A fic está chegando aos 5k e eu estou muito feliz, só tenho a agradecer a todos que me deram uma chance. É tão importante pra mim ver minha história evoluindo e sendo mais reconhecida. Espero que gostem desse capítulo💛
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O dia nasceu e o sol escondeu-se por entre as milhares de nuvens cor de cinza no vasto céu, uma brisa levemente fria abraçava Soleil aquela manhã, o que influenciou Taehyung a ficar ainda mais preguiçoso pra levantar da cama.
A primavera ainda tentava expulsar o inverno rigoroso de Soleil, e ainda existia nuances de frio antes que ele se fosse realmente.
Ômegas não gostam muito de frio particularmente, estão sempre se agasalhando ou tomando chás de diferentes tipos e sabores. Quando estão formando um ninho sempre escolhem as cobertas mais quentinhas e confortáveis para se deitar em cima delas, o calor não costuma atacá-los nem mesmo em dias de verão.
Tudo o que o ômega queria era enrolar-se em seu edredom macio e permanecer deitado pelo restante do dia, não sentia a menor vontade de descer lá pra baixo e dar o ar da graça aos demais. Era confortável ficar embolado no meio daqueles panos tão macios, descansando.
Até que um desconforto tomou de conta do seu peito, causando-lhe um arrepio frio.
Quando acordou realmente e abriu os olhos, a primeira coisa que lhe veio a mente foi uma saudade absurda de Jeongguk, uma saudade tão grande que quase não cabia dentro de si. Ele estava tão longe de si, mesmo que quisesse estar perto dele, afinal, o que mais queria era abrigar o pequeno ômega em seu braços e abraçá-lo apertado até que ele dormisse com a cabeça deitada em seu peito. Seu cheirinho doce com nuances de algodão certamente o fariam dormir também.
O ômega resmungou alguma coisa e em seguida um pequeno choramingo escapou de seus lábios róseos, enquanto o mesmo se remexia de um lado para o outro em busca de algo que fosse o suficiente pra sanar tamanha falta do alfa. Abraçou com força o travesseiro macio da cama com as pernas e braços, o pequeno realmente gostava de dormir agarrando algo, principalmente seus travesseiros e almofadas.
Demorou um pouco até que a mente acordasse completamente e se desse conta da situação, mas pra sua felicidade logo encontrou um lugarzinho perdido em seu travesseiro onde o cheiro de Jeongguk se encontrava mais acentuado. Não era o suficiente, mas certamente o aliviou um pouco.
Agradeceu mentalmente pelo alfa tê-lo aromatizado bem noite passada. Seu cheiro forte ainda jazia em seu corpo mesmo depois de tantas horas, era bom que o alfa fosse um lúpus, pois graças a isso sua fragrância conseguia ser bem acentuada.
Seu narizinho raspou brevemente no tecido macio da fronha do travesseiro antes de se afundar por inteiro naquele local, somente para que tivesse mais acesso ao aroma que ainda estava ali. Era bom, muito bom. O cheiro que pertencia ao seu alfa lhe lembrava um dia de inverno, um cheirinho confortável, porém, bem acentuado, finalizando com leve tom de cerejas, um toque quase inexistente, mas ainda sim o ômega conseguia sentir. Talvez fosse o único.
Havia algo impressionante no aroma natural de Jeongguk que Taehyung não conseguia explicar ou entender perfeitamente. A única coisa que sabia era que aquele cheiro induzia sensações desconhecidas em seu ômega lobo, mexia com sua mente e o abraçava com um conforto mútuo. Sempre que estava perto dele, sentia vontade de aprofundar um abraço aconchegante em seus braços fortes. É verdade que tampouco consegue se esquecer da sensação dos braços firmes lhe envolvendo a cintura, num toque quase possessivo, mas ainda sim, carinhoso.
Jeongguk sempre iria segurar Taehyung como se ele fosse o seu mundo.
E Taehyung sempre iria permitir como se sempre tivesse pertencido a ele.
Por fim, se recordou do dia anterior e logo a lembrança lhe veio a cabeça de que a roupa que usava ontem quando viu Jeongguk estava jogada na cadeira de couro macio do outro lado do quarto. Abriu os olhos e sentou-se na cama depois de constatar isso, e um sorrisinho pequeno cresceu em seus lábios ao ver a camisa de cor clara estendida superficialmente no encosto da cadeira, tão convidativa ela estava ali, certamente o cheiro do seu alfa estava bem mais forte nela já que foi abraçado diversas vezes pelo príncipe enquanto a usava.
Por Deus, precisava ir buscá-la o quanto antes.
E estava pronto pra fazer isso quando viu a porta do quarto ser aberta e seu pai passar por ela carregando nas mãos uma bandeja com duas xícaras em cima. O ômega se esparramou preguiçosamente na cama mais uma vez e soltou um suspiro, pois agora não precisaria mais se levantar e ir até lá buscar a camisa, seu pai poderia fazer isso por si.
– Appa... – resmungou manhoso e o ouviu rir baixinho, então o lado esquerdo do colchão afundou e ele soube que se pai havia sentado ali.
– Você não me chama de appa desde os doze anos, o que você quer ursinho ? – indagou enquanto puxava o edredom de cima do filho, assim poderia ver seu rostinho melhor.
Seu pai sempre o conhecia tão bem que sequer pensava em esconder algo dele, até porque era impossível.
– Hum... – resmungou baixinho enquanto tampava o rosto com o tecido macio do edredom, só um pouco envergonhado. – A camisa... – murmurou bem baixinho, mas ainda sim seu pai foi capaz de ouvi-lo graças a sua boa audição alfa.
O mais velho sorriu pequeno e levantou-se, entendendo o que o filho estava pedindo. O alfa sabia perfeitamente como essas coisas funcionavam, o que um ômega precisava e como seu corpo ficava nos primeiros dias seguinte ao que fora enlaçado. Então apenas procurou com os olhos a peça de roupa que ele havia usado ontem e quando a encontrou jogada na cadeira, a pegou e levou até o pequeno, que agradeceu num sussurro quase inaudível.
Kyung o observou levar a camiseta até o nariz e a cheirar profundamente enquanto se encolhia entre os lençóis, como se somente aquilo fosse capaz de protegê-lo de qualquer coisa. Sabia que ele estava bem sensível e precisava daquilo pra se sentir bem, Jeongguk marcou seu lobo e era assim que eles reagiam quando eram marcados, pois como ainda não tinham se casado não poderiam ficar juntos intimamente por muito tempo, então coisas como o cheiro principalmente era um jeito de ajudá-los a passar por esses momentos onde seu lobo desejava muito a presença do outro.
De qualquer forma, a sensibilidade duraria somente uma semana, pois até lá o corpo já havia se acostumado com a ausência um do outro e a marca vai ficando mais estável, porquê depois que o ômega a ganha, seu corpo humano ainda precisa entender que seu lobo foi marcado e é um processo delicado até que as duas partes estejam inteiramente em harmonia sempre.
Kyung entendia perfeitamente bem porque aconteceu da mesma forma com sua esposa Jieun logo nos primeiros dias que a marcou na caçada. Somente depois que se casaram ela explicou como se sentiu, e então ele entendeu que seu corpo e o dela funcionavam de formas distintas justamente pela condição alfa e ômega. O ômega como ficava mais sensível por causa da marca precisava de mais cuidados que um alfa, já que o corpo alfa era mais forte, então a ausência do outro era um pouco mais doloroso para o ômega.
Lembrava-se do dia em que fora visitar Jieun na casa dela, um dia após marcá-la. Ela estava mais aberta a toques e nunca recusava quando ele chegava um pouco mais perto, ela agia como se fosse a melhor sensação do mundo, e realmente era.
Era desconfortável ficar longe por muito tempo, mas Jeongguk deveria saber que Taehyung ficaria mais sensível do que ele e assim faria o possível pra vir vê-lo, caso contrário Kyung o levaria até lá somente para o filho sentir o cheiro do alfa.
– Você gosta mesmo dele, não é ? – perguntou de forma lenta, vendo o mais novo abrir os olhos devagar e então encará-lo curiosamente.
As bochechas de Taehyung já tomavam uma coloração mais avermelhada, e mesmo que ele não respondesse Kyung saberia que sua resposta era positiva.
– Gosto muito... – ele confirmou e pôs-se a se ajeitar na cama para que pudesse sentar e ficar de frente pro pai. – Isso é normal ?
Seu pai o encarou confuso.
– Porque não seria?
– Nos conhecemos a pouco tempo e eu já gosto tanto dele, diria que até o dia do casamento talvez eu já o ame como nunca pensei em amar um alfa. Tenho essa sensação as vezes... – explicou, e em seguida baixou a cabeça para encarar a camiseta que ainda segurava entre os dedos, tentando camuflar a vermelhidão do rosto com o ato tímido. – Eu sei que a maioria dos casamentos acontecem rapidamente e por meios de contratos, mas não é natural que sentimentos nasçam tão cedo não é ? Como é possível ?
– Bom...
Kyung suspirou enquanto pensava numa boa resposta.
– Talvez seja o destino de vocês. Espero que depois de tudo o que aconteceu você entenda que tem algo poderoso envolvendo vocês dois, porque mesmo depois de tudo ficar ruim naquela noite, alguma coisa trabalhou para que vocês ainda se encontrassem. Taehyung sua caçada adiantou quase cinco anos, eu nunca vi algo parecido...
O Kim mais novo suspirou.
– Nos ainda não falamos disso... Esperava que o senhor pudesse me dar alguma resposta que explicasse isso.
– Oh meu anjo, eu gostaria de ter uma resposta! – o mais velho sorriu enquanto o encarava com carinho, pois sabia que ele estava ainda mais confuso do que si. – Mas eu prometo que vou tentar descobrir o que aconteceu, até lá fique tranquilo, tenho certeza que não é nada que possa feri-lo.
O alfa baixou a voz e encarou o chão, pensando naquela noite.
– Appa... – o mais novo chamou, mas seu pai não conseguiu encará-lo. – O senhor pode não falar, mas eu conheço o seu coração... e não quero que se sinta culpado por ter me protegido, você fez o possível por mim.
O pobre coração do seu pai palpitou dentro do peito ao ouvir tais palavras, surpreso por ele ter tocado naquele assunto tão repentinamente. Óbvio que sabia que hora ou outra teriam que conversar sobre aquilo, mas não esperava ter que fazer isso tão cedo, ainda estava processando as pontadas de culpa que lhe atingiam quando deitava na cama ao lado de sua esposa e fechava os olhos, seu primeiro pensamento era sempre a feição de dor no rosto do filho, o suor lhe pingando pelo corpo até molhar o tecido das roupas, os membros do seu corpo se retorcendo como se fosse difícil suportar a própria respiração, e os olhos opacos, buscando fixar-se em algum ponto sem conseguir fazê-lo de fato.
Era essa imagem que lhe tirava o sono, sentia-se culpado acima de tudo, porque algo na sua mente sempre apontava que era dele parte daquela culpa.
– Eu poderia ter colocado tudo a perder, e quando eu digo isso me refiro a sua vida! – exclamou com a voz banhada em pesar, recusando-se a mirar dentro dos olhos de Taehyung, que o encarava cuidadoso, temendo que ele se afastasse de si por vergonha e culpa.
– Ele não podia me marcar ali, todos nós compreendemos isso. E o senhor sabe que eu só reagi tão mal depois por conta do efeito da caçada, aquilo tudo não foi por conta da mordida sabe ? Iria acontecer mesmo se ele não tivesse tentado me marcar. – proferiu seu ponto de vista com a voz baixinha, buscando se aproximar vagarosamente dele.
Nunca pensou que tivesse que agir com cuidado ao tocá-lo. Kyung e os filhos tinham uma relação de intimidade e carinho mútuo que os de fora muitas vezes não entendia. Era completamente normal Taehyung se aproximar e deitar em seu colo quando sentia algum desconforto no corpo, porque o aroma de rosas silvestres levemente adocicado do seu pai era sempre melhor do que qualquer outro remédio, e ele sempre o abraçaria depois de ajeitar sua cabeça confortavelmente no vão do seu pescoço, e logo depois passaria a alisar carinhosamente seus fios castanhos entre os dedos.
Taehyung sempre o abraçaria e dormiria no ninho confortável que ele fazia com os melhores travesseiros e tecidos felpudos, o ninho que muitas vezes o Kim precisava para que as dores providas de seu lobo não durassem muito tempo, ele aromatizava o seu lugar mais íntimo e o deitaria lá para que ele pudesse descansar. As vezes pedia que a mãe deitasse consigo, pois também amava o cheiro confortável dela, as vezes pedia para o pai, e as vezes era Jongin a fazer-lhe companhia enquanto o abraçava apertado. Tinha algo muito especial em deitar no seu ninho com alguém da sua família dentro dele.
A proteção e o carinho exalados a si sempre agia como calmantes no seu corpo, tão poderoso ao ponto de fazer seu lobo esquecer do acasalamento que necessitava.
E ele precisava daquilo para viver bem.
– Você poderia ter se machucado muito... – a voz do progenitor saiu parcialmente quebrada, fazendo com que Taehyung logo percebesse o quão mal ele de sentia somente com aquela lembrança.
O coração de Taehyung partiu-se em milhões de pedaços.
– Não... – sussurrou baixinho quando o pai fez menção de se levantar, segurando-o pelo pulso e o obrigando- o a sentar de novo. O pequeno foi rápido em jogar-se em seu colo e lhe abraçar a cintura com as pernas como um verdadeiro bebê, o coraçãozinho batia frenético e aquilo não era um sentimento bom. – Por favor papai não se afaste de mim, por favor...
Uma dose enorme de desespero tomou conta de cada célula presente no corpo de Kyung, e ele não tardou em abraçar o filhote apertado, um braço em volta da sua cintura e a outra segurando-lhe a nuca. Não costumava fazer pedidos aos quatro ventos, mas pediu silenciosamente para que não existisse nenhuma lágrima no rosto do seu filho. Não aguentaria vê-lo chorar de novo.
– O papai nunca vai se afastar de você filhote, de onde tirou isso ? – indagou com a voz embargada.
– Você ia sair...
– Eu jamais iria deixá-lo, prefiro a morte a ter que fazer isso. – afirmou convicto, logo fazendo questão de segurar o rostinho avermelhado do seu filhote entre as mãos e lhe selar carinhosamente o nariz. – Somente... é difícil olhar pra você e lembrar do que aconteceu, mas eu nunca o abandonaria, você é minha vida.
– Eu não gostaria de ser marcado ali, mesmo que eu goste do alfa... – disse sinceramente.
– Então me responda com honestidade... – o pai pediu, acariciando seu rosto com as mãos. – O fato de eu ter o afastado do príncipe foi responsável por causar parte da sua dor ?
Taehyung suspirou, querendo que aquela conversa acabasse ali.
– Não dor física. Eu me senti triste e desamparado quando me tirou dele, mas a dor que eu senti e a que se refere, foi causada unicamente pela caçada precoce.
É claro que Kyung tinha pensado nisso também, mas a culpa o consumiu tanto que ele não foi capaz de ter certeza sobre aquilo, pois insistia em culpar a si mesmo. Agora que estava bem mais calmo e com Taehyung o explicando, podia ver que até fazia sentido, mas ainda sim não deixava de ser uma atitude perigosa e que poderia ter trazido consequências.
– Mais ainda existiu o risco de seu lobo sucumbir a dor de uma vez...
– Pois eu penso que não...
– O que quer dizer ? – perguntou confuso, será que Taehyung não estava entendendo o que ele dizia ?
– O senhor mesmo disse que tem algo trabalhando pra que possamos ficar juntos, sim ? Algo poderoso... – murmurou devagar pra que ele pudesse entender perfeitamente e parasse de se culpar. – Acho que só vai acontecer se tiver mesmo que acontecer, consegue entender ? Não é como se o senhor pudesse mudar isso, não importa o que faça, afinal de contas. Nossas ações não podem mudar o destino, uma vez que ele já está escrito.
Seu pai sorriu, e o seu nariz levemente avermelhado afirmou a Taehyung que o pai sentiu vontade de chorar.
– Então acredita em destino agora ?
– Depois de ontem eu não desacredito de mais nada, e se estamos passando por algo que não pode ser explicado por livros, significa que não é natural.
– Estou com inveja! Acabei de descobrir que meu filhote tornou-se mais inteligente do que eu.
– Eu não me sinto mais inteligente, mas sinto que posso enxergar as coisas por um outro ângulo a partir de agora... – respondeu timidamente, ganhando um abraço apertado do seu pai. – Papai ?
– Hum ?
– Tem algo que está perturbando a minha mente...
Seu pai o encarou atenciosamente, esperando que ele o dissesse o que era.
Taehyung suspirou profundamente, tímido.
– Quando voltei a forma humana o príncipe não estava mais lá, certo ? – indagou envergonhado, as bochechas logo tomando uma coloração rubra.
– Não meu anjo, ele não o viu sem vestes se é isso que o preocupa!
O pequeno escondeu o rosto no pescoço do pai, extremamente envergonhado, o alívio tomando de conta dele.
– Mas sabe que um dia isso vai acontecer, não sabe ?
– Não quero falar disso agora! – resmungou com a voz abafada, fazendo o pai sorrir.
A ideia de estar seu uma única veste cobrindo seu corpo não era muito agradável para Taehyung, ainda mais quando se tinha um alfa em sua frente, lhe encarando fixamente. O Kim não gostava do seu corpo o bastante pra isso, se achava franzino e magricelo, e muitas vezes se questionava se havia algo no seu corpo que o alfa pudesse apertar. Certo, seu bumbum era farto e as coxas macias, mas era só isso que achava bonito em todo o seu corpo. Ômegas costumam ser bem dotados nesse quesito, o corpo de um ômega sempre é provido de curvas bonitas e delineadas, mas por conta de seu lobo jamais ter acasalado seu corpo nunca recebeu os hormônios alfa para se desenvolver melhor.
Tinha medo de que o alfa não gostasse de si depois de vê-lo despido, que o achasse feio demais. Oras, Jeongguk é de longe a pessoa mais bonita que já pôs os olhos, ele merecia alguém a sua altura certo? E Taehyung não se achava merecedor desse posto.
Taehyung não se via como Jeongguk o via, por mais que dissessem a si que ele era um ômega muito bonito e formoso, suas inseguranças o impediam de ver isso perfeitamente.
– Papai... o senhor me acha bonito ?
– Oras, você e o seu irmão são os ômegas mais lindos que já pisaram nessa terra. – Taehyung revirou os olhos ao ouvir o pai.
– Eu tinha me esquecido que opinião da família não vale, o senhor nunca diria que eu sou feio...
– Isso não é verdade! – ele riu quando o filhote saiu do seu colo e se pôs de pé, sabendo que ele não acreditava em si. – Mas sabe o que pode deixar um ômega ainda mais bonito ?
– Hum ? – o olhou esperançoso.
– Esse maravilhoso chá de gengibre com mel.
Taehyung revirou os olhinhos outra vez e cruzou os braços, encarando-o com os olhos semicerrados.
– Esse chá não é maravilhoso pai, é horrível, nem mesmo o mel consegue salvar ele.
– Ele está delicioso. Jongin tomou até a última gota, veja!
O pai se levantou e pegou a segunda xícara que ele trouxe em cima da bandeja, a qual já havia levado para seu outro filho tomar, a virou pra Taehyung e mostrou o objeto vazio.
– E ele adorou! – afirmou convicto, antes de ouvir a porta ser aberta e Jongin passar por ela carregando uma caneca colorida nas mãos.
– Tae, te trouxe um cafézinho pra tirar o gosto horrível desse chá de gengibre da boca que o papai nos obrigou a tomar.
Ambos os filhos o encararam em julgamento.
– É ótimo para prevenir resfriados, se vocês não sabem. Quem mandou tomar banho na chuva ontem ?
Foi um verdadeiro pandemônio no quarto para que Kyung conseguisse fazer Taehyung beber o tal chá de gengibre, mas foi complicado com Jongin do lado dele pontuando milhares de motivos para que não o tomasse, e de fato o chá estava horrível, Taehyung quase vomitou. Mas no fim o pai sabia ser bem persuasivo.
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O herdeiro Jeon se encontrava terrivelmente aflito enquanto seus passos o levavam pelo enorme corredor da ala leste até o escritório de reuniões que iria ocorrer juntamente com os sete conselheiros do reino, onde teria que pôr seus melhores argumentos sob a mesa na intenção de obter alguma espécie de aprovação deles para com seu futuro casamento com o filho mais velho dos Kim’s, mesmo que isso não mudasse muita coisa já que era o príncipe, isso tudo não passava de uma formalidade.
Seu coração ansioso o traía com os batimentos descompassados, fazendo com que ele se sentisse inevitavelmente nervoso com aquela situação, coisa que não fazia o menor sentido, já que não era nada tão grave assim para que precisasse se preocupar.
Namjoon estava ao seu lado e caminhava no mesmo ritmo que o seu, o Jeon tinha certeza que ele falava algo pois ouvia sua voz lá no fundo, mas não conseguia prestar atenção por mais de dois segundos porque tudo o que pensava era em como lidaria com aquela situação se os conselheiros colocassem todos os seus planos a perder. Ele mais do que ninguém sabia o quão persuasivos eles conseguiam ser quando queriam, afinal, o próprio príncipe já havia sentido isso na pele, pois fora justamente com a ajuda dos conselheiros que seu pai tomou a decisão de mandá-lo para o Templo de Zühra tão novo.
Obviamente ele sabia que aquilo era o melhor a se fazer na época por causa das circunstâncias, mas ainda sim seu coração guardava um tanto de remorso deles ao lembrar das noites em que as lágrimas lhe molhavam o rosto com saudades de casa e da sua família, e era ainda pior lembrar que eles sofreram igualmente com sua ausência. A dor era dividida, não fora somente ele que a sentiu, sabia disso.
Mas aquilo era um segredo especialmente seu e ele não pensava em compartilhar aquilo, não queria parecer tão frio e egoísta quanto sua mente o pregava.
Mesmo que não quisesse, os conselheiros tinham que aprovar a união antes que se casasse já que se tratava de uma grande decisão capaz de mudar o futuro de Soleil, pois Jeongguk na posição de príncipe e futuro rei regente tinha como responsabilidade tomar as decisões consideradas melhores para o seu reino.
A cada passo que dava sob o chão era um novo pedido silencioso para que não precisasse colocar seu segundo plano em prática, não queria mesmo ter que fazer aquilo. Mas não poderia negar seu próprio lobo, se recusava a falhar justo agora que tinham tantas coisas em jogos, desde a reputação do Kim até a sua própria, isso sem contar que falharia com seu povo em um nível absurdo.
Enquanto seus pés faziam o caminho de forma monótona, sua mente não parava de trabalhar com milhares de pensamentos incessantes que mais pareciam um redemoinho. Era ruim ter aquela sensação afundando seu peito, a odiava, mas não podia fazer nada contra aquilo.
Só queria que sua mente parasse de pensar a mil por hora para que ele tivesse sossego ao menos por uns segundos.
Sua mãe costumava dizer que aquilo podia ser um dom, já que como pensava rapidamente poderia agir rapidamente também, mais corria o risco de ser uma fraqueza, onde ele pensava e pensava e não era capaz de chegar a lugar algum. Ele só precisava ser forte o bastante pra decidir qual era sua prioridade, mesmo que fosse difícil. Oras, sua vida sempre pareceu ser somente a busca incessante por controle e o Jeon como o grande controlador que era faltava enlouquecer por ter situações que não podia dominar sozinho. Ele sabia que possivelmente sua mente não o daria uma resposta clara e definitiva de como aquela reunião acabaria, já que o futuro sempre seria incerto. Mas de uma coisa tinha total certeza; lutaria pelo ômega com todas as suas forças.
Já haviam passado por muita coisa para chegarem até ali, e mesmo que tivesse adiado aquele momento o máximo que conseguiu, não é como se ele pudesse de fato fugir, pois fugir disso seria abdicar de seu futuro relacionamento com Taehyung, e isso pra ele não estava em discussão em hipótese alguma. De qualquer forma ainda tinha uma última opção, literalmente a última carta a ser jogada sobre a mesa, mas ele esperava profundamente que não fosse preciso usá-la.
