Capítulo 3 - O fim do início

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        Um turbilhão de ideias se passou na minha mente em um espaço de tempo que eu achava que isso não era possível. Não tinha como escapar, acabou. Eu iria ser injustamente preso, torturado, morto e não ia poder fazer nada. O que eu já havia feito no começo de tudo, nada. O mundo era caótico e estava fadado a autodestruição, agora eu entendia tudo.

         O ápice da tecnologia, as Portas de Ferro, as pessoas esperavam que o desenvolvimento viria para seu próprio bem-estar, mas era para evitar conflitos, atentados, mortes. Em um mundo onde há tanta necessidade de se proteger, algo está errado. A insegurança reinava, as guerras aconteciam, silenciosas mas aconteciam. E era isso, pessoas inocentes pagam por aquilo que os poderosos criam, eles criam a guerra para que os inocentes lutem, eles criam as tecnologias para proteger seus interesses e nós somos o alvo dos malfeitores. E quando menos esperamos, acabou, alguém acabou com a gente.

         Hoje, mais de mil pessoas foram vítimas e eu sou mais uma delas. Não estava lá, mas tive o mesmo destino, traçado pelas mãos daqueles que tem o poder de traçá-lo hoje em dia. Eles decidem, quem querem derrubar, quem querem levantar, onde, quando, como. Não tem limites, pois eles próprios deveriam impor-los. Não tinha como, eu tinha que provar minha inocência, e para isso eu precisaria de ajuda. E o Sr. Hincliffe já havia se candidatado para ser uma.

         - Alguém poderia muito bem ter invadido o computador do Sr. Roach e colocado esses códigos, vocês não podem acusá-lo de algo assim dessa maneira, com pontas soltas em todos os lugares, com meras coincidências e casualidades. Isso é um absurdo – Estava aumentando o tom da sua voz, como se também estivesse entrando em momentos de desespero.

         - Eu quero um telefonema, tenho esse direto. – Me levaram então a uma sala ao lado, reservada, estava sozinho. Tinha que ligar para quem eu confiava nesse momento, e só era uma pessoa.

         - Alô.

         - Catherine?

         - Joe? Joe é você?

         - Sim. Sou eu. Escute, não dê ouvidos a nada que lhe digam sobre isso tudo, eu sou inocente, alguém está armando para mim – Minha prioridade agora era tentar acalmá-la. E então partir para o que realmente interessava

         - Está na TV, Joe. Estão falando de você, que você os deixou entrar de alguma maneira, falam de falhas na barreira, falam de tudo. O que está acontecendo, Joe? – Sua voz começava a vacilar, a embargar, ela estava mais desesperada do que eu, o que me travava para contar o restante.

         - Ouça, não dê ouvidos, alguém armou isso tudo, e eu preciso provar minha inocência, provavelmente terei alguns dias antes de ir a julgamento, e eu preci..

         - Joe, você é um terrorista?

         - Claro que não! Catherine, você me conhece melhor do que ninguém, sabe que não sou capaz disso. Alguém armou isso tudo, por favor, escute. Você precisa me ajudar. Ligue para o Capitão Jenkins, ele pode vir a minha defesa e tentar atrasar um pouco mais as coisas, ele também pode colocar um time dele para investigar isso tudo e tenho certeza que confio nos caras de lá. Entendeu? Conte para ele tudo que te contei, entendeu?

         - Sim, sim. Joe, o que está acontecendo?

         - Eu não sei. Queria saber. Tenho que ir, eu te amo.

         Não deu para ouvir uma resposta. Talvez nem tenha tido alguma, mas sabia que ela iria fazer o que havia pedido, me preocupava com a minha mãe, vendo isso tudo. Ela sabia que eu era inocente, com certeza sabia. Agora só faltava uma pequena conversa com o meu advogado e então, provavelmente iria fazer uma viagem as Bermudas. Uma simples troca de olhar, fez o Sr. Hincliffe entender o que eu queria.

Cartas Para Um DesconhecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora