Capítulo 2 - O início do fim?

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         É incrível a capacidade de certos segundos de se transformar em minutos. Estava testemunhando isso agora. Ali naquela sala, sozinho, parecia que em poucos segundos tudo passava na frente dos meus olhos e as coisas iam, na medida do possível, se encaixando. Definitivamente estava sendo incriminado. Não tinha como. Se não houvesse a evidência, dava para se acreditar em engano, mas isso muda tudo. Não sabia como aquele celular tinha ligações para mim mas, pelo meu próprio bem, alguém ia ter que descobrir.

         Depois do que pareceu ser uma eternidade, a porta voltou a se abrir. Dessa vez o agente Bayer estava acompanhado de um homem que deveria ser o meu advogado, provavelmente mandado por Catherine. Catherine! Como ela deve estar agora? Tenho que falar com ela, tranquilizá-la. Mas, primeiro, tinha de resolver meu pequeno problema na salinha escura.

         - Bom, acho que agora podemos ser francos e diretos. Não costumo enrolar muito, então pretendo terminar com isso o mais rápido possível. Ainda não podemos prendê-lo aqui, mesmo com o celular, então você pode fazer um favor a si mesmo e acabar com isso agora. – Disse o agente.

         - Eu nã.. – Fui rapidamente interrompido pelo homem ao meu lado.

         - Meu cliente não se pronunciará sobre o caso, como sabemos esses telefones podem muito bem terem sido manipulados, sem falar que nada prova que o celular pertencia ao responsável – Ele parecia ser bom, o que me tranquilizava por enquanto.

         - Bom, Sr?

         - Hincliffe. James Hincliffe.

         - Bom, Sr. Hincliffe, o nosso esquadrão de emergência já detectou o DNA do responsável, pois era o único não cadastrado de todas as vítimas. Se isso não servir como prova para o senhor, detectamos clorofórmio no que sobrou dele, o que o delata como o terrorista. - De uns tempos para cá, os terroristas passaram a não gostar de sentir a dor da explosão então eles programavam a detonação da bomba e cheiravam o clorofórmio, desmaiando antes da explosão. – Logo após conseguimos recuperar o telefone, de origem no mesmo país do nosso amiguinho e com inúmeras ligações para o seu cliente, quais as chances, Sr. Hincliffe? – Disparou o agente Bayer.

         - Não podem acusá-lo com isso, nenhum juiz no mundo expediria uma ordem de prisão com simples suposições, agente

         - Mas não precisaremos disso. O senhor deve saber mais do que ninguém, que se provarmos o envolvimento do Sr. Roach, ele se enquadrará em crime militar e traição a nação. Depois do 3 de dezembro, sabemos que isso leva direto a pena capital.

         Paralisei.

         Ainda não havia realmente processado isso, no auge de todos os detalhes que tentei entender e de todas projeções que tentei fazer, não vi o quão fundo era o meu buraco. Depois do 3 de dezembro, os crimes que tinham a ver com terrorismo não precisavam de toda a burocracia. Se eu não provasse minha inocência a tempo, o meu tempo aqui iria acabar.

         - Não pode provar algo justamente por um punhado de coincidências, precisa-se de fatos, agente, fatos! Você sabe disso, o meu cliente tem o direito de ser respeitado e não acusado de maneira equivocada!

         - Controle-se, Sr. Hincliffe. É só uma questão de tempo até que evidenciarmos tudo. Temos times trabalhando no QG de controle das Portas de Ferro, pessoas sendo interrogadas. É só uma questão de tempo, senhores. – Um pequeno momento de silêncio e então ele se retirou. Eu estava paralisado, não via saída. Se me condenassem era o fim, não haveria chance, e não seria um fim muito interessante.

         Depois da implantação das Portas de Ferro, as prisões de segurança máxima, foram colocadas nos limbos entre elas. Essas áreas estavam fora das fronteiras de qualquer país e as pessoas que lá estavam não tinham chip de entrada em nenhum deles. Uma ideia inteligente que impedia a fuga, pois mesmo fugindo não havia para onde ir, nem como sobreviver. A mais famosa era a Nova Alcatraz, como a apelidaram. Localizada na Ilha das Bermudas, aquela mesma do Triangulo das Bermudas. Na verdade, você teria sorte se acontecesse algo no caminho, já que nada era mais desagradável que o destino.

Cartas Para Um DesconhecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora