Capítulo 12 | O Celestial e o Demônio.

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Por Otávio estar tão fascinado com o objeto em suas mãos ele não percebeu que o Avô havia saído para o trabalho. Sua atenção estava totalmente voltada ao objeto misterioso, tanto que ele não enxergava mais nada a sua volta. Seu quarto estava quente por conta do tempo seco e sem chuva há semanas, mas ainda sim a pedra de cristal era estranhamente gelada. Então, como se Otávio tivesse apertado o botão On do colar, ele voltou a emitir seu brilho fantasmagórico. Otávio também notou que o pingente cristalino emanava, assim como Jynx quando apareceu na livraria, uma energia bastante agradável, algo que transmitia paz. O que ele não sabia era que essa energia pacificadora era fruto de uma poderosa Aura que viera de fora da cidade, do país... um lugar muito longe, distante de seu próprio mundo.

De repente o colar se mostrou vivo, pois como um imã é atraído pela superfície metálica, a pedra começou a se mover em direção à porta do quarto, como se quisesse mostrar algo ao seu portador, e de fato queria, pois Árammys, a mulher que vivia em seus sonhos e pesadelos o observava com o mesmo interesse que Otávio possuía pelo colar.

Ele percebeu estar sendo observado e seus olhos foram de encontro aos da moça. O rapaz engoliu em seco ao vê-la novamente, mas desta vez bem mais de perto.

A enigmática e bela moça estava na porta de seu quarto, totalmente imóvel e a observar o garoto. Seus olhos, hipnóticos e estonteantes, afrontava Otávio, o deixando paralisado. O manto que lhe cobria o corpo agora era resplandecente e não mais sujo de grama e barro como nos sonhos, e somente suas mãos e pés estavam expostos. Para o garoto era impossível ver a moça e não se lembrar dos Elfos da terra-média; belas criaturas oriundas dos livros do professor J.R.R. Tolkien.

A entidade deu às costas ao quarto e seguiu para o primeiro andar. Sua saída mostrava ao rapaz o que ele precisava fazer: Segui-la.

Rapidamente Otávio colocou o colar no pescoço e saiu do cômodo, curioso.

Chegando ao topo da escada Otávio deparou-se com a entidade ao lado da porta da frente, parada igual a uma estátua. Novamente os olhos penetrantes da moça encaram-no, só que mais perturbador do que isso foi quando o corpo de Otávio, involuntariamente, começou a se mover em direção à porta da frente, tirando seus pés do chão e o fazendo flutuar feito um balão. Mesmo estando apavorado com a repentina ação, ele tinha que admitir que a sensação de leveza que sentiu era muito gostosa, mas o frio na barriga era tão forte que ele não conseguiu curtir o passeio.

— Ei! Não precisa disso não! Eu posso descer sozinho e com os pés no chão! — Ele comentou amedrontado, tentando convence-la. Árammys não o ouviu e o corpo de Otávio continuou a flutuar, deixando-o enjoado.

Os pés de Otávio voltaram a tocar o chão, para seu alívio.

Entidade e humano agora, frente a frente, encarando-se. O rapaz ainda estava apavorado, também precisava admitir isso, mas se seguir a misteriosa entidade por onde ela fosse significava ter respostas, ele a seguiria sem hesitar.

No rosto de Árammys havia urgência e ela tocou na maçaneta, abrindo-a no mesmo instante.

Otávio assentiu e entrou.

A porta se desfez as suas costas.

A entrada, ao invés de dar acesso à avenida de frente a sua casa, deu passagem à mesma floresta de seus pesadelos e isso o deixou ainda mais apreensivo, já que sempre morria no final, sem saber o que acontecia com o casal de fugitivos. Na primeira vez em que esteve na floresta Otávio trajava roupas mais adequadas à dura e misteriosa caminhada, entretanto desta vez ele usava um pijama surrado e, ao invés de usar um tênis confortável, estava descalço.

A grama esverdeada cobrindo boa parte do terreno irregular era gelada e causava cócegas. Ele caminhava com o máximo de cuidado para não despertar os moradores locais, mas milhares de pássaros, abruptamente, foram despertos e alçaram voo quando o choque de metais extinguiu por completo o silêncio do lugar.

Guardiões de Éter - O Filho do ArcanjoOnde histórias criam vida. Descubra agora