FAIXA 20 - over my head (cable car)

46 8 26
                                    

FAIXA 20 - over my head (cable car)

— Você está nervoso?

A luz que entrava pela janela do quarto o transformou em um caleidoscópio. Dourado. Laranja. Azul.

Odessa fechou os olhos para a faixa de luz que os atingiu, e puxou a pesada coberta até a cabeça. O mundo ficou em silêncio, quente e acolhedor. Sua pergunta no ar, pairando entre eles.

Erik pensou por um momento na resposta. Ele tinha passado por uma montanha-russa de sentimentos nas últimas semanas: felicidade, medo, amor, acolhimento, desespero, incerteza. Mas não nervosismo.

Parecia que seus nervos estavam entorpecidos e que a realidade não tinha o atingido ainda com a força total.

E era reconfortante que, no momento, não pudesse sentir nada.

Talvez quando estivesse prestes a entrar para o jogo, a sensação mudasse. Esperava que não.

— Não. Eu não estou nervoso.

Blissova pousou uma mão em seu rosto, o polegar roçando em seu lábio inferior. Algo queimou dentro dele.

— Você pode contar comigo para qualquer coisa. Sempre.

O jogador foi atraído para seus olhos que sorriam. Havia uma força que corria através do azul cálido, escondida pela delicadeza do olhar, mas que podia ser duro às vezes, desafiador.

Ela era tão forte. E Durm queria ser forte também. Talvez pela mulher ao seu lado, mas principalmente por si mesmo.

Forte para ir sempre mais longe. Forte para travar suas batalhas e vencê-las. Forte para ser feliz.

Quero transformar minha dor em força.

A mão que estava em sua bochecha deslizou para a lateral da cabeça, um dedo pairando na têmpora.

— No que você está pensando? — indagou ela.

Ele foi sincero ao dizer:

— Em você. Sempre em você.

Odessa sorriu, estreitando os olhos, deixando-os como fendas.

— Você está mentindo na minha cara?

— Estou falando sério — respondeu, rindo. — Estou pensando no quanto acho você forte. Extraordinária. Excepcional. Magnifica. Isso é inspirador, sabia? Você me faz querer ser melhor.

Erik sentiu o corpo dela ficar rígido contra o seu, os olhos brilharam com lágrimas não derramadas, dançando em um vendaval de emoções.

— Você não pode me dizer coisas assim às sete da manhã, e esperar que eu lide bem com isso — sussurrou, fechando os olhos. — Meu Deus, Erik. Meu coração...

O jogador puxou mais o corpo dela contra o seu, a distância sendo algo que não aceitava.

— Querida, achei que já estivesse acostumada com minhas declarações logo cedo — rebateu, ficando por cima dela, as mãos tocando o colchão, prendendo-a. A coberta caiu para o lado. — Além disso, cada palavra que eu disse foi verdadeira.

Os lábios dele desceram pelo pescoço dela. A respiração da designer se tornou um fiapo, um ruído baixo sendo murmurado sem sentido.

O alemão foi subindo com os lábios, traçando o maxilar, o queixo, os cantos da boca. De olhos fechados ainda, ela perguntou, de repente:

— E se nós nunca tivéssemos nos encontrado novamente no ensaio das fotos? E se o dia da festa nunca tivesse acontecido ou se nós não lembrassem um do outro?

The Yellow and Black PlaylistOnde histórias criam vida. Descubra agora