Cartas Para Um Desconhecido

Capítulo 8 - Recomeçar

        A prisão mais segura do mundo, em chamas. Quem diria? Enquanto nos afastávamos cada vez mais da bola de fogo que havia virado a Nova Alcatraz, não parava de me perguntar quem eram essas pessoas. Quer dizer, eu sabia quem eram elas, mas não totalmente, havia um mistério em cada uma delas. Como russos estavam com americanos? Como tinham tantos recursos? E como eram tão bons?

         - Conseguimos a extração, devemos ir direto para a base? – Perguntou Tom.

         - As ordens são que sim, espero que tenha combustível suficiente – Respondeu o tal de Jey.

         - Onde iremos? – Perguntei

         - Cabo Verde – Respondeu Tom. – Temos uns amigos por lá, meio poderosos. Eles nos concederam alguns recursos, um bom lugar e uma boa conexão de rede – Era bem humorado, não o conhecia mas existem coisas que tornam qualquer um mais do que meros conhecidos. Escapar de uma prisão de segurança máxima é uma dessas. – Acho que agora podemos nos apresentar da devida maneira, Tom Yenks e Jonathan Fallord – Apontou para o Jey, que só acenou.

         - Coloque a sua escuta de volta, Roach – Disse Jey. O problema é que havia a jogado na hora do RPG e não sabia onde estava.

         - Perdi na hora do RPG.

         - Tome a minha – Tom tirou então sua escuta e a deu para mim.

         - Ele está na escuta, chefe – Disse Jey e então uma voz conhecida veio ao meu ouvido.

         - Tudo bem, Roach? – A voz de Yuri Volkov

         - Tudo. O que faremos agora?

         - Vocês estão à alguns minutos da ilha de Santiago, em Cabo Verde. Como o país é muito pequeno, é uma ilha, foi muito fácil obter chips de passagem para todos vocês com alguns dos nossos amigos.

         - E o time 1? – Eu realmente estava preocupado com eles.

         - Não se preocupe, nós tínhamos um bom plano quanto a eles, já estão vindo também..

         Não ouvi o resto porque o mundo explodiu ao meu lado. E realmente explodiu.

         - Fomos atingidos, fomos atingidos! – Jey entrava em desespero. Algo havia atingido uma das nossas hélices traseiras e fazia o mundo girar do lado de fora. Enquanto isso, eu e Tom nos agarrávamos a qualquer centímetro de, enfim, qualquer coisa que tivesse por perto.

         - O que houve, Jey? – A voz de Volkov não parecia mais tão calma

         - Tem helicópteros atrás de nós – Não era nada bom, eram nada menos que três helicópteros e a coisa ficou pior quando um míssil passou raspando a frente do helicóptero. PI PI PI PI PI PI PI ! O alerta de emergência emitia um sinal constante, a coisa ficou ainda pior quando nossa única arma, o RPG, escorregou e caiu em uma das voltas que o helicóptero deu. A verdade é que o fim era só uma questão de tempo, até que... – Plano B, Yenks!

         - Droga. Tome Roach! – Jogou uma máscara para mim, rapidamente vi o que era. Era um filtrador de oxigênio. Captava o oxigênio da água e o transformava em algo... Respirável. – É bom pular bem fundo. Estamos prontos, Yenks.

         - Ok, então. Estamos entrando no plano B, Tchébi. Pode começar. – Acenou então para o Tom.

         - Pule. – Gritou ele ao mesmo tempo que me puxou pelo pescoço e então estávamos em direção ao mar, há uns 500 metros de altura. Era assustador, mas havia treinado um pouco de mergulho, era só aterrisar em pé. Não era tão fácil naquela velocidade.