FAIXA 12 - hong kong garden

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FAIXA 12 - hong kong garden

Odessa estava preparada quando chegou em seu apartamento, e encontrou Arnay Rozensky sentado no sofá, com uma expressão no semblante que dizia tudo e, ao mesmo tempo, nada.

Contraditório. Ele conseguia ser contraditório apenas com o olhar.

A ligação de Erik tinha sido breve, mas importante, avisando que um homem que parecia ser seu pai, estava em seu apartamento, perguntando se poderia deixar ele entrar.

Sanjar tinha também lhe comunicado que seu pai iria viajar para a Alemanha para negócios e a visitaria.

Aquilo a atingiu com uma surpresa avassaladora.

Tinha pedido desculpas por ter lhe dado o seu novo endereço, mas que desejava que eles pudessem se acertar.

Sanjar Rozensky sempre foi a mais esperançoso entre os irmãos, acreditando que um dia a relação entre eles poderia ser boa, normal e saudável.

Ela sempre admirou o irmão por isso, sua ingenuidade e esperança que não se quebravam, mesmo que tudo fosse um caso perdido.

Em quatro anos, desde que se mudara para outro continente, nenhum dos seus pais sequer tinha ligado para ela, muito menos a visitado.

E o fato do seu pai estar ali, a deixava demasiada nervosa, criando um milhão de teorias que tentassem explicar o porquê.

Deixou a mochila cair em um baque no chão, seus olhos encontrando os do jogador, que estava encostado na parede da sala.

Erik abriu um sorriso para a mulher, apesar de parecer tenso, Harp ao seu lado, o focinho por cima das patas.

Blissova não devolveu o sorriso, e desviou os olhos para o outro homem.

Podia sentir os olhos de Durm queimando a lateral da sua cabeça, os sentimentos confusos emanando, e mesmo que doesse fazer isso, tinha que botar sua máscara de indiferença.

Levara anos para aprender a esconder suas emoções, cansada de vê-las sendo usadas contra si mesma.

— Mande os dois cães de guarda para fora, Odessa — seu pai disse, falando em cazaque, sem a olhar nos olhos.

Ergueu o queixo.

Não.

Os olhos dele viajaram para o rosto da filha finalmente, duas pedras negras queimando, uma veia pulsando no pescoço, os cabelos castanhos ralos bem cortados refletindo luz.

— Eu disse...

Ela deu um passo à frente, o cortando:

— Essa é minha casa. Minha, não sua. As suas palavras não significam nada, assim como suas ordens.

Para sua surpresa, Arnay abriu um sorriso vazio. Não era a reação que esperava, no entanto, não deixou transparecer.

— Você sempre foi difícil de domar, filha — disse, levantando-se do sofá. Ele deu uma olhada para Erik, que analisava a cena sem entender absolutamente nada. — Novo brinquedo?

Cerrou os punhos nas laterais do corpo, e respirou fundo.

— Ele não é um brinquedo. É meu namorado — respondeu calmamente, mas por dentro, algo se agitava na superfície do coração. — O que você quer?

Arnay jogou em sua direção um envelope. Ele caiu em cima da mesinha de vidro entre o sofá e ela, e Odessa conseguiu ler o que estava escrito.

Sanjar & Rada

The Yellow and Black PlaylistOnde histórias criam vida. Descubra agora