twelve.

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Liam conseguia ver todo o pátio do telhado da escola. Primeiro de tudo, vá até o telefone tocando no seu armário e o atenda. Conseguia ver a quadra de esportes de um lado e a biblioteca no outro. Vá até o telhado. Se olhasse para trás, conseguiria ver o campo de lacrosse e as colinas que cercavam toda a cidade. Como você pode ver, há uma mesa onde você está, tem três pedras e um copo de água, você só precisa escolher uma e colocá-la na água. Conseguia ver as pedras, parecidas com bolinhas de gude, uma de cada cor: amarelo, azul, vermelho. Liam escolheu a cor amarela. Agora, beba.

Liam se perguntou o que aconteceria se ele enfiasse o celular na água e mandasse a voz ir se foder. Quem quer que fosse essa pessoa, ela tinha matado alguém. E tinha Nolan como refém. Liam odiava isso e odiava não poder fazer algo quanto a isso. Ele odiava a si mesmo por não conseguir fazer algo. Ele hesitou, mas acabou bebendo.

O gosto era o mesmo do da bebida do Lourence's, o bar sobrenatural, porém mais doce. E também mais espesso, com uma textura parecida com amaciante de roupa. Liam sentiu o amarelo-ouro de seus olhos ficaram indo e voltando, mudando a intensidade, ele se sentiu tonto. Uma flecha passou entre sua barriga e seu braço, o tecido de sua blusa dançou com o vento. Liam olhou para os lados, viu alguém de capuz na ponta do telhado, acenando com a mão para ele, havia uma máscara preta e azul em seu rosto, o símbolo que parecia um animal na área da testa. A tontura havia passado um pouco, ele deu um passo a frente.

— Primeira regra, Liam — a voz no telefone avisou, ainda distorcida. — Até essa ligação encerrar, você só se mexe quando eu mandar, você entendeu, não entendeu? Tudo que está em risco. Nolan, Alex... Mason. Eu soube que ele está na biblioteca. Pesquisando.

Liam deu um passo para trás, voltando para a posição de antes, ergueu os olhos até a figura de capa que havia visto mas não tinha mais ninguém lá. Com certeza havia duas pessoas no corredor onde ele e Alex estavam, Liam não tinha exatamente certeza de quantas pessoas eram. Ficou o tempo todo pensando no que Mason faria, ele é estratégico e inteligente, por isso Liam fez exatamente o que achou que o outro faria, manteve a calma e obedeceu tudo que haviam lhe dito. Liam deixaria fazerem qualquer coisa com ele para que não pegassem seus amigos. Controlaria sua raiva com todas as suas forças e assumiria toda a culpa, mesmo essas duas coisas sendo seus piores pesadelos.

Ele sentiu o amarelo-ouro de seus olhos irem embora, suas garras estavam lá mas pareciam mais inúteis do que nunca. Liam lembrou que a bebida alcalina apagava os sentidos sobrenaturais, alguém tinha o deixado bêbado com apenas um copo do que parecia ser uma bebida forte ou mais avançada. O que quer que fosse, Liam não se importava mais. A sensação era boa. A raiva tinha ido embora, a culpa tinha ido embora, seu pai tinha ido embora. Ele tentou conter um sorriso. Talvez a bebida fora mais forte do que Liam imaginou.

— Vire de costas e de um passo para trás.

Liam automaticamente fez o que lhe foi mandado.

— Mais um.

Ele estava indo para a borda.

— Mais um.

Liam hesitou e chacoalhou a cabeça. Mesmo assim, suas pernas pareciam ter criado vida próxima. Faltava pelo menos três passos até ele chegar na borda. Ele sorriu.

— Mais um.

Ele chacoalhou a cabeça de novo, focou em seus amigos: Mason, Alex... Theo. Theo. Theo estava o enlouquecendo. Beijou sua mão sobre um machucado, agiu como se não fosse nada e depois o convidou para uma peça de teatro com seu colega do bar que aparentemente se tornou seu amigo. Theo estava fazendo amigos. Alasca era sua amiga. Liam