⊱ Capítulo 18 ⊰

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Narrador

O Sol havia começado a despontar no horizonte quando você saiu de casa, com nada além de uma mochila verde menta sobre os ombros. O motivo era uma carta com ortografia fina e detalhada, convidando para a festa de fim de ano na fazenda dos Weasleys, com um p.s. dizendo ser para tratar de um assunto importante. Tinha chegado pouco após o natal, trazida por uma corujinha cansada que logo fizera amizade com a da sua família, passando um bom tempo ali antes de partir, dois dias atrás. Apesar de ter uma vaga consciência de que os Weasleys já deveriam saber das condições da coruja, você ainda se deu ao trabalho de escrever um bilhete informando sobre a hospedagem do animal por vontade própria e não um possível sequestro.

Seu pai saiu logo atrás de você, ajeitando o cabelo molhado com os dedos antes de pousa-los sobre seu ombro, dando uma carona para fora da cidade. O cheiro de grama fresca e barulho de animais logo se tornou tudo o que existia em um raio de vários quilômetros, além, claro, da alta casa de madeira.

Talvez foi pelos cacarejos agudos das galinhas, mas a porta da frente não demorou a abrir, revelando uma mulher baixinha com os cabelos ruivos presos em um coque.

— Daryl! — Ela sorriu amigável, abraçando vocês. — E você deve ser a S/n, é um prazer conhecê-la, querida.

— Digo o mesmo, senhora Weasley. — Você sorriu mantendo o foco na mulher, apesar da vontade de olhar além da porta, ouvindo a movimentação repentina na escada que rangia com os passos pesados de várias pessoas ao mesmo tempo.

— Por que não entram? Arthur está terminando o café e as crianças já devem estar descendo. — Molly abriu espaço, indicando a cozinha com a mão.

O ambiente todo tinha cheiro de bolinho, café recém feito e achocolatado, boa parte do vapor ainda era visível contra o sol que entrava da janela de madeira pintada com tons de azul claro.

A conversa logo chegou ao térreo, cessando ao ouvirem um pigarro da senhora Weasley. O trio e Gina estenderam as mãos em um cumprimento amigável, mas foram tampados pelos gêmeos que tomaram a frente, disfarçando enquanto se acotovelavam para apertar a mão do seu pai.

— Bom dia, senhor Dixon. — Eles disseram ao mesmo tempo, sorrindo de lado.

— Vocês devem ser o motivo de eu assinar a dispensa mais cedo do seu pai em períodos de aula. Fred e George, certo? — Ambos assentiram, a expressão sem vacilar; enquanto Arthur se engasgava com a bebida — Olá garotos, é ótimo finalmente conhecer vocês.

Daryl cumprimentou os dois ao mesmo tempo, tornando a cena um tanto cômica. Mas logo os gêmeos se puseram a perguntar se ele aceitava algo para beber, procurando xícaras soltas pela mesa e lançando breves olhares para você, que apenas esperava aquilo acabar enquanto era servida de bolo pela dona da casa.

— Na verdade eu preciso ir — Seu pai lamentou, verificando um relógio de pulso oculto sobre a jaqueta.

— Eu vou com você — Arthur se levantou apressado da mesa, apanhando a própria maleta na sala. — Até mais tarde crianças. — Ele deu batidinhas nos ombros de todos, dando um selinho em Molly antes de ir até a porta.

Dixon depositou um último beijo em sua testa, verificando o próprio cabelo uma última vez no pequeno espelho pendurado perto da porta antes de seguir o amigo para fora.

Um puff soou e eles não estavam mais ali.

— Que esquisito, sempre pensei que Percy dormia na sua casa, na caminha do cachorro ou algo do tipo. — Gina deu de ombros, encarando o próprio prato enquanto todos riam, com exceção de Molly, que não parecia achar o comentário tão engraçado igual os filhos.

Um barulho de batida na janela calou todos, levando diversos olhares assustados até a coruja pequena que entrou voando e esbarrando no que estivesse na frente, aterrizando no centro da mesa.

— Por Merlin! — Rony levou a mão ao coração, os olhos arregalados — Achei tivesse se perdido e que a essa altura ela já estaria na Austrália.

Gina se apressou para desamarrar os pergaminhos e levar a coruja para descansar em outro lugar. Você apanhou os papéis para a senhora Weasley, que vinha em direção a eles pronta para se livrar de ambos, demorando um instante a mais tentando decorar como seu nome estava escrito no envelope. Com certeza aquela seria sua nova assinatura.

— Incrível, não é? Estivemos treinando — Fred disse baixo, não fazendo questão de conter o orgulho. — Afinal, alguém vai precisar escrever os efeitos colaterais dos produtos — sua expressão logo mudou para tédio e indignação —, porque, aparentemente, é ilegal não avisar essas coisas.

George suspirou pesadamente, balançando a cabeça em negação. O pensamento de que estavam bajulando seu pai para tirar vantagem disso lhe ocorreu por alguns instantes.

— Não entendi, não tinha sido a Mione que escreveu a carta? — Rony perguntou confuso.

— Calado, Eufrazino. — George jogou algumas migalhas de bolo no irmão, que ficou sério ao ouvir o apelido.

Mais ninguém no cômodo parece ter entendido a piada, com exceção de Harry e Hermione que não conseguiam parar de rir, o que só deixava Rony cada vez mais vermelho.

Realmente era um ótimo começo de dia.

Teoria da branca de neve || Gêmeos WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora