝐑𝐄𝐈𝐒𝐄𝐍𝐃𝐄𝐑 ➳
RomanceREISENDER: O primeiro amor sempre será o primeiro Beverly se apaixonou por seu vizinho de janela, Jay, desde o dia em que se mudou para o Havaí. O que ela não sabia, era que sua paixão platônica e proibida pelo melhor amigo de seus irmãos mais velho...