Yazalon encarava Otávio sem conseguir acreditar que aquele garoto extremamente pálido e sem nenhum atributo físico notável estava emanando aquela quantidade de energia. O que também deixou o Anjo confuso foi notar que a expressão facial do jovem era de puro pavor ao ser encarado por um guerreiro como o Celestial. Será que ele desconhece sua própria força? Quem é esse moleque?
O guerreiro retirou a parte da armadura que cobria seu braço, e nele havia um ferimento que Yazalon não percebeu sofrer. No mesmo instante ele sorriu em desdém e arqueou a sobrancelhas. Aquela aberração conseguiu me ferir?!
O ferimento se estendia de seu cotovelo até seu pulso, mas não havia sinal algum de sangramento. O pentagrama do Anjo tremeluziu e no mesmo instante o ferimento se fechou.
A Entidade começou a caminhar na direção de Otávio e na medida em que ele se aproximava do garoto seus olhos e cabelos brilhavam. O olhar fulminante do guerreiro causou paralisia em todos os músculos de Otávio, mas mesmo que não tivesse travado ele não teria coragem de dar as costas ao museu e correr, pois, Yazalon provavelmente partiria seu corpo ao meio.
— Foi você o responsável por trazer essas criaturas até a cidade? — O Anjo indagou, enquanto sua Aura crescia conforme se aproximava do interrogado. O sorriso sarcástico do Anjo causava mais do que medo em Otávio, causava raiva. Ele é debochado pra cacete, hein! O garoto pensou.
— Eles estavam aqui para me matar, você não viu? — Otávio disse, na defensiva. O comentário fez o sorriso de Yazalon desaparecer, e o garoto engoliu em seco. É agora que eu morro?
— Não é muito inteligente de sua parte falar comigo nesse tom, garoto. — Ele rebateu, sorrindo e deixando a lâmina de seu machado arrastar pelo chão enquanto ainda caminhava. — Isso é o que, uma armadilha?
— Você bateu com a cabeça quando caiu do céu? — Otávio disse, se esgueirando no trator enquanto o Anjo vinha em sua direção. Ele não pretendia ser grosseiro, já que isso poderia custar sua vida, mas o jovem não iria admitir ser acusado daquela maneira. Otávio olhou por cima do capo do trator e não viu mais o Anjo, viu apenas um rastro de faíscas e fumaça. Ele foi embora?
— Não me desrespeite criatura insolente! — O guerreiro bradou, surgindo de um teleporte atrás do garoto. Com um forte chute ele destruiu o que restava da máquina envelhecida e pegou Otávio pelo braço, erguendo-o. — Eu sou quem decidirá se sua vida continua ou termina aqui, neste solo profanado. Não me faça ter que te partir ao meio.
— Me solta! — Otávio exigiu, já sem medo, mas agora com dor. De longe o Anjo parecia ter uma estatura mediana, mas ao vê-lo de perto Otávio se assustou com seu tamanho, sem contar que o guerreiro o ergueu como se o garoto tivesse o peso de uma caixa de papelão.
— Você está me dando nos nervos, criaturinha irritante! — Yazalon bradou e seus olhos exalaram fogo. A lâmina de seu machado também reagiu a sua raiva e faíscas começaram a aparecerem.
— Eu não sei do que você está falando! Me solta! — Otávio insistiu, se debatendo na tentativa desesperada de se soltar, mas o guerreiro revirou os olhos e começou a rir. Foi então que naquele exato momento algo tirou o sorriso sarcástico do Anjo, e, além disso, as chamas de seus cabelos e olhos desapareceram instantaneamente.
— Onde foi que você conseguiu esse colar?
— Oi? — Otávio respondeu, confuso. Seus olhos assustados foram de encontro ao seu peito e ele lembrou-se de que ainda estava com o colar. Os olhos de Yazalon fixaram-se na pedra de cristal de modo tão estático que deixou Otávio assustado.
— O colar! Estou falando do colar! Não se faça de bobo! — Disse Yazalon, exaltado e impaciente.
— Eu o comprei no Shopping! — Falou Otávio, mentindo. Por se tratar de uma Entidade Celestial, ou seja, vinda diretamente do céu, o garoto pensou na possibilidade do Anjo saber ou não se ele está mentindo apenas lendo sua mente, mas ele não diria a verdade, pois sentia que o colar era a peça fundamental para entender tudo o que estava acontecendo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Guardiões de Éter - O Filho do Arcanjo
AventureOtávio Bravo, um rapaz com albinismo e que, além de lidar com o preconceito que sofre por ser aparentemente diferente, também luta contra a ausência deixada pelos Pais. Como se já não tivesse problemas o bastante, ele é salvo, literalmente, pelo seu...