FAIXA 21 - champagne supernova

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FAIXA 21 - champagne supernova

— Odessa Blissova sozinha é um acontecimento.

A cazaque ergueu os olhos do copo de chá com leite e os direcionou para David.

O sol queimou o cabelo dele, fazendo o brilhar em fios de dourado escuro. Yassin sorriu e sentou na mesa, ficando de frente para ela.

— Você sabe que por muito tempo eu fui sozinha, não é? — perguntou, girando o dedo na borda do copo.

Alguns dias com Rowan foram o suficiente para reviver sua vontade de tomar chá com leite, igual a época da faculdade e incontáveis noites de estudo.

— Não significa que você queira ser ou estar sozinha. Somos seres humanos, precisamos de interações — respondeu o dono do restaurante. — Olha, não que eu não goste de ver você aqui, mas tenho certeza que há outros lugares que poderia estar em um sábado de folga, certo?

Odessa sentiu um caroço na garganta.

David estava certo. Ela tinha outros lugares que poderia estar, mas tudo parecia um borrão gigantesco de cinza e tristeza, onde todos se sentiam assim, não importava onde.

Dias tinham se passado, mas o sentimento era tão vívido e doloroso ainda. A expressão de dor no rosto dele, de algo se quebrando na sua frente, era algo que jamais esqueceria.

— Você vende o melhor chá, David. — Jogou a cabeça para o lado. — Além disso, eu fiz uma caminhada até aqui. Quero estar aqui. É isso.

Yassin nem piscou os olhos.

— Ok, você pode tentar novamente.

— Tentar o que?

— Pode tentar mentir novamente. Eu deixo. Essa de sair para uma caminhada quando lá fora está fazendo um grau, não colou.

Ela soltou uma risada, tentando não se sentir atingida.

— Não estou mentindo.

O homem estreitou os olhos e a encarou severamente. Às vezes, esquecia que conhecia ele desde criança e que David conseguia ler muito bem seus sentimentos. De alguma forma, ele conseguia desvendar seus pensamentos, se tornando cansativo o impedir de fazer.

— Você esteve aqui nos últimos quatro dias. Tomou café, almoçou e jantou aqui, ficando até mais tarde — analisou, a mão correndo pela barba bem aparada. — Meu palpite é que você está fugindo.

Fugindo.

Uma fagulha de raiva se acendeu no peito.

— Não estou fugindo. Por que eu estaria fazendo isso?

Os olhos do marroquino se tornaram suaves ao dizer:

— Porque, Odessa, seu namorado sofreu uma lesão no primeiro jogo dele de volta ao time. E você não está sabendo lidar com isso, porque não quer vê-lo sofrendo.

Seus olhos arderam. Doeu tanto, como se um punhal tivesse rasgado sua alma. A verdade sendo jogada como sal em cima da ferida.

Ela não queria acreditar que estava fugindo. Não podia estar fazendo isso, e não ligava para o que as outras pessoas pensavam, mas talvez... Durm olhasse dessa forma também.

Blissova desviou do olhar dele de repente. Será que era o que Erik estava pensando dela? Que ela não conseguia lidar com a situação? Que estava fugindo?

Partiu seu coração a lesão, só para ser colado depois por pedaços de fita cheios de raiva. Raiva da vida. Raiva por apenas olhar e não poder fazer nada.

The Yellow and Black PlaylistOnde histórias criam vida. Descubra agora