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Já tinham se passado uma semana desde o sonho estranho que eu tive. Bem, não era novidade que meus sonhos eram estranhos, -afinal eram os sonhos de quase todos misturados na minha mente-, mas aquele foi pior, muito pior.

Alguém tinha se machucado muito feio nele, talvez até morrido. E mesmo que eu estivesse certa de que tinha sido apenas um sonho, passei a manhã toda chorando e fui para as aulas com a cara inchada, fazendo com que meu irmão me seguisse o dia inteiro com aquela carinha de preocupado.

Agora eu estava na biblioteca -que novidade- com Elisabeth ao meu lado, estudando assim como eu.

– Advinha quem é o novo apanhador na Lufa-Lufa! – Cedrico se aproximou de nós com um sorriso de orelha a orelha.

A minha avó que não é, né? Quis responder, mas a convivência com Elisabeth estava me deixando menos agressiva.

– Olá, senhorita Jordan. – Cumprimentou Cedrico com um sorriso radiante.

Ai papai, me apaixonei.

– Oi. – Murmurei fingindo não estar babando por causa daquele rostinho bonito.

Depois daquele simples “oi”, eu simplesmente parei de prestar atenção na conversa deles e voltei a estudar. Quando a biblioteca fechou, os dois me acompanharam até o salão comunal e depois partiram para o salão dos lufanos.

                           ...

– Oi, Jordana. – Fred se aproximou, sentando-se na cadeira ao meu lado.

– Oi, o que você quer? – Me virei para olhar para o ruivo e então percebi que George, Lino e Mongol -Jackson- estavam com ele. – Corrigindo: O que vocês querem?

– Informações. – Disse Lino.

– Percebemos que a sua bela amiga Elisabeth anda perseguindo os jogadores de quadribol de um lado para o outro e ficamos meio curiosos em relação à isso. – Disse George.

– É, fizemos até algumas teorias. – Lino concordou.

– Então viemos aqui descobrir qual delas faz mais sentido. – Completou Fred.

– Eu só estou aqui porque me arrastaram, na verdade. – O mongol se defendeu.

– Quais são as teorias?

– Achamos que ela está apaixonada por alguém do time.  – Disse Fred.

– Mas como a maioria dos garotos parecem ter sidos batidos no liquidificador, só nos restaram duas opções. – Completou George.

– A não ser que a Elisabeth tenha uma certa queda por dragões, é claro.

– Ai o número de garotos aumenta.

– E quem são os dois garotos? – Interrompi os gêmeos antes que eles prolongassem essa coisa de completar as frases um do outro.

– Lino acha que é o Cedrico mas eu acho que é o Olívio. – Falou Fred e no mesmo instante eu fiz uma careta.

– Olívio? Só tem gente com nome esquisito nessa escola? Sem querer, ofender, maninho. – Lancei um olhar de desculpas para Lino que pôs a mão no peito para fazer um drama, enquanto Fred e George riam.

– Eu acho que eles deveriam fazer um clube para desabafarem. – Jack Mongol propôs. – Deve ser horrível carregar o peso de um nome tão lindo.

– Mas então? De quem a Elisabeth gosta? – A velhinha fofoqueira que se senta todos os dias na calçada de casa para olhar a vida dos outros, mais conhecido como meu irmão Lino Jordan, perguntou.

– Pelo que eu sei, de ninguém. Talvez ela só goste do esporte. – Dei de ombros.

Você lê mentes, Liana, descobre ai vai. Lino implorou e por um momento, eu me vi enfiando três livros pela garganta dele.

– Ah, nossa, como se fosse fácil. – Retruquei irritada, recebendo olhares confusos de todos. Eita. – Desculpem, pensei alto. Bem, estou indo. Tchau.

E então, na velocidade da luz, eu sai dali, indo direção a cabana de Hagrid. Faria uma visita.

– Liana? O que está fazendo aqui? – Hagrid questionou assim que me viu.

– Acabei dando uma de maluca na frente dos meus amigos, então resolvi vir aqui ter a minha crise existencial enquanto me pergunto o porquê de deixarem uma árvore que espanca as pessoas perto de uma escola cheia de adolescentes mentalmente incapazes de tomar uma decisão com pelo menos a mínima dose de inteligência e responsabilidade.

– É uma boa pergunta. Bem, eu estava indo para o castelo, mas você pode ficar aqui se quiser, só não deixe que te vejam.

– Está me deixando ficar aqui? Assim de boa? O quê? Por quê?

– A profa. Minerva me contou. Eu sinto muito, Liana. Deve ser difícil ter que lidar com isso.

– É sim. – Abaixei o olhar para os meus sapatos.

Odiava tocar nesse assunto, sempre acabava chorando.

– Eu estou indo, até mais, Liana.

– OK, tchau, Hagrid.

E então ele se foi, me deixando ali com dezenas de pensamentos confusos na minha mente. E eles iam ficando cada vez mais altos, a medida que a dor pesava em meu peito.

                           ...

Não tinha conseguido dormir de noite e por isso decidi que passaria o dia lendo no salão comunal, evitando ao máximo um estádio de quadribol cheio de pensamentos ansiosos, felizes e altos. Mas é claro que as coisas nem sempre saem como planejado, não é mesmo, Fred Weasley?

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