Havia muito em jogo, mais do que os próprios membros do conselho eram capazes de enxergar, algo que certamente ia além da perspectiva de todos que ele conhecia. Na verdade, o próprio relacionamento deles ia além da compreensão de tudo e todos, inclusive deles mesmos.
Óbvio que temia revelar o que tinha em mente, mas prometeu a si mesmo fazer qualquer coisa por ele. Uma hora outra iriam descobrir de qualquer forma. Adiar o inevitável nem sempre era uma boa ideia.
O suspiro que saltou dos seus lábios foi pesado quando finalmente chegou em frente a característica porta branca da sala onde sempre acontecia as reuniões, e somente quando tirou os olhos da porta clara foi que percebeu Namjoon ao lado dela, parado enquanto o esperava pacientemente se recompor. Ele o olhou com atenção e em seguida lhe deu um sorriso pequeno e acolhedor, mesmo que a face ainda estivesse parcialmente séria. Era um gesto nobre considerando que o conselheiro do rei dificilmente deixava escapar alguma expressão diferente do habitual.
– Vossa alteza sairá dessa sala vitorioso, tenho certeza disso! – afirmou com palavras encorajadoras para logo em seguida abrir a porta para o príncipe. Esperava que o que dissera fosse suficiente para que ao menos ele pudesse se sentir confiante, temia por aquela reunião, afinal.
O herdeiro entrou, e ao dele Namjoon se posicionou com as mãos nas costas enquanto se curvava corretamente para saudar o rei, pai do Jeon, e logo em seguida observou os outros seis conselheiros levantarem de suas respectivas cadeiras para se curvarem para Jeongguk.
Eles estavam todos lá; Beom Kwan,
Park Hyungsik, Soo Hyeon, Jung Youngsun, Kim Chung Hee e o mais novo entre eles, Hak Kun.
– Agradeço por terem atendido ao meu chamado de última hora e vindo a esta reunião – o príncipe iniciou em tom baixo aos demais conselheiros quando os mesmos se sentaram a mesa. Seu pai jazia sentado na cadeira principal, em uma ponta, e na outra estava a sua cadeira vazia, esperando que ele tomasse seu lugar de direito, como futuro rei.
– O convite formal certamente nos influenciou, há meses não temos um chamado de vossa alteza real, o príncipe – respondeu Kwan, um dos conselheiros mais antigos do reino e um dos primeiros a serem escolhidos, sua família carregava com honra um dos nomes mais poderosos e influentes de Soleil, estando abaixo somente da família real.
E extremamente desagradável.
– De qualquer forma já temos conhecimento do assunto a ser tratado, as fofocas em Soleil andam mais rápido do que...
– Então o correto é que pulemos essa parte da conversa, – o príncipe interrompeu Chung Hee, mesmo que aquilo tenha soado um pouco rude e o feito se sentir mal inicialmente.
A verdade é que Chung Hee amava os falatórios e as fofocas, e se o deixassem falar teriam de aguentá-lo pelo resto da tarde. O conselheiro se encaixava no tipo de gente que ama saber de tudo e de todos, mas ainda sim é cauteloso ao passar tal falatório adiante, talvez por ser membro do conselho e devesse agir como tal, ou talvez pra evitar sujar o nome da família e ser taxado como “o grande fofoqueiro de Soleil”.
– Eu tentarei ser o mais direto possível hoje, os últimos dias foram muito corridos e os próximos serão ainda mais, porque existe um ômega o qual irei desposar como meu futuro marido. E estou aqui pra comunicá-los sobre isso.
Não que Jeongguk esperasse surpresa por parte dos membros, longe disso, mas o silêncio que tomou conta da sala depois que verbalizou tais palavras o deixou desconfortável e tenso. Esperava que Kwan explodisse como era o esperado ou até mesmo um “sermão” vindo de Park Hyungsik de como deveriam ter sido comunicados antes que os falatórios começassem.
Mas isso não tardou, de fato.
– Se o que os boatos dizem é verdade, temo que o suposto ômega caia a ser plebeu, Vossa Alteza confirma ? – Park Hyungsik logo quebrou o silêncio desconfortável, deixando pra escanteio suas indiretas para com o príncipe justamente por saber que nada do que dissesse faria algum efeito.
– Sim! – respondeu com convicção.
– Como conselheiro devo alertá-lo de que essa é uma decisão perigosa, não caí bem um príncipe de sangue puro juntar-se em matrimônio com um plebeu. É contra as normas da família real desposar alguém que não pertença a nobreza.
E lá estava ele, Jung Youngsun, o tom gélido quase congelou a todos naquela sala, um efeito de sua voz grossa e baixa. Ele era o completo oposto de Chung Hee, ele odiava com todas as forças os falatórios. Evitava ao máximo a companhia de outras pessoas se não fosse necessário, e não era só ele, a família Jung em si era composta por pessoas frias e de poucas palavras, daquelas que você nunca sabe o que diabos estão pensando ou se estão pensando, mas algo era certo, nada passava despercebido por nenhum deles.
– Isso está fora de debate!
– Por qual motivo ?
– Não é um simples contrato de casamento, ainda não compreendeu a situação ? Por acaso acha que eu me meti num vilarejo sem mais nem menos a procura de ômega que eu sequer tinha conhecimento ?
– Não sei vossa alteza, me diga o senhor, desde que retornou do templo de Zühra anda pelas ruas de Soleil como se fosse um mero camponês a vaguear...
A bomba relógio, vulgo Kwan, explodiu. O tom não era grosso ou autoritário, mas ainda sim carregava uma centelha de indiferença para com a presença e ordem de Jeongguk, era desrespeitoso, e desrespeito era algo inadmissível quando se tratava dos membros reais da coroa.
– Eu aconselho o senhor a segurar a língua quando estiver falando com meu filho, ele será seu futuro rei, o qual você deve profundo respeito e lealdade – o rei protestou do outro lado da mesa, o tom manso não fazia jus a irritação crescente que ameaçava lhe tomar o peito, o jeito que ele costumava falar era sempre elegante, o que faziam muitos duvidarem de suas reais intenções. – Sugiro pensar duas vezes antes de falar qualquer coisa que possa vir a ofendê-lo, pode ser retirado dessa mesa tão rápido quanto foi colocado nela!
Não havia muitas discussões durante as reuniões, porque apesar de ser explosivo, Kwan sabia seu lugar e nunca desrespeitava ninguém, mas talvez ignorar as pequenas faíscas de indiretas em sua voz tenha o deixado com o ego inflado demais ao ponto de achar que poderia fazer e dizer qualquer coisa, que não haveria consequências. Mas Beom Kwan estava tão redondamente enganado.
O conselheiro abaixou a cabeça em vergonha, como um mero cachorro de rua, sentindo-se humilhado pelo seu rei diante de todos os outros na mesa.
– Não somos seus amigos, sua relação com a família real sempre será estritamente profissional. Saiba o seu lugar! – o Rei DaeHo instruiu impassível, deixando o restante dos conselheiros com o rabo entre as pernas, mesmo que atingi-los não tenha sido sua real intenção.
– Imploro que Vossa Alteza aceite meu pedido de desculpas sinceras, nunca foi proposital ofendê-lo com minhas palavras rudes. Estou envergonhado e arrependido. – proferiu em tom baixo.
– Isso nunca mais deve acontecer, que fique claro não só para Beom Kwan, mas para todos os outros presentes aqui! – foi a única coisa que saiu dos lábios de DaeHo, e então todos tiveram certeza que Kwan havia tirado o bom humor dele.
Alguns poucos segundos depois Namjoon já tentava distrai-los, pois mesmo que o Rei não fosse um lúpus, os genes inativos ainda estavam dentro dele, principalmente na presença marcada e até um pouco dolorosa que rondava a sala naquele momento, ela impunha respeito ao mesmo tempo que demonstrava que no seu sangue ainda havia a força lúpus, gritando que ele pertencia sim a linhagem, por mais que seja “desligado” dela.
– É claro que existe a possibilidade de sermos vistos com maus olhos, mas também devemos levar em conta que o casamento será benéfico para o reino. – Namjoon introduziu seu ponto.
– Em qual sentido exatamente ? – o conselheiro Soo Hyeon indagou com uma pontada de sarcasmo, coisa que o Kim odiava.
Todos ali sabiam que Soo Hyeon e Kim Namjoon assemelhavam-se a água e óleo, mas aparentemente ninguém se importava com aquilo, a não ser que a indiferença entre os dois fosse capaz de interferir em algo do reino, o que jamais acontecera.
– Não está óbvio ? – a voz de Hak Kun interrompeu o olhar fuzilante entre os dois membros do conselho, atraindo a atenção para si, temendo que o rei percebesse algo de errado. – O casamento entre o Príncipe e o ômega plebeu pode não ser visto com bons olhos perante a nobreza, mas será bem vista aos olhos do povo de Soleil. E a força de um povo leal e unido com a Coroa sempre é bom, além de que se sentiram ligados a família real de alguma forma.
– Hak Kun está certo! – o Kim se pôs a explicar. – Existem vários benefícios. As pessoas se sentiram ligadas à coroa de alguma forma depois de ver um ômega como o Kim sendo inserido na linhagem real, não existiram tantas diferenças entre nós. Os riscos de ocorrer deslealdade e planos conspiradores contra a coroa podem reduzir em até cinquenta por cento. Existem várias possibilidades, depende do ponto de visto das pessoas.
– Mas ainda sim nem tão lucrativo quanto um casamento entre membros da nobreza, estamos falando de uma possível união que reúna Soleil com outro grande reino... – Soo Hyeon falou.
– O poder de um povo leal muitas vezes pode salvar um reinado, não podemos fazer grandes contratos com reinos estrangeiros enquanto internamente nosso próprio povo não confia em nós e se sentem esquecidos. A tempos não temos uma oportunidade como essa! – o rei opinou.
– Entre os maiores benefícios, o ômega ser um dócil é o maior deles. A probabilidade dele gerar um lúpus nesse casamento é altíssima, e os riscos de não resistir na mesa de parto podem ser reduzidas a zero. O que aconteceria se o ômega do rei não sobrevivesse ? Isso seria um desastre, ele poderia ser temido e reduzido a um ser incontrolável como sempre tememos que acontecesse, pelos sintomas da morte logo descobririam que ele é um lúpus. Isso não soa vantajoso o suficiente para você Soo Hyeon ? Você queria saber qual tipo de benefício o casamento entre o príncipe e o ômega poderia gerar, eu o dei isso, então deve ser suficiente! – Namjoon ralhou para o outro com uma elegância louvável, era certo que possivelmente ele queria gritar com o outro conselheiro, mas a forma como se controlava era algo a ser apreciado.
– Namjoon tem razão, não adianta casarmos o príncipe com um ômega nobre se esse não tiver chance de sobrevivência perante o maior princípio de um casamento: os filhos. Temos que pensar no futuro também, não só no agora! – Hak Kun era um bom argumentador. O fato de quase sempre sair em prol de Jeongguk o fez se aproximar dele naturalmente.
As ideias do príncipe muitas vezes eram semelhantes as de Hak Kun, a forma como ele o costumava defendê-lo quando acreditava que ele estava certo demonstrava seu coração puro e livre de proveitos fajutos.
– Isso não parece uma reunião onde somente decidimos se o casamento é melhor ou não, tenho a impressão que vai além disso... – Park Hyungsik verbalizou seus pensamentos enquanto olhava diretamente para Jeongguk.
– E você tem razão, Park Hyungsik!
Jeongguk respirou fundo antes continuar, tempo o suficiente pra ver o olhar caloroso do seu pai pairar sobre si brevemente, o apoiando silenciosamente.
– Há alguns dias meu pai e eu iniciamos uma investigação árdua sobre minha relação íntima com o meu ômega, Kim Taehyung.
– Disse que não foi por meio de um contrato que vão vir a se unir ? Suponho que tem algo a ver com isso, certo ? – indagou o conselheiro mais uma vez.
– Sim! Desde que conheci o Kim senti-me ligeiramente atraído por ele, meu pai supõe que existe algo entre nós dois que não seja natural de acontecer. Por isso estamos buscando mais respostas todos os dias, para que possamos explicar isso a vocês de forma clara.
– O lobo do príncipe escolheu o ômega durante a caçada que aconteceu ontem pela madrugada, antecipando também a caçada do Kim por quase cinco anos. – revelou Namjoon calmamente, dando a impressão que o que acabara de falar havia sido algo completamente normal.
O choque de surpresa serpenteou pelos olhares de cada um presente naquela sala, com suas exceções obviamente confusas os conselheiros passaram a se olhar entre eles como se isso pudesse responder suas perguntas. Há tempos não ouviam falar de algo como aquilo, sequer presenciaram um evento desses, foram somente histórias contadas por alguém ainda mais velho e com mais vivência.
– Como isso é possível ? – o conselheiro Hyungsik se pronunciou mais uma vez num sussurrar carregado de incerteza, e mesmo que sua pergunta tenha sido direcionada ao príncipe, seu olhar ainda estava distante enquanto a mão delineada permanecia apoiando o queixo.
– Até o momento não conseguimos descobrir muita coisa, temos nossas especulações, mas até termos certeza as informações vão permanecer confidenciais! – o Rei sentenciou com calma.
– Mas majestade, somos os seus conselheiros, escolhidos justamente para conduzir situações como esta...
– O senhor não entende ? – o rei o indagou, mas logo seus olhos caminharam por cada rosto presente ali. – Estamos lidando com uma situação até então desconhecida, algo que vai além da nossa compreensão e perspectiva. Do que adianta enchermos seus ouvidos com suposições ?
– Então vamos ficar no escuro ? – Soo Hyeon questionou, perplexo.
– Não é melhor cada um pensar de um ângulo diferente ? Ter uma resposta diferente ? Assim teremos outro ponto de vista a se olhar se nossas expectativas vierem a ser frustradas. Pensem em como isso pôde vir a acontecer, na próxima semana teremos outra reunião e explicaremos tudo depois de ouvirmos os pontos de vista. – o príncipe falava com sabedoria, era tão nítido que também estava no escuro junto com os outros, a única diferença é que sabia um pouquinho a mais. – Não queremos nos separar de vocês ou agir individualmente como se não fossem importantes, só queremos que cada um tenha um pensamento diferente do nosso, para que no fim possamos nos unir.
– Bom... – Youngsun balbuciou. – Pensando por esse lado eu concordo, é apenas um plano afinal, como todos os outros que fizemos antes.
– Se esta parte está resolvida, como posso ver, presumo que o casamento também é mais uma certeza ?
– Isso não está em discussão, a decisão é unicamente do príncipe e nós já falamos sobre isso Kwan! – Namjoon verbalizou, descontente com a fixação do conselheiro sobre aquilo.
– Só estou curioso pra entender como de repente o seu lobo passou a aceitar um ômega, antes esse fato era igualmente indiscutível. – se direcionou ao príncipe.
– Isso também está presente nos nossos questionamentos, não temos respostas ainda, porém, espero tê-las num futuro breve... – Jeongguk o respondeu. – Além disso, meu lobo já fez sua escolha, ignorá-lo seria me sentenciar a um destino cruel, nenhum lobo pode ser ignorado, pelo menos não por muito tempo!
– De qualquer forma, ainda acho essa ideia de casamento uma decisão muito precipitada por agora. Imagine como irão reagir a um plebeu tornando-se esposo do futuro rei. – o homem retornou a falar, olhando diretamente pra Jeongguk com os olhos afiados, porém, contidos. – Não podemos jogar as possíveis consequências para debaixo do tapete. Como vamos ser vistos depois disso ? Um reinado é conhecido como algo inalcançável, se virem plebeus desfrutando de uma posição tão alta como essa, vamos ser taxados como uma piada perante a nobreza...
– Basta Kwan, é o suficiente! – o rei interrompeu, fazendo um mero movimento com a mão para que ele se calasse, o que fora ignorado pelo conselheiro insistente.
– Meu rei, o senhor precisa considerar minha opinião. É algo que pode vir a acontecer-
– Kwan, você ainda não percebeu ? – o príncipe alfa o interrompeu, dessa vez sua feição estava dura, incompreensível aos olhos de todos. – Eu não posso simplesmente escolher um ômega nobre pois meu lobo já fez sua escolha, e nem se eu pudesse mudar isso eu o faria, eu tenho sentimentos por Taehyung, eu o marquei na caçada e o reivindiquei como meu, e é isso que ele será: meu. Sobre isso, não podemos fazer mais nada! – tentou dar o assunto por encerrado.
– Certo! Eu compreendo isso, príncipe, não sou leigo nesses assuntos. Só tenho curiosidade em saber se o tal ômega é um rapaz voltado aos costumes coreanos, digno a sua altura.
– O ômega é igualmente valoroso igual qualquer outro, ele faz parte do nosso povo e vem de uma família extremamente respeitada. Além de que o patriarca Kim é filho de um barão reconhecido, devemos lembrar! – Namjoon pontuou.
– Filhos de barão não carregam títulos! – o conselheiro teimou em contradição.
– Além disso possui uma valorosa condecoração dado pelo próprio duque chinês pelos seus serviços contra os invasores filipinos, graças a ele e ao seu pelotão não conseguiram atacar a coroa durante a grande guerra em que lutamos juntos com o reino chinês, o que o torna um Sir. É quase como se fosse da nobreza, então por favor vamos encerrar o assunto...
– Tens razão, mas pode comprovar que é um ômega puro, de fato, Namjoon ? Se não... então sugiro que ao menos seja mostrado ao povo o sangue depois da consumação do casamento para termos certe-
Depois daquilo a sala tornou-se um grande breu repleto de ódio e uma estranha força vinda da presença do alfa. O príncipe alfa se voltou contra Kwan e partiu a mesa de madeira somente com um forte murro desferido nela. O ódio que ele sentia era capaz de quebrar aquele homem desagradável em mil partes. Seu lobo rugia dentro de si em possessividade, com vontade de rasgar seu peito e transformar-se dentro daquela sala para aniquilar o conselheiro. Seus olhos estavam vermelhos, indicando o estágio mais alto de raiva que um lobo poderia chegar.
O sangue provido pelo ômega durante a consumação do casamento era algo íntimo demais, somente o alfa casado a ele tinha o poder de vê-lo. Era algo que simbolizava a dor do ômega em seu estado mais frágil e íntimo, também representava sua inocência tirada pelo esposo ao perder a virgindade.
– Como ousa insinuar que devo mostrar o sangue da pureza do MEU ÔMEGA a alguém ? – vociferou no tom de alfa, machucando os ouvidos dos conselheiros e até mesmo do seu pai sentado próximo a si. Justamente por ser um lúpus Jeongguk tinha o dom de usar sua voz pra conseguir submissão de ômegas, betas e até mesmo de outros alfas. O rei levantou-se da cadeira e contorceu o rosto, nitidamente com dor, e levou seu olhar até seu filho, ele parecia fora de si, pronto pra despedaçar Kwan ali mesmo.
O conselheiro em questão sentia-se a beira da morte, não havia nada mais insuportável ao seu lobo do que ser obrigado a se submeter a outro alfa. Rasgava-lhe por dentro e rugia, ele o arranhava como se aquilo pudesse resolver alguma coisa, deixando-o ainda mais machucado.
Em situações como essa o foco de um lúpus sempre seria atingir primeira e diretamente o lobo alfa, era assim que conseguia machucar o corpo humano e fazê-lo se submeter ao seu que era mais forte.
Havia existido uma época onde se era exigido os lençóis sujos do sangue da pureza dos ômegas após a consumação do casamento, mas foi decidido que era algo íntimo demais pra ser mostrado aos de fora, era considerado algo que colocava a dignidade de um ômega na lama, pois se sentiam humilhados ao ter que provar sua pureza aos outros, como se seus atos da vida toda não fossem suficientes. Além de ser algo que colocava a segurança deles em risco, pois além de ser muito pouco sangue que saia de seu interior, não chegava a ter tonalidade escura de fato, o que poderia facilmente ser confundida com a lubrificação natural. Depois a ciência conseguiu comprovar que nem todos os ômegas chegavam a sangrar, o que foi o estopim para a proibição daquele ato. Antes disso eram dadas punições severas aos ômegas que não sangravam na hora da consumação, pois a sociedade passava a vê-los como impuros e indignos, e na maioria das vezes acabavam sendo largados pelos maridos e família. Era obrigados a procurar refúgio e passavam a viver a margem da sociedade, sobrevivendo como podiam, a maioria acabava se prostituindo em bordéis para ter comida e um teto que os abrigasse, outros davam a sorte de contar com o silêncio do marido por piedade, mais como punição seria maltratado por esse pelo resto da sua vida. Aguentar isso era demais, e muitas vezes, muitos optavam por abraçar a morte prematuramente, atentando contra a própria vida.
Era injusto e cruel.
Era pessoal e íntimo demais. Qualquer coisa que pertencesse a intimidade do casal na noite de núpcias deveriam ser apenas deles.
Estava na lei, e a lei felizmente havia mudado pra melhor. Dando o direito humano que sempre deveria ter pertencido aos ômegas.
E Jeongguk não iria permitir que Kwan agisse com Taehyung como se ele fosse um desvirtuado que vivesse a própria sorte, o qual precisava provar seu valor, sua inocência.
– Você nunca será que digno disso, apenas eu verei seu momento mais frágil, e depois disso, os lençóis serão lavados por mim mesmo e mais ninguém, e depois só restaram as memórias que ficaram presas na minha mente e na dele. Ninguém mais é digno. VOCÊ NÃO É DIGNO! – vociferou a última parte pausadamente.
Seu lobo estava terrivelmente abalado com aquilo. Seu instinto gritava para que ele destroçasse aquele homem e o reduzisse a poeira. Somente com a audácia de Kwan exigindo algo como aquilo a ele e principalmente a Taehyung.
– Por Deus Jeongguk, acalme-se. Seu pai... – Namjoon não foi capaz de terminar a frase, a dor que sentia nos tímpanos era intensa demais, como se somente o ato de falar fosse piorar aquela situação.
Mas quando o príncipe o ouviu, seu lobo realmente mudou de foco ao perceber que provavelmente estava machucando o próprio progenitor. Aquilo mostrava que agora ele estava mais suscetível a comandos externos mesmo que estivesse possesso de raiva, conseguir aquilo e controlar-se sozinho era algo muito bom.. Então ele o mirou, DaeHo estava fortemente em pé ao seu lado enquanto seus olhos estavam afiados na direção de Kwan inclinado vergonhosamente sobre o que sobrou da mesa. Mas o vendo de perto Jeongguk logo percebeu o sangue que escorria de suas orelhas.
Seu lobo rosnou por dentro ao ver o que estava fazendo, machucando seu próprio pai.
O rei não demonstrava raiva ou tristeza por isso, no entanto, ele ainda mirava fixamente o conselheiro do outro lado da mesa com um olhar de superioridade. Especialmente orgulhoso do filho por defender seu ômega com unhas e dentes, e acima de tudo, orgulhoso por ele ter conseguido se conter diante de tal situação.
Kwan não via o rei naquele momento, ainda se recuperava de forma lenta, mas se mirasse nos olhos do Rei certamente veria que estava em maus lençóis.
Então o príncipe soube, seu pai estaria sempre lá por si, o apoiando, até o fim.
– Beom Kwan, se você não sabe o ômega estava doente justamente pelo lobo nunca ter acasalado antes. No máximo podemos lhes revelar os laudos médicos que comprovam a veracidade do que eu falo, isso se o príncipe permitir, mas nunca mais cite algo como isso, é proibido por lei e você as conhece como ninguém, ainda mais sendo o futuro esposo do seu futuro rei. Tenha mais respeito por ele ou caso contrário sofrerá punições, isso é claro se conseguir se safar dessa vez.
Namjoon era forte e havia conseguido se recompor como pôde, o suficiente para sair em prol de Jeongguk uma última vez e cumprir seu dever. Os outros conselheiros eram um pouco mais lentos nessa questão, com exceção de Hak Kun que pelo visto parecia ótimo, mesmo que um pouco de sangue escapasse de suas orelhas alvas demonstrando que fora sim atingido. Demonstrar dor era considerado um sinal de fraqueza entre alfas.
– Eu declaro essa reunião por encerrada, depois nós teremos uma conversa em particular Beom Kwan, esteja preparado! – Jeongguk declarou, se dirigindo a Kwan, antes de segurar seu pai pelo antebraço e o ajudando a sair daquela sala sem cambalear.
🐺
– Espero que um dia eu seja merecedor do seu perdão pai... – o príncipe sussurrou com pesar na voz, enquanto arrastava o algodão delicadamente sobre a linha do maxilar do mais velho, onde o líquido vermelho havia escorrido. – Me sinto o pior filho do mundo por ter derramado seu sangue.
– A sua maior virtude é assumir suas responsabilidades como o verdadeiro homem que você é, por ser capaz de defender aquilo que acredita ou ama de tudo e de todos, assim como eu o ensinei. O meu sangue não jorrou por que seu ódio foi direcionado a mim, não era de sua vontade me ferir, isso já basta meu filho.
– Mesmo assim não posso apagar o fato de que o machuquei...
– Você já me machucou algumas vezes, até mesmo quando ainda era um bebê, mas nunca porque quis.
– Eu o machuquei quando era um bebê ? – perguntou descrente, voltando a passar o algodão no rastro de sangue.
– Sim... – um pequeno sorriso quis brotar no canto dos lábios do mais velho pela lembrança, porém se conteve, seus ouvidos ainda doíam. – Você tinha poucos meses de vida e eu nunca tive coragem de o pegar em meu colo, tinha medo de derrubá-lo ou fazer qualquer movimento errado que pudesse te machucar. Um dia sua mãe me sentou na cama a força e o colocou em meu braços, eu fiquei paralisado, quase não conseguia respirar, esperava que ela o tirasse o quanto antes, mas ela não tirou. Então eu olhei pra você e seus olhos estavam brilhando pra mim, eu tive vontade de proteger você de qualquer coisa naquele momento, e enquanto eu me deslumbrava com cada detalhe seu, você simplesmente virou o rosto e mordeu meu dedo, não tinha dentes ainda, por isso não machucou. E eu acho que você fez isso por eu ter passado tanto tempo sem o pegar no colo, acho que você ficou bravo... – o mais velho riu finalmente, como se sua mente estivesse o transportando ao passado.
– Parece algo que eu faria realmente... – ele disse com um sorriso contido, gostava de conversar com seu pai, e aquela era a primeira vez que ele se abria pra si tão verdadeiramente, agora é como se o visse em sua forma mais crua.
– Você fez... e depois ficou mordendo e babando meu dedo. – o filho baixou a cabeça para esconder a timidez enquanto o ouvia falar. – Pode parecer estranho, mas... você me ensinou uma lição naquele dia. Eu fiquei com tanto medo de te machucar que estava o afastando de mim, então você me deu sua punição e eu percebi que provavelmente a receberia mesmo se não tivesse pegado-lhe em meus braços, pois a vida sempre cobra. Foi ali que eu percebi que não fazer nada também é uma decisão, é uma grande decisão na verdade. E além do mais, são as feridas que constroem as pessoas mais sábias, ninguém esta isento da dor nessa vida...
– Então... mesmo que eu não o tivesse machucado hoje, ainda poderia acontecer depois ? É isso que está tentando dizer ?
– Isso... – murmurou com a voz baixa, apreciando cada detalhe do rosto quase infantil de Jeongguk. – E talvez acontecesse coisa pior, a gente sabe bem o que acontece quando o ódio é reprimido. Deixe que ele saia quando quiser sair, só tenha certeza que você ainda o domina e não o contrário. Tanto deixá-lo sair como prendê-lo dentro de si é uma escolha!
– Mas appa... ninguém toma uma decisão capaz de machucar alguém que ame, essas pessoas sempre são colocadas a frente das situações.
– Todos nós fraquejamos hora ou outra, não é porque você é um lúpus que deve cobrar perfeição, porque antes de ser um lúpus, você
É um ser humano assim como todos os outros. Tudo bem errar, mas existe uma grande diferença entre errar sem acidentalmente e errar por maldade. Você jamais errou por maldade, quando aconteceu foi sempre tentando acertar ou se proteger, e é por isso que deve sentir orgulho de si mesmo.
O sorriso infantil de Jeongguk apareceu ali, e seu pai retribuiu com uma facilidade absurda o gesto doce e tão caloroso. Era bom experimentar o sentimento de se estar próximo e ligado à sua família. Era bom ter seu filho cuidando de si tão paciente e cuidadoso.
– Obrigado pai... – expressou com gratidão na voz, enquanto acabava de limpar os últimos resquícios do líquido vermelho no ouvido do seu pai.
– Não me agradeça, garoto! Agora me deixe e vá se preparar para a vinda do seu futuro ômega, eu sei que está ansioso para vê-lo, sinto seu cheiro diferente pela ausência dele... – declarou a medida que se afastava do mais novo, juntando os pedaços de pano manchados de vermelho para se livrar deles em breve.
– Tem certeza que está bem ? – o filho indagou com preocupação na voz.
– Oras, – o mais velho riu contido. – Eu obviamente sei me cuidar sozinho, então fique tranquilo. No máximo ficará dolorido, mas nada além disso pode acontecer. Agora pare de se preocupar comigo e me obedeça! E se por acaso cruzar com Junghyun nos corredores lhe diga que eu o chamo em meu escritório.
O príncipe se rendeu e acabou concordando num assentir de cabeça, e em seguida curvou-se para o pai em forma de respeito, saindo do cômodo logo em conseguinte para se preparar para a vinda de Taehyung.
🐺
A família Kim foi recebida no castelo com muita felicidade e bons cumprimentos na sala de visitas. A Rainha esperou ansiosamente para que pudesse conhecer pessoalmente o ômega que laçou o coração do seu filho, queria vê-lo com seus próprios olhos, e também queria que o marido o conhecesse o mais breve possível. O rei havia saído pela manhã para resolver os últimos assuntos pendentes do reino antes de passar a coroa para Jeongguk. E pouco antes de sair, prometeu que faria tudo o que estava ao seu alcance para voltar a tempo de conhecer Taehyung e sua família antes que fossem embora.
– Sejam bem vindos à nossa casa, e espero que fiquem confortáveis como se estivesse em sua própria – a Rainha sorriu educadamente com as mãos cruzadas na frente do corpo. Um longo vestido claro com acabamentos lilases lhe vestia o corpo, o cabelo castanho estava arrumado em um coque frouxo enquanto uma linda e única joia ladina servia como um broche ao redor do penteado.
A Rainha Harin não gostava de estar adornada de joias o tempo todo, mesmo que na maioria das vezes estivesse elegante, ela era simples e também gostava de coisas simples, seus gostos modistas eram singelos e combinavam perfeitamente com sua aura calma e delicada, digna de uma verdadeira Rainha.
– Taehyung... – ela se aproximou do ômega calmamente o fazendo prender o ar, pegou suas mãos trêmulas e as cobriu com as suas num toque que esbanjava conforto. Os olhinhos do pequeno demonstravam o quão nervoso ele estava ali ao conhecê-la, tinha medo de fazer algum gesto errado e acabar estragando tudo antes mesmo de começar.
Os olhos castanhos buscaram Jeongguk nervosamente, mas ele o olhava tão confiante que o ômega quase se sentiu confiante também, quase.
– É u-uma honra conhecê-la, Vossa Alteza! – tentou curvar-se adequadamente, mas as mãos dela ainda seguravam as suas e quase não pôde realizar o movimento com precisão. Ela apertou suas mãos e sorriu de forma terna, tentando passar confiança com aquele ato.
Taehyung engoliu em seco.
– A honra é toda minha, meu pequeno! Estive ansiosa para finalmente conhecer o ômega que conseguiu um lugar especial no coração do meu filho, e pelo que percebo, todos os elogios dele de fato fazem jus ao que você realmente é. Eu diria que até um pouco mais. Tão bonito... – ela acariciou suas bochechas fazendo-as corar violentamente com um forte tom rubro enquanto os belos olhos castanhos arregalavam minimamente com o toque íntimo, mas ele não era o único a se sentir desconcertado, afinal, Jeongguk também estava envergonhado por sua mãe entregá-lo tão descaradamente na frente de Taehyung e de sua família.
O ômega ficou secretamente feliz ao saber que Jeongguk o elogiava para seus pais, aquilo de certa forma o aliviava, pois seu futuro alfa já havia construído uma imagem bonita sua para a família Jeon, agora ele só precisava sorrir e ser gentil, como sua mãe havia instruído. Só esperava que conseguisse suprir seus requisitos reais para que eles o aceitassem, ao menos uma boa parte deles.
Não queria deixar a desejar.
– Oh! Certamente não sou tão bom quanto ele prega, mas saiba que fico profundamente agradecido por seus elogios gentis, e afirmo que estou aliviado em saber que esperou ansiosa para me conhecer – o ômega respondeu de forma calma, tentando passar confiança por meio daquelas palavras educadas, que no fim, foram bem recebidas pela linda mulher a sua frente.
– Tão modesto... – a Rainha proferiu enquanto analisava seu sorriso trêmulo, decidindo se esforçar mais um pouco em seus elogios para deixar claro que a presença do ômega e de seus parentes era bem vinda ali, juntamente com a futura união das duas famílias. – Pois eu consigo enxergar aí dentro muito mais do que você se dá ao luxo de acreditar!
Um sorriso verdadeiro e tímido desenhou em seus lábios pintados com um sutil tom de carmim, fazendo com que a Rainha percebesse que ele se sentia confortável e bem acolhido depois do que dissera, mesmo com a cabeça baixa e o coração inquieto.
O chá da tarde que ela preparou fora confortável. As conversas fluíam entre todos de forma natural, e entre risadas descontraídas e assuntos sobre a vida de Taehyung e Jeongguk os divertiu mais do que o esperado, só não a eles mesmos, que tiveram que aturar seus pais fofocando sobre suas vergonhas da infância a maior parte do tempo. Mas de acima de tudo, sentiam-se felizes pelas suas famílias estarem se dando bem. Era realmente um alívio.
A conversa e principalmente a aura de Taehyung era extremamente harmônica e compatível com muitas particularidades da Rainha, ousava até pensar que partilhava de opiniões e pensamentos muito parecidos com os seus, e isso era muito bom, sentia que a futura convivência seria harmoniosa.
Não esperava que se dessem tão bem logo de cara, a mãe do Kim então, era a gentileza em forma humana, toda a família Kim no geral era gentil e educada. Taehyung, de fato, fazia jus a imagem que Jeongguk construiu dele ali no palácio, onde eram apenas elogios e mais elogios a sua pessoa sempre que tocavam no nome dele. E Harin, antes de conhecê-lo, não conseguia acreditar completamente quando o filho começava a lançar milhares de elogios ao ômega, afinal, sabia bem como as pessoas ficavam quando se apaixonavam perdidamente uma pela outra, porém, Taehyung mostrou ser ainda melhor do que o que diziam sobre si, superando até mesmo suas altas expectativas acerca de sua aparência e personalidade, o ômega conseguia ser melhor do que seu filho havia descrito em suas conversas, como se fosse possível.
O Kim era bonito, gentil e possuía uma aura única que não permitia ser esquecida facilmente. Seu cheiro era agradável de se sentir e havia um sentimento muito especial perdido em suas orbes e que podia ser visto sempre que ele mirava Jeongguk nos olhos no meio de uma conversa.
Harin percebeu que realmente existia uma ligação entre eles que não poderia ser explicada facilmente, algo doce e singelo lhes cercava sempre que um dos dois abria um sorriso terno, tendo como foco o olhar atento de seu amante do outro lado da mesa, era como se fossem a plateia das emoções vinda dos dois.
No fim, um amor verdadeiro era tudo que Jeongguk precisava.
– Podemos falar sobre os preparativos do noivado ? – a Rainha dispôs no meio da conversa de forma animada, mas Jeongguk ousou cortar a breve felicidade da mãe.
– Seria ótimo, mas agora eu gostaria de um tempo particular na presença de Taehyung... – o príncipe mirou seus país primeiramente, pedindo-lhes permissão para tal.
– Se for da vontade de Taehyung não vejo problema algum, desde que um acompanhante esteja por perto o tempo todo! – Jieun expôs com um sorriso mínimo, levando seus olhos até Taehyung, que assentiu timidamente com a cabeça.
– Junghyun pode acompanhá-los, certo ? – Harin indagou ao filho mais novo, que por sua vez estava perdido em um certo ômega tímido do outro lado da mesa. – Junghyun ?
– Como ? Estou aqui! – saiu de transe, envergonhado por encarar Jongin tão descaradamente, mesmo que ele não tenha percebido.
– Eu sei que está... – Harin riu contido da situação, de como o filho estava aparentemente perdido na conversa. – Pedi para que acompanhasse Taehyung e Jeongguk em um passeio lá fora, pode fazer isso ?
– Oh... não será incômodo algum!
– Não demorem tanto tempo! – Kyung pediu antes de saírem, ganhando a confirmação de ambos.
Ômega e alfa saltaram na frente e passaram a andar de forma calma pelos corredores enormes e elegantes do palácio, e um pouco mais atrás andava Junghyun, distante o suficiente para lhes dar a devida privacidade que queriam.
– Deixe-me perguntar... – o ômega sorriu olhando o alfa, que o encarou atenciosamente. – Sentiu-se tão nervoso ao conhecer minha família como eu me senti agora ?
Seu alfa riu mais alto do que gostaria, mas Taehyung não viu problema algum com aquilo, afinal, o som de sua risada era um dos melhores sons que já tiveram o prazer de ouvir.
– Talvez um pouco mais! Seu pai consegue ser bem intimidador quando se trata dos seus filhos...
– Céus, eu mal pude respirar corretamente, mesmo que a Rainha tenha sido tão gentil comigo. Acho que fiquei mais nervoso do que pensei que ficaria...
– Minha mãe é uma ótima pessoa! – revelou enquanto oferecia seu braço curvado para que Taehyung encaixasse o seu ali, o que foi prontamente atendido pelo ômega, que timidamente se encaixou ali. – Fica ainda melhor quando a conhece de fato, e não é porquê ela é minha mãe que eu digo isso...
Jeongguk parou de falar quando percebeu que o ômega havia parado no lugar e apertou seu braço com firmeza, quando o olhou viu que um semblante tenso havia tomado de conta de sua face e não entendeu a princípio o que tinha acontecido. Logo um sentimento de preocupação lhe tomou ao imaginar que o pequeno estivesse passando mal, pois a cor do seu rosto estava mais pálida do que o normal.
– Taehyung ?
Não houve resposta alguma vinda dele. O Kim apenas continuava a encarar um ponto fixo a sua frente, fato que o príncipe logo constatou. Quando olhou na mesma direção que ele, viu seu pai também parado em frente a porta de entrada do castelo, e o mais estranho de tudo era que ele parecia tão abalado quanto Taehyung, já que o encarava com os olhos igualmente perdidos.
Jeongguk não entendeu o que estava acontecendo ali. Olhou pra Junghyun e tentou buscar uma resposta mas ele parecia tão perdido quanto.
Taehyung não sabia descrever o que sentiu ao ver aquele homem ali na sua frente, uma sensação ruim lhe rasgou o peito com força, mas não sabia explicar o porquê. Mas sentia um misto de mágoa e tristeza ao colocar seus olhos nele e um sentimento de melancolia invadiu-lhe logo em seguida. Os olhos negros como os de Jeongguk estranhamente se molharam ao mirar o ômega, havia sido de forma quase imperceptível, mas todos ali perceberam que suas orbes marejaram.
Um turbilhão de emoções o atingindo ao mesmo tempo fizeram a cabeça de Taehyung latejar e o corpo ficar mole de repente, queria parar de olhar pra ele, queria responder as perguntas de Jeongguk que ouvia lá no fundo da sua mente ou até mesmo sair daquela sala, mas a verdade é que seu corpo não estava respondendo aos seus comandos.
Não conhecia aquele homem até aquele momento, mais uma coisa era certa; aqueles olhos de ônix lhe afundaram num mar profundo de angústia.
🐺🐺🐺Lea avisa: nem tudo é o que parece!!
Então calma lobinhos.
Próximo capítulo tem uma bela surpresa, então me esperem ok?
Até logo💛
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Lua Vermelha • kth + jjk. |HIATUS|
FanficHá séculos atrás duas almas foram separadas em nome da ganância e de deveres tolos. Um mundo egoísta não poderia jamais abrigar algo tão valioso quanto aquele amor que por pouco não sucumbiu, mas o que não é destruído, retorna ainda mais forte. Tae...