FAIXA 06 - dance with myself

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FAIXA 06 - dance with myself

Sexta-feira à noite.

Dia do encontro.

Erik tinha se arrumado mais cedo do que o necessário e parecia que havia espirrado o vidro de perfume inteiro em si — conseguia admitir isso pelo menos.

Deveria estar animado com a possibilidades que aquele evento poderia trazer, mas não.

Estava devastado em como as coisas tinham mudado em questão de uma hora.

E, em como, pensou, aquela pequena criatura, saltitando entre um sofá e outro da sua sala no apartamento, com uma mochila do Homem-Aranha presa nas costas, parecia prestes a cair a qualquer momento e partir o crânio ao meio.

A risada infantil de Casper Steinhöfel preencheu o ar junto ao volume alto da música que tocava da tv.

Erik suspirou, sentindo uma pontinha de arrependimento por ser o tio favorito de irmão mais novo de Matthias.

O mesmo, teve uma emergência na faculdade, algo sobre problemas com o conteúdo curricular — honestamente, ele não havia prestado muita atenção —, não podendo cuidar do irmão de noite, pois precisava ir até lá, já que era o único disponível.

Para piorar, Dolgan não poderia cuidar da criança no seu trabalho, e Ranee e Diego tinham avisado logo cedo que iriam passar o final de semana em Düsseldorf, começando pela sexta à noite.

Então, quando Matthias pediu, implorou, para que o jogador cuidasse do pequeno Casper, sentiu-se impelido a aceitar por uma noite a ser babá de uma criança de seis anos.

— Olha, tio Erik! — Casper gritou, pulando de um sofá para outro ainda. — Eu sei voar!

Durm teve que rir da expressão no rosto dele, como se acreditasse fielmente nisso.

Estava ali, naquela expressão facial também, algo que você tem aos montes quando se é criança, mas perde ao longo do caminho turbulento da vida adulta: imaginação.

Com um suspiro baixo, levantou-se da mesa, a mente girando em milhares de espirais de pensamentos, e olhou para o celular em mãos.

Odessa não havia respondido suas mensagens ainda, apesar de ter visualizado. Isso estava deixando ele, no mínimo, ansioso.

Nas mensagens, tinha explicado que havia ficado de cuidar do irmão de Matthias, e que o encontro, não poderia ocorrer.

Quando estava digitando as palavras no celular, teve um crise de risos: parecia a pior e mais ridícula desculpas de todas para furar com alguém.

Talvez a mulher achasse isso também, e nem tivera a vontade de responder com um ok.

— Tio Erik! — Casper gritou novamente, mas agora tinha parado de pular. Parado no meio da sala, ele parecia verde abaixo da pele negra. — Eu não me sinto bem...

No instante seguinte, Erik já estava ao seu lado, segurando seu corpo enquanto botava todos os chocolates que tinha comido para fora.

— Jesus — murmurou, afastando seu corpo e o dele daquela substância perigosa e fedorenta.

Erik tirou a mochila das costas do garotinho, e o deitou no sofá. Foi correndo até a cozinha, pegou um copo d'água e o cesto de lixo dali.

Entregou o copo para um Casper pálido agora, e deixou o cesto ao seu lado, caso uma nova onda de vômito viesse sem freios.

Ele se ajoelhou ao seu lado, e colocou a mão na testa dele para ver se havia febre, mas estava com a temperatura normal.

— Por isso Matthias disse para não deixar você comer doces de noite — falou, aborrecido com sigo mesmo. — Seu irmão fala tanta coisa duvidosa, que é difícil filtrar o que é verdade.

The Yellow and Black PlaylistOnde histórias criam vida. Descubra agora