Capítulo 6 - As mãos do destino

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        Todos ali contra mim, essa sensação ligava o meu extinto natural de defesa. Era difícil conviver com ele nesse momento, confesso, estava com medo, não era do meu feitio bancar o insensível, o durão, eu sentia sim, muito medo do que poderia estar por vir. Não havia mais o que esperar, era aqui e agora e o mesmo juiz continuava a desandar palavras sem sentido, pelo menos para mim. Quando realmente o foquei, ele iria apresentar os meus acusadores.

         - Convoco o Sr. Marcus Ramirez, para apresentar as acusações – E então bateu o martelo, rapidamente o Sr. Ramirez se encaminhou para minha frente. Certamente era latino e eu não falava isso pelo nome, ele poderia até ter outro, mas suas feições eram típicas.

         - Os Estados Unidos da América acusam o Sr. Joe Marcus Roach, residente em Tulsa, Oklahoma, dos seguintes atos: Traição a nação, apoio direto ao terrorismo, inicialmente, homicídio culposo, quebra de conduta militar, uso de informações privilegiadas de maneira ilícita... – A lista não tinha fim, era incrível o quanto de coisa que eles tiraram disso tudo, e era até meio curioso ver isso agora. Quando finalmente terminou, passou a palavra ao juiz.

         - O senhor então pode iniciar a acusação.

         - Obrigado, meritíssimo. Desde o dia 11 de Setembro de 2001, nós, cidadãos americanos, vivemos sobre a sombra do medo. Homens valentes, doam seu sangue a nação todos os dias, todas as horas, para nos manter seguros. – Olhava diretamente para os jurados, parecia ser muito bom, não era por acaso que era o promotor em um caso de tanta importância. – Foi assim por muito tempo, senhoras e senhores. Por muito tempo, vivemos na iminência de sermos explodidos a qualquer momento, mas então o ilustre Sr. Steven McCoy e seu time, nos deram a segurança e deram à um grupo de homens o dever de defender-las e protegê-las. O Sr. Roach aqui, era um desses homens. Ele devia defender-nos, essa responsabilidade foi dada a ele, mas ele resolveu usá-la, nos vender, vender os mais de mil cidadãos que morreram. Isso tudo, porque o senhor – Olhava agora para mim – resolveu vender-nos. Quanto ganhou, Sr. Roach, por cada gota de sangue derramada por aquelas pessoas?

         Não havia resposta.

         - Vimos o ataque do dia 03 de dezembro. Aquilo mudou tudo, achávamos que não iria se repetir mas estávamos errados. Os traidores estão mais perto do que pensamos, cabe a nós coibir-los, punir-los e tirar-los da sociedade. Para apresentar os fatos eu chamo o Sargento Jacob Green da Segurança Nacional, responsável pela supervisão das falhas nas tecnologias de bloqueio, mais precisamente, das Portas de Ferro.

         O Sargento Green se levantou, estava perto dos agente do FBI. Tinha um cabelo ralo, tradicionalmente militar mas não estava vestido como um, tinha apenas um terno com uma gravata vermelha, algo me fazia pensar se o vermelho não representava o sangue, talvez esteja pensando demais mas não era isso o mais curioso. Se ele trabalhava diretamente com a supervisão da barreira, não sabia porque não havia o visto em todas as outras crises. Não dando tempo para muito pensamento, o sargento tomou a palavra e olhando para Martinez começou:

         - Meu time começou as investigações trinta minutos após os atentados. Viemos então diretamente para cá, chegamos à cena do local e começamos uma varredura junto com agentes locais e do FBI. Lá, encontramos um celular de origem afegã que enviamos diretamente para nossa divisão de tecnologia, não demorou muito para que eles ligassem diretamente para o Sr. Roach.

         - Quando o senhor soube da falha na barreira? – Perguntou Martinez

         - Depois de trinta minutos – Respondeu ele. – Chegou rapidamente a informação de um suspeito inicial, chamado Joe Marcus Roach, o mais incrível era que ele era um Delta e mais ainda, trabalhava diretamente com a defesa das Portas de Ferro, sendo um membro dos GA’s. A partir daí, iniciou-se a investigação nos computadores da base e algum tempo depois fomos informados de um código suspeito na área norte do país. Esse código estava ligado diretamente à intensidade das ondas, foi aí que fomos informados da suspeita do overclock, então fomos diretamente para a Flórida. Mantínhamos contato com o time do Capitão Baker, ali. – Um homem de cabelos grisalhos e feições sérias (acredite, muito séria) acenou. – E eles foram diretamente para Minessota. Lá então, eles detectaram anomalias no clima, decorrente de um aumento de temperatura excessivo e nós detectamos uma queda na temperatura na Flórida, acima do normal. Ali se confirmava a suspeita. A partir daí, fui liberado, ao ser informado que haviam achado o código no computador do Sr. Roach.

Cartas Para Um DesconhecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora