⊱ Capítulo 03 ⊰

5.2K 502 219
                                    

S/n


Não passam das 9 horas da manhã e já tem dois malucos me atazanando.

Por Merlin.

– Lovegood? Sério? – Draco dizia indignado, me perseguindo pelos corredores.

Ambos passaram os últimos minutos ressaltando o quanto ela e a família são malucos.

A família não posso discutir, mas Luna não parece tão horrível assim!

Quer dizer, ninguém pode ser julgado por um par de brincos.

Em qualquer situação, você seria a primeira a fazer isso, idiota.

Talvez nabos não fossem a escolha ideal para acessórios, mas quem somos nós para julgar?

E de algum jeito bizarro, combinaram perfeitamente com a loira.

Na verdade, Luna era por si só muito bonita, então acho que continuaria assim até vestindo um saco de batata.

– Agora vou ter que fazer o trabalho com Draco, muito obrigada! – Pansy ressaltou ao meu lado, me dando um breve susto. Por um momento esqueci que estavam ali ainda.

–Merlin, como vocês dois reclamam! – Parei abruptamente, fazendo ambos pararem também.

– Quem vai reclamar agora é você, anjinho. – Parkinson deu um sorriso maligno. – Aula de Trato das Criaturas Mágicas, não é? Boa sorte com aquele horror.

A garota não nos deixou responder, se despedindo com um tapinha no ombro de ambos e seguindo para a escada leste.

Crabbe e Goyle vieram em nossa direção, acenando.

Assim que Draco os viu, suspirou em alívio tirando sua mochila dos ombros e entregando a um dos guarda-costas. Em seguida arrancou a minha de mim, jogando contra Crabbe.

O loiro deu um sorriso leve quando passou seu braço sobre meu ombro, me puxando para mais perto e começando a caminhar para fora do Castelo.

Criaturas Mágicas, ótimo. Não deve ser muito diferente do Brasil.

Aprendi diversas coisas sobre Magizoologia em um tempo recorde enquanto estive lá. Consigo me lembrar perfeitamente do calor de 40°C enquanto Anderson, nosso professor extremamente lindo, explicava sobre como deveríamos interagir com cada grupo de criaturas.

Segundos antes de um maluco da Nomphyrian entrar na frente de um Hipogrifo e quebrar o braço...

Sorri sentindo a brisa da manhã bater em meu rosto, me sentindo confiante para essa aula.

•••

A turma era formada por sonserinos e grifinórios, a pior junção, aparentemente.

Da pequena escada de pedras que levava até o local que seria aplicada a matéria, era possível ouvir pequenas discussões, o que só piorou quando Draco começou a empurrar grupos de alunos, que o impediam de chegar a frente do professor.

Eu caminhava ao seu lado  dos garotos com expressão neutra, tentando concentrar unicamente no barulho que meus coturnos de salto faziam em contato com as rochas.

Blase estava ereto, dando passos curtos com sua elegância e charme habituais.

Os dois idiotas nos seguiam de nariz empinado, como se fossem o último pudim da sobremesa.

Quem ministraria a aula era o mesmo homem de cabelos despenteados que me auxiliou no jantar noite passada.

O assunto do dia eram Grindylows; demônios aquáticos com pele verde, tronco com dois braços e tentáculos na parte de baixo e dentes pontiagudos.

– O Lago Negro abriga algumas dessas criaturas... – Ele diz mexendo em uma caixa escura – Mas não é recomendado chegar perto deles, em nenhuma hipótese! – Hagrid completa rapidamente, ao observar alunos sorrindo largo.

O homem abre a caixa, revelando um Grindylow pequeno, que até o momento nadava alheio a situação.

– Isso é uma piada, não? – Draco interrompe falando alto. – Diz para não chegarmos perto e nos mostra um? Meu pai vai ficar extremamente feliz quando lhe escrever sobre esse show de horrores mortal.

Malfoy exibia um tom sarcástico, olhando para seus amigos com presunção.

– Bem, eu... achei que seria interessante... – Hagrid começou, mas parecia perdido nas palavras, optando por abaixar a cabeça.

– Cala a boca, Malfoy! – Uma garota da Grifinória com cabelos encaracolados gritou.

– Quem ousa ordenar-me tal coisa? – O loiro olhou em volta com uma mão no peito de forma dramática. – Ah, tinha que ser a trouxa imunda. – Completou, passando os olhos pela menina e arrancando risos de parte da turma.

Isso embrulhou meu estômago de tal forma que seria impossível colocar em palavras.

Oito anos e ele nem aquela família evoluíram 1% esse pensamento retrógrado, Merlin.

– Cala a boca, Draco. –Falei mantendo meu timbre firme e normal.

A classe se calou de imediato. Agora todos olhavam atentamente para nós.

– O que disse, querida?

– O que você ouviu, porra.

– Não está defendendo a sangue-ruim da Granger, está? – O garoto me olhava com fixação enrugando a testa.

– De termos supremacistas nojentos igual esses? Ou pessoas preconceituosas nojentas igual metade dessa sala? – Sorri de canto, tentando ao máximo não transparecer o ódio que sentia.

Draco direcionou sua visão para meus olhos, sorrindo amplamente em diversão.

– Acredito que como membro de duas das famílias mais conservadoras do mundo bruxo, não deveria se arriscar falando desse jeito, darling.

Malfoy deu um passo para frente.

– E você, sabendo que minha mão pode voar a qualquer momento em direção a sua fuça, não acho boa ideia se arriscar tanto, loirinho.

Dei um passo em sua direção também, nos fazendo ficar a um palmo de distância. Ambos tínhamos sorrisos de quem está prestes a se beijar ou sair no soco em questão de segundos.

Se Merlin quiser, a segunda opção.

– Crianças... Parem por favor. – Hagrid colocou um braço entre nós, nos obrigando a recuar.

Ainda mantinhamos o olhar fixo, até um grito extremamente agudo fez todos desviarem a atenção para onde vinha a voz.

Um imbecil da Grifinória havia aproveitado a distração e colocado um dedo na caixa. Aparentemente o Grindylow havia acabado de receber o almoço adiantado.

A água estava vermelha e o garoto chorava segurando sua mão firme, enquanto a criatura o encarava com os olhos esbugalhados brilhando.

Hagrid deu um pequeno pulo no lugar, se pondo a correr até o moreno desdedado.

– Vou levar ele para a enfermaria, classe dispensada! – Disse exasperado, enfiando a caixa recém tampada embaixo do braço e guiando o grifinório escada acima.

Diversos alunos se puseram a gargalhar guardando seus pergaminhos nas mochilas.

Zabini secou uma lágrima que corria na metade de sua bochecha esquerda, logo enganchando seu braço ao meu e o outro em Draco, que não havia desfeito seu sorriso presunçoso, nos levando novamente rumo ao imponente castelo.

Teoria da branca de neve || Gêmeos WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora