As coisas ficaram normais depois do beijo. Fred até brincou dizendo que deveríamos fazer aquilo mais vezes, mas eu mandei ele arrumar o que fazer e ele logo parou de implicar comigo sobre isso.
Como prometemos um ao outro, nossa amizade não sofreu mudança nenhuma. Eu ainda ofendia ele de todas as maneiras e ele ainda continuava me enchendo a paciência e inventando novos apelidos ridículos para mim. Mas apesar de não estarmos mais trocando beijos, Lino ainda olhava um pouco feio para Fred sempre que ele colocava o braço no meu ombro ou me fazia cosquinha só para me irritar. Fazer o quê, se eu tinha um irmão guarda-costas?
Já era quase véspera de Natal e os alunos que iam passar o feriado em casa já estavam todos no trem de volta para a estação. Fred e George tinham convidado todos nós para irmos para a casa deles, mas nenhum de nós deu certeza absoluta de que iríamos. Lizzie e Jack iam ficar com os pais, e Lino e eu também, mas tentaríamos aparecer lá na casa dos Weasley no dia do Natal.
Mamãe e papai vieram nos buscar no terminal do trem e estavam bem carrancudos, mas eu não imaginava o porquê, já que Lino tinha me jurado que não tinha contado sobre Fred e eu para eles.
– O carro está lá fora esperando. – Foi tudo o que meu pai disse em seu tom rude que parecia tanto com o meu.
Nada de “Que saudades estávamos de vocês.”, “Liana como seu cabelo cresceu desde a última vez que te vi.” ou “Lino, eu adorei as trancinhas que você fez no cabelo.”. Nada. Só olhares irritados e carrancas na nossa direção.
O caminho até em casa também foi repleto de silêncio e eu tentei não ficar irritada ou triste, ou seria atingida pela enxurrada de pensamentos ruins que meus pais deveriam estar tendo e acabaria passando mal, o que poderia resultar em um acidente pior que o último, que foi quebrar os óculos do papai.
Então me concentrei na minha memória mais feliz -e mais irreal-, que era Fred me beijando. Podia até parecer bobagem, mas mesmo eu não gostando de Fred romanticamente, eu não podia negar que meu primeiro beijo tinha sido especial para mim e que por isso era uma memória suficientemente feliz para me manter calma.
– Vão para os quartos. – Mamãe pediu calmamente assim que chegamos.
Ela, dentre nossos pais, era a mais pacífica e se importava mais com a união da família do que com qualquer coisa, por isso evitava brigas ou qualquer situação que pudesse levar uma briga. Devia ser por isso que ela parecia tão desesperada para que subíssemos para nossos quartos e esperássemos até a poeira abaixar.
Mas eu não era como a minha mãe, eu era como o meu pai. A paz não valia de nada para mim se a existência dela fosse falsa ou forçada.
– Não. – Minha resposta fez com que Lino, que já estava subindo as escadas, desse meia volta e viesse para o meu lado.
Ele sempre fazia isso. Eu podia zoar Lino e chamar ele de chato, ciumento e medroso, mas quando eu precisava de alguma proteção e apoio, ele nunca hesitava em me garantir isso. Essa era uma das coisas que eu mais amava no meu irmão.
– Liana, eu quero que você suba. E Lino, você também. – Mamãe parecia mais séria agora.
– Vamos, Liana. – Lino tentou segurar a minha mão, mas eu me afastei de seu toque.
– Eu já disse que não. Não vou subir até nos contarem porque estão tratando nós dois como se não fossemos seus filhos.
– Liana, não é isso, filha...
– Não? – Meu tom foi carregado de ironia. – Estamos longe faz um ano! Só nos falamos por cartas e agora que estamos aqui vocês mal olham para nós? E quando olham ainda é com esse olhar de... de ódio?
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Legilemência.
Romance♡・゚:*。.:*・゚Onde Liana Jordan se apaixona perdidamente pelos pensamentos de Fred Weasley. ゚・*:.。*:゚・♡ ♡・゚:*。.:*・゚Ou onde Liana fica indignada com a quantidade de piada ruim que essa criatura consegue inventar. ゚・*:.。*:゚・♡