FAIXA 13 - seven nation army

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FAIXA 13 - seven nation army

Aos que trazem muita coragem a este mundo, o mundo quebra a cada um deles e alguns ficam mais fortes nos lugares quebrados. Mas aos que não se deixam quebrar, o mundo os mata. Mata os muito bons, os muito meigos, os muito bravos — indiferentemente. Se não pertenceis a nenhuma dessas categorias, morrereis da mesma maneira, mas então não haverá pressa alguma em matá-lo.

Os dedos de Erik pararam de escovar os cabelos dela quando a última palavra saiu de seus lábios.

A mulher ergueu seus olhos para os dele, analisando. Os cílios longos faziam sombras escuras em suas bochechas, o rosto banhado pela luz amarelada do quarto.

Odessa gostava do quarto de Erik. Era aconchegante, com janelas que tocavam do chão até o teto, uma cama enorme no meio, e estantes abarrotadas de livros com os mais diversos títulos, de Sun Tzu à Pierce Brown.

Ele era organizado e meticuloso, colocando os livros por ordem alfabética, e até um pouco irritante sobre tocar ou não os exemplares. Ela tinha o convencido a lerem juntos Adeus às Armas de Ernest Hemingway com muito custo.

Mas valera a pena. A voz dele era profunda quando começou a ler com calma, dando entonação em cada palavra de modo que ela pudesse sentir o que o autor queria dizer.

Talvez, pensou, Durm também sentisse isso enquanto falava.

Sua mão livre tocou os dedos dele, entrelaçando-os depois.

Blissova gostava de entrelaçar as mãos com as dele, os dedos longos cobrindo tudo, fazendo um carinho íntimo.

Ela gostava de muitas coisas quando se tratava de Erik Durm.

O alemão disse:

— Sempre achei interessante esse trecho, especificamente sobre a parte que o mundo quebra você, mas depois fica mais forte nos lugares quebrados.

Balançou a cabeça, concordando.

Não era uma hipótese, e sim um fato. O mundo iria te fragmentar eventualmente, mas você tem o poder de escolher levantar-se e seguir em frente.

Ele pegou o livro, folheando as páginas, dando um sorriso de canto.

Se alguém dissesse para ela, no começo do ano que, em novembro estaria namorando um jogador de futebol, ainda mais sendo Erik Durm, Odessa teria rido até sentir suas costelas doerem, dizendo que a pessoa tinha uma imaginação muito fértil.

Teria pago com a língua isso sim. Mas agora, deitada ao lado dele, sentindo sua respiração nos cabelos, o corpo quente segurançando o seu entre as cobertas, parecia a sensação mais certa que sentira em muito tempo.

Tinha se acostumado facilmente com a rotina que construíram rapidamente, e imaginar os últimos meses sem isso, parecia cinzento e apático, como se o jogador colorisse seus dias.

Minha religião é você. Você é tudo quanto tenho no mundo.

Ela sorriu.

— Parece um trecho de alguma música do Hozier — comentou. — Florence + The Machine também.

— Ou Bon Iver — ele disse, afundando o corpo na cama, puxando o dela mais ainda contra o seu. Largou o livro na cômoda ao lado, apagando a luz do abajur em seguida.

Na escuridão da noite, só conseguia ver os contornos destacados do seu rosto.

— Pronta para amanhã? — perguntou.

Blissova suspirou dramaticamente, enrugando o nariz ao fechar os olhos com força.

— Nós temos que fazer isso mesmo? — perguntou de volta. — Todo mundo vai fazer piada com a gente.

The Yellow and Black PlaylistOnde histórias criam vida. Descubra agora