⊱ Capítulo 04 ⊰

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S/n

Caminhei pelos largos corredores da escola, equilibrando um mapa velho da propriedade, que parecia querer se desfazer em pedaços a qualquer momento.

Poderia jurar que aquilo tinha, no mínimo, sido feito após a construção do castelo, porque é impossível tantas paredes sem portas e escadas que nem existem mais.

Dobrei o pergaminho de qualquer jeito, enfiando-o na mochila. Não preciso de nenhum mapa, sou plenamente capaz de chegar a uma droga de biblioteca sozinha.

Segui em direção a um conjunto de escadas brancas, rezando para darem em algum lugar útil, só pela quantidade de degraus que teria de subir.

Após dois lances, aquele negócio bizarro começou a se mexer, mudando a rota e me fazendo agarrar o corrimão.

Só pode ser brincadeira.

Entrei no corredor que me aguardava no topo, olhando para todo cômodo que parecesse minimamente uma biblioteca com esperança.

— Perdida? — Pulei ao ouvir uma voz soar perto do meu ouvido.

Virei com uma mão no coração, encontrando as mesmas duas figuras iguais do outro dia no Ministério.

— Merlin, vocês sempre surgem do nada assim? — Acusei, respirando fundo a fim de acalmar meus batimentos cardíacos.

— Aonde vai? — O que identifiquei como George no episódio anterior, perguntou ignorando meu comentário.

— Explodir um banheiro no 5° andar, querem vir? — Contornei com ironia.

— Tem certeza que sabe onde é o 5° andar? — O outro desconhecido sorriu divertido.

Revirei os olhos, apertando a alça de minha mochila.

— Sabem onde é a biblioteca? — Questionei, me rendendo a situação.

— Claro! — Agradeci mentalmente, esperando receber a localização de uma vez por todas. — Te acompanhamos até lá.

Meu sorriso murchou mais rápido do que apareceu. Assenti, voltando a caminhar ao lado dos ruivos.

— Então, você é intercambista do Brasil? — Olhei surpresa para o não-George, estreitando os olhos em seguida. — É o que todos estão dizendo por aí.

O garoto soltou um assovio ao dobrarmos uma esquina.

— Ignora o Fred, ele não pode ver uma rodinha de fofoca que já entra no meio. — George me ofereceu um sorriso gentil.

Gargalhei diante da careta feita por Fred, ao perceber a acusação sobre ser fofoqueiro.

— Tudo bem, sim, eu sou do Brasil. — Balancei a mão no ar, sentindo o clima mais leve.

— E é verdade que eles tem a melhor maconha bruxa do mundo lá? — O grifinório me olhou repleto de expectativa, rebendo um ruído de desaprovação do irmão. — O que foi? As pessoas passam muitas informações falsas hoje em dia, não custa perguntar!

— Não sei se posso te dar essa resposta legalmente — Respondi franzindo as sobrancelhas — Mas também nunca experimentei nenhuma de fora, então não posso falar com precisão.

Fred sorriu convencido para o outro gêmeo, que por sua vez bateu a mão contra a testa, balançando sua cabeça em negação.

— Nem por isso... — Continuou, puxando a mochila até alcançar o zíper. — Acho que tenho alguma coisa ainda e...

O garoto parou ao receber um sonoro tapa no braço de George, arrumando a bolsa em suas costas novamente e levantando as mãos em sinal de rendição.

— Tudo bem, já parei. Só queria dizer que a garota esta indo estudar Georgie, em plena segunda. — Apontou para mim, falando como se não estivesse mais ali. — Isso — Girou seu dedo para a própria mochila — é bem mais divertido que aquilo.

Fred apontou para a biblioteca ao fim do corredor com indignação, como se tivesse que explicar o óbvio para seu irmão.

George encontrou meus olhos em tom de suplica para dizer algo que calasse o outro poste ao meu lado.

Dei de ombros não segurando outra gargalhada, que dessa vez foi rapidamente acompanhada pelos dois, acabado com a breve discussão.

Levei um longo momento apreciando o quanto ambos ficavam lindos com aqueles sorrisos, inclinando a cabeça para frente e mexendo os cabelos ao afasta-los dos olhos.

Balancei a cabeça, afastando esses pensamentos e voltando meu foco para a grande porta que se projetava em nossa frente.

— Entregue, lindinha. — George disse, fazendo uma reverência esquisita.

Ri de sua infantilidade, me despedindo com um rápido aceno e entrando na biblioteca.

Varri o local com os olhos a procura de Luna, mas nenhum sinal. Aproveitei para pegar alguns livros que julguei úteis, indo em busca de uma mesa vazia.

O local estava lotado, não havia uma mesa sem algum indivíduo ocupando. Avistei uma com apenas um garoto aleatório perdido em livros. Ok, as mesas são grandes, da para dividir.

Eu espero.

Caminhei até ele, sentando algumas cadeiras de distância e começando a ler algo sobre constelações.

Cinco minutos daquilo e minha cabeça viajava para qualquer outro pensamento que não fosse a matéria, até um suspiro pesado me trazer de volta.

— Pode me emprestar um tinteiro, por favor? — Questionou o garoto aparentemente lufano, esfregando as têmporas.

Me apressei a puxar minha mochila, procurando o potinho e empurrando-o até o mesmo.

— Dever difícil? — Comentei apoiando o queixo em meu punho.

— Terrível. — Disse irritado, fechando um livro com um baque.

Animais Fantásticos e Onde Habitam — Li o título grande na capa do livro, soltando um assovio curto. — Tive prova disso ano passado, boa sorte.

O loiro voltou sua atenção para mim, com esperança dançando em seus olhos.

— Sabe a matéria? — Assenti, rindo leve ao vê-lo fazer um biquinho.

Suspirei olhando o relógio, tudo bem, não custa pagar a boa ação do dia. Sentei em sua frente, começando um monólogo sobre os pontos principais do livro. O garoto, que posteriormente descobri se chamar Cedrico, anotava tudo em um pergaminho borrado e amassado.

Quinze minutos depois Luna entrou correndo na biblioteca, arrancando olhares bravos de diversos alunos.

— Merlin, me desculpa! Perdi totalmente a noção do tempo! — Começou, apoiando as mãos nos joelhos em busca de fôlego.

Sorri compreensiva, indicando uma cadeira para a loira se sentar. Cedrico juntou suas coisas, agradecendo e sumindo porta a fora.

— Eu sinto muito mesmo, S/n. — Luna ainda parecia chateada ao buscar algo em sua mochila. — Me distrai com isso, não queria te fazer esperar tanto.

Suas mãos se ergueram com um par de brincos de nabos iguais aos seus, sendo estendidos para mim.

A olhei confusa, recebendo um sorriso timido de volta.

— Mais cedo, tinha perguntou onde eu comprei, achei que tinha gostado e fiz um para você.

Meus olhos dançaram nos vegetais pendurados pelo fio prateado, logo os pegando. Removi os pequenos diamantes que tinha em ambas as orelhas, jogando desajeitados em minha mochila e substituindo-os pelos nabos.

Balancei a cabeça exibindo os novos assessórios, fazendo o sorriso de Luna aumentar.

Voltamos nossa atenção para o dever de Astronomia, o qual conseguimos terminar bem rápido, mesmo com as pausas para curiosidades aleatórias, brincadeiras bobas e crises de risos.

Teoria da branca de neve || Gêmeos WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora