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Ainda escondidas, ouvimos as desculpas esfarrapadas que os meninos davam a Hagrid que tinha acabado de acha-los. E como esperado, essas desculpas não o convenceram, então ele levou os garotos até Filch.

– Acho melhor sairmos daqui. – Disse Elisabeth, então corremos sorrateiramente até o castelo.

O que será que elas estão fazendo aqui?

– O que vocês estão fazendo aqui? – A voz de Hagrid soou, fazendo com que nós duas pulássemos de susto.

– Hagrid, você viu os garotos? Eles sumiram de tarde, disseram que iam até a sua cabana. Estou preocupada. – Disse Elisabeth, tentando enrola-lo, o que deu certo.

Acho que é mais fácil acreditar em duas garotas quietas do que em um grupo de bagunceiros. Pensou Elisabeth.

Talvez eu tenha sido muito duro com os garotos. Pensou Hagrid, se sentindo culpado. Senti pena dele.

– Eles estavam na floresta. Levei eles até o Filch. É melhor vocês irem para o dormitório, está tarde, podem acabar arrumando problemas também.

– Você tem razão. Estou indo, até mais Liana. Tchau, Hagrid. – Disse Elisabeth, e em questão de segundos ela já não estava mais lá.

– Você não vai ir também? – Hagrid perguntou com cuidado.

– Aqui é tão silencioso. – Comentei, me referindo a falta de pensamentos. – É bom. Bem, eu já vou indo. Boa noite para você, Hagrid.

Então eu sai dali e fui direto dormir, afinal não veria meu irmão tão cedo.

No dia seguinte, acordei mais tarde do que devia e cheguei atrasada na aula da Minerva, encontrando uma gata no lugar onde deveria estar a professora.

Liana? Pode me ouvir? Mas que pergunta estúpida, é claro que ela pode. Ouvi a voz da professora Minerva e olhei em volta da sala até focar meu olhar no gato.

Suspeito.

A professora vai esgoelar a garota. Disse uma voz desconhecida.

Tadinha da Jordana. Como eu aviso? Fred se questionou.

Liana, senta em algum canto logo, por favor. Implorou Elisabeth.

– Senhorita Jordan, está tudo bem? – Minerva perguntou e só ai eu me desliguei dos pensamentos e percebi que ela estava agora onde o gato uma vez estivera.

– O que? – Olhei para a professora um tanto perdida.

– Eu perguntei se você está bem.

– Estou sim. É que... Você é um gato? – Mudei de assunto. Minerva abriu um sorriso pequeno.

– Sim, eu sou.

– Bem legal. – Falei, sem saber muito o que fazer. – Desculpe o atraso. Eu vou me sentar.

Então eu me aproximei de Elisabeth e sorri pequeno, cumprimentando-a.

– Perdeu a hora?

– Me distrai com um sonho esquisito.

Com o sonho de um monte de gente misturado na minha cabeça, na verdade. Pensei.

De sonhos estranhos eu entendo bem. Sussurrou Elisabeth em minha mente.

– Voltando para aula... – Minerva disse, chamando a atenção de todos os alunos, e então continuou a explicação que estava dando antes sobre Transfiguração

O resto do dia seguiu normalmente, -tirando o fato de que Elisabeth tomou um banho de vinagre ao tentar entrar no próprios salão comunal, é claro-, Fred e George contaram piadas ruins que eu me recusei a rir, Lino dormiu na maior parte das aulas e roncou como uma cerra elétrica, Jackson roubou alguns corações de umas garotas aleatórias de Hogwarts, Filch ficou encarando os alunos nos corredores como se fosse jogar um balde na cabeça de um... Enfim, nada de muito importante.

Agora eu estava novamente na biblioteca, lendo um livro trouxa de suspense, tentando ao máximo ignorar os pensamentos alheios que na verdade, nem eram tão altos naquele local -já que no momento haviam poucas pessoas- mas ainda assim atrapalhavam a minha leitura.

– Você mora aqui agora, Jordana? – Fred se aproximou para a minha alegria, e junto dele estavam Jackson, George e Lino para melhor mais ainda a situação.

Odeio esse apelido.

– Não, apenas estou tentando fugir de algumas pessoas chatas, mas parece que meu esforço não valeu de nada já que você está aqui.

– Sua irmã é um doce de pessoa, Lino. – Disse Fred. Minha carranca aumentou.

– Se fosse você sairia daqui, Fred. Pode acabar morrendo de diabetes. – George brincou.

– Ou de facadas. – Completei.

Lino e Jackson -que pareciam ser os unicos com noção do perigo- se afastaram alguns centímetros, provavelmente para evitar futuros hematomas.

Não que eu estivesse realmente irritada com Fred, eu não estava, mas quando se vive por tantos anos cheia de vozes altas e pensamentos confusos na cabeça, você acaba dando muito valor ao silêncio, e quando esse silêncio é impedido por qualquer coisa que não seja o problema real -ler pensamentos, no caso-, é praticamente impossível não querer socar as pessoas.

Então não é como se eu não gostasse dele, eu até o suporto, apenas odeio que atrapalhem meus únicos momentos de paz, e não consigo não ser agressiva em relação a isso.

– Eu vou correr o risco, afinal, a companhia dessa bela jovem é tão agradável. – Debochou Fred, se sentando ao meu lado, mas não demorando nem dois segundos para se levantar de novo.

Nossa, obrigada, ajuda muito a minha autoestima.

– Eu vejo bem como minha companhia te agrada. – Dei uma rápida olhada no capítulo que estava lendo antes de ser atrapalhada e voltei meus olhos castanhos confusos para Fred quando ouvi seus pensamentos.

Ele está preocupado?

– Ficou ofendida? – Fred juntou as sobrancelhas e depois sorriu com deboche apenas para disfarçar o que realmente estava se passando pela sua mente. – Eu não sabia que seu corpo possuía alguma outra reação além de raiva e deboche.

– E ele não possui, meu caro Ferdinando.

Fred uniu as sobrancelhas novamente, dessa vez por confusão, e George soltou uma risada.

– Esse não é meu nome.

– Não é? Desculpe, é que você não tem uma presença marcante o suficiente para fazer com que eu me importe o bastante ao ponto de me lembrar qual seu nome.

– Eu parei de te entender no “desculpe”.

– Ah, é, esqueci que seu raciocínio é lento. – Deixei escapar um sorriso e quando tentei voltar com a carranca já era tarde de mais. Fred sorria de um jeito diferente para mim. Ainda carregava deboche, é claro, mas continha algo a mais que eu não tive paciência de descobrir o que era.

– Pelo jeito, seu coração não serve só para bombear sangue.

– Por outro o lado, seu cérebro só serve para... Ah, é, ele não serve para nada.

Fiquei encarando-o por alguns segundos, esperando por uma próxima provocação, mas ele não parecia querer prolongar o meu aborrecimento. Na verdade, em seus pensamentos, ele estava disposto a me deixar em paz para que eu pudesse terminar de ler.

Acho que ele já cansou de encher minha paciência por hoje.

– Foi bom conversar com você, Jordana. – Fred disse, me fazendo voltar a realidade. Abri um sorriso de deboche.

– Não posso dizer o mesmo, Ferdinando. Agora rale daqui e leve seus amigos junto com você.

– Ela fala “seus amigos” como se eu não fosse irmão dela. – Lino resmungou, um tanto indignado.

– E leve seus amigos e o meu irmão super chato, carente e eu não consegui pensar em mais nada com a letra C que ofendesse ele, com você. – Corrigi, abrindo um sorriso enorme ao ver a carranca de Lino aumentar.

– Meu coração não aguenta mais ser tratado dessa forma.

– Que dó.

Pode fingir que gosta de mim pelo menos na frente dos meus amigos, por favor? Acho que vou te trocar pela Elisabeth, ela pelo menos ama o irmão.

Seu drama me encanta.

Droga, ele não pode me ouvir.

– É brincadeira, eu te amo muito, maninho. Agora ralem daqui que eu quero terminar esse livro ainda hoje.

                           ...

No jantar, pude ver Elisabeth, mas nós não conversamos, já que ela parecia estar um tanto chateada com o banho de vinagre que tinha tomado.

Eu também não demorei muito no salão principal, apenas comi algo leve e fui para a cama bem cedo. Dormir cedo significava menos pessoas dormindo no mesmo horário que eu, e menos pessoas dormindo no mesmo horário que eu significava ter meus próprios sonhos ao invés de uma mistura do de todos.

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Oieee td bem? Espero que yes e espero que gostem desse capítulo

Eu particularmente não sabia mt bem se ia postar ele assim pq tipo, eu não sabia direito o que fazer nele, mas até que eu gostei de umas coisas e espero que vcs tenham gostado tbm

Enfim, era só isso. Votem e comentem se quiserem, me anima muito a escrever.

Bjs e ate o próximo








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