FAIXA 00 - bette davis eyes

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15 de julho de 2013

Astana, Cazaquistão 

Quando o avião subiu, ficando cada vez mais longe do Aeroporto Internacional de Astana, Odessa Blissova Rozensky chorou.

Aquilo era real.

Depois de sonhar por tanto tempo, finalmente estava deixando seu país natal e seguindo seu coração; seguindo seu caminho para a Alemanha.

Escolher a Europa como sua casa pelos próximos anos, não tinha sido uma tarefa difícil pelos motivos que podia numerar:

1 - Estava indo estudar em uma das melhores faculdades do continente;

2 - Iria morar sozinha pela primeira vez;

3 - Munique ficava mais de 5.000 km de Astana.

O último motivo era a razão pela qual Odessa estava chorando naquele momento, mas não estava chorando por estar partindo. Ela estava chorando de felicidade, porque o único jeito da sua família a visitar seria pegando um avião — coisa que sabia que eles jamais fariam pela filha mais velha.

Mas não, Odessa não era uma pessoa sem coração. É claro que ela iria sentir falta de Astana e Almaty, da sua arquitetura futurista, dos amigos de escola, dos professores que a ajudaram a escolher seu curso, mas acima de tudo, sentiria falta de Sanjar Rozensky.

E era por isso que, de repente, o seu choro era por um motivo triste. Deixar Sanjar, seu único irmão, significava que ele não iria mais brigar pelo controle da tv, que não teria que dar dinheiro para ele por ter estragado seu fone de ouvido novamente, ou receber abraços quentes e reconfortantes quando um dos seus pais brigavam com ela.

Ele era uma das poucas pessoas no mundo que conhecia todos os seus segredos, que apoiou sua decisão de se mudar e esteve ao seu lado quando seus pais decidiram o que era melhor para ela.

Odessa fechou os olhos, as lágrimas descendo ainda pelo rosto, desejando que tudo desse certo. Tinha que dar.

Nada e nem ninguém iria parar ela de obter aquilo que queria.

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26 de julho de 2013

Dortmund, Alemanha

As três coisas aconteceram no mesmo momento.

A garota levantou da cama quando Erik Durm apareceu na porta do banheiro e a campainha tocou.

Com a toalha enrolada e a escova de dente na boca, ele caminhou até a porta e a abriu.

Dolgan estava parado à sua frente, prestes a falar algo, quando a garota passou por eles.

O outro alemão se afastou dela como se tivesse uma doença contagiosa.

Era muito bonita, do tipo que faria um homem perder o juízo, mas era apenas isso: um rosto bonito e falso.

Erik sabia que esse tipo de julgamento era errado, mas a noite passada toda, enquanto a garota tentava chamar sua atenção — e finalmente conseguiu —, não tinha provado o contrário. Ela não havia falado nada que tivesse conseguido o capturar além da atração física. Mas estava tudo bem, porque ambos tinham concordo com aquilo: sexo casual e sem compromisso, sem troca de telefones, sem nada depois.

Ele nem sabia o seu nome quando a levou para o apartamento. E a vendo sair agora, percebeu que não fazia diferença.

Saiu sem olhar para trás.

The Yellow and Black PlaylistOnde histórias criam vida. Descubra agora