Capítulo 9

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Ajoelhada no meio da sala da Matriarca, eu aguardava em chamas que a mulher provasse o chá que era a razão do meu tormento.

A atmosfera naquela sala era densa, o ar em volta do corpo da mulher que me julgava parecia emitir uma luz incandescente. Tudo em mim era expectativa para ouvir o veredito.

- Me dí o cre.

As sílabas foram pronunciadas com aquela frieza que me rasgava ao meio. Ao mesmo tempo vi o chá ser despejado no chão em frente aos meus joelhos.

Imediatamente as lágrimas brotaram e o ar me faltou.

Uma mão firme segurou meus cabelos forçando meu rosto em direção ao chão. A força que ela tinha era espantosa, não tinha como resistir e me vi tendo a boca esfregada no líquido derramado no chão.

- Tome! Prove e me diga se a senhorita me serviu um chá aceitável.

Lambi o chá o melhor que eu pude. O sabor das ervas se misturando com a cera do chão e o sal das minhas lágrimas.

- A senhorita acha que esse chá está digno de ser servido?

Eu só soluçava e balançava a cabeça, com a boca ainda aberta sendo esfregada no chão.

- Eu vou servir para a senhorita o tipo de líquido a que esse chá se assemelha.

Para a minha surpresa a Matriarca levantou a barra do hábito expondo as pernas cobertas de desenhos e o tufo de pelos abaixo do ventre. Antes que eu pudesse reagir um jato quente de urina atingiu meu rosto, A vergonha era tanta que eu queria virar uma das tábuas do chão e ser esquecida lá pra sempre.

Como se tivesse sentido meu desejo, a sola da sandália de couro veio para grudar ainda mais o meu rosto no chão molhado de chá e urina.

- Levante-se!

Por um instante eu achei que ela me mandaria embora e eu estaria livre daquele suplício, mas os olhos dela continuavam me fuzilando com uma intensidade paralisante.

- Eu preciso me certificar de que a senhorita coloque empenho redobrado a próxima vez que for fazer o meu chá. Aqui nesse convento nós temos a nossa maneira de garantir que as noviças e as irmãs se mantenham dedicadas e com firmeza de propósitos.

A cada palavra dita, as mãos ágeis e precisas iam desfazendo o nó do cordão de couro trançado que ela levava na cintura. Ao fim da frase ela esticava nas mãos o cordão dobrado em quatro partes.

- Levante a túnica e apoie o corpo sobre a mesa!

Meu corpo todo estremeceu. Eu não podia acreditar que aquilo iria acontecer, desde a infância que eu não recebia aquele tipo de castigo físico.

Porém não existia a menor possibilidade de eu me negar a obedecer. Com o corpo apoiado sobre a madeira dura eu prendi a respiração.

- Quantas vezes a senhorita me serviu esse chá medíocre?

- Quatro Senhora.

A textura rústica do couro passeava pela pele das minhas nádegas enquanto ela falava.

- Serão cinco golpes para cada tentativa frustrada de servir um chá decente, mais dez golpes pelo atraso e a confusão com os pergaminhos do Monsenhor. A senhorita entendeu?

- Sim Senhora.

- Quantos golpes no total?

- Trinta Senhora.

- Eu quero que a senhorita conte e que peça perdão a cada um deles. Está claro?

- Sim Senhora.

- Espero que a lição seja bem aprendida.

A Matriarca nem esperou a minha resposta. Um movimento forte e preciso fez o cordão de couro lamber dolorosamente a minha carne. Antes do número veio o gemido profundo que eu tentei sufocar.

- Um. Perdão Senhora.

- Conte mais alto! ZAPT!

- DOIS! Perdão Senhora!

- Eu quero ver arrependimento de verdade, ZAPT!

- TRÊS! PERDÃO SENHORA!

Os golpes vinham impiedosos e a frieza da mulher empunhando o cordão os tornava cada vez piores. A cada golpe o meu traseiro explodia em chamas era mais difícil segurar o grito e os números saiam com mais dificuldade.

Eu apertava a borda da mesa com tanta força que os nós dos meus dedos estavam brancos, as pernas tremiam e as lagrimas desciam soltas.

Para a minha surpresa, aquele fogo incômodo, que me enchia de vergonha e maculava minha virtude, começou a crescer entre as minhas pernas. A cada golpe eu lutava contra ele e ele só fazia tomar posse impetuosamente do meu corpo.

Eu pedia perdão, mas não era mais pelo chá. Pedia perdão por ser fraca e impura, por deixar que aquele êxtase tomar conta de mim da forma que tomou.

Quando os golpes terminaram eu me peguei desejando mais. Eu acreditava genuinamente que merecia mais.

A Guardiã da VirtudeOnde histórias criam vida. Descubra agora