Cartas Para Um Desconhecido

Capítulo 14 - Gato e Rato

        - Bem na hora, Capitão Green. – O General Thompson estava a mesa. Ao lado dele, John Manningham, era o comandante principal da NSA, estava com uma mulher ao seu lado que eu não conhecia. Do outro lado, alguns homens e mulheres de terno, praticamente estava escrito CIA ou FBI nas suas testas. Ao fundo da sala, havia dois soldados bem armados, e uma porta sem ser a que entramos, provavelmente uma saída emergencial. Minha atenção se voltou então para a cabeceira onde estava o presidente. Louis Hall assumiu a presidência em 2024 e passaria por uma situação que ninguém passou desde Roosevelt, na segunda guerra mundial. Não era muito velho, tinha quarenta e quatro anos, mas inúmeros cabelos grisalhos já esboçavam o futuro da sua cabeleira, além das marcas de expressão, com certeza o tempo não havia sido tão bom com ele, parecia ter bem mais idade. Quanto a nossa situação, não havia dúvidas, estávamos a beira de um colapso. Infelizmente, a suposta ordem que nossos antepassados tanto lutaram para impor estava chegando ao fim por nossos cuidados não terem sido tão eficazes.

         Chegar aqui não era tão fácil. Após pousarmos no meio do mato, um ônibus nos trouxe até uma biblioteca abandonada. Disfarçados, é claro. Aqui dentro há um caminho para o subsolo bem difícil de ser memorizado e então um grande caminho até aqui. Arrisco dizer que estamos a muitos metros da biblioteca. Hoje, é o prédio mais seguro do país, já que não se pode dizer o mesmo da Casa Branca, eu suponho. Começava a me perguntar da situação nas cidades perto da costa. Com certeza, era bem melhor estar aqui.

         Nos sentamos em algumas cadeiras restantes na outra ponta em relação ao presidente. A sala tinha algumas fotos de pessoas marcantes na história americana, inclusive Roosevelt e o playboyzinho, claro. O brasão da casa branca e um telão imenso, desligado porque as notícias não eram muito boas no momento.

         - Espero que os senhores entendam a situação que estamos no momento. – O Sr. Presidente tomou a palavra. – Não é um simples ataque terrorista. Estamos em uma iminência de uma guerra e não temos como contra-atacar. – Quando um ataque terrorista vira algo simples, é porque nada está bom.

         - Segundo o relatório do Sr. McCoy – A mulher ao lado do Manningham falava, devia ser quem tomava conta da parte da tecnologia da coisa toda. Tinha vários papéis e estava bem enrolada com eles. Tinha grossos óculos e o cabelo amarrado em um coque. – Não há estragos diretos na barreira mas sim na conexão do COC para com ela. Os secundários não conseguem conectar ao primário porque todas as conexões de rede do COC foram danificadas, desde a que vai até a barreira como a que o liga aos nossos “Planos B”.

         - Secundários? – Perguntei. – Quer dizer que tem outros COC?

         - Na verdade, são Planos B. Eles conseguem forjar códigos emergenciais e o incluir no COC caso não tenhamos acesso a ele. Mas para evitar conflitos com códigos, tudo tem que passar pelo COC primário, o que o senhor defendia, Sr. Green. Aos outros, demos o nome de secundários ou periféricos, como preferir. – Ela olhava muito para o presidente, estava insegura, o fato de mexer tanto o óculos caracterizava um movimento repetitivo por estresse. Tem que se entender de linguagem corporal para chegar onde cheguei.  – A ligação do COC para a barreira também não pode ser feita diretamente porque um wireless de tamanho alcance chamaria atenção e uma ligação direta por fibra ótica seria muito perigosa pois seria de fácil acesso para alguém tentar danificá-la. Então usamos uma rede fragmentada, conectando o COC a um estabelecimento em Fort Collins, daí uma conexão por fibra ótica até Denver e então várias ramificações para partes estratégicas na fronteira inteira. Ora usando redes de fibra ótica, ora usando wireless, sempre em estabelecimentos e em alguns casos em supostas residências. A rede do COC está usando a conexão de tudo quanto é lugar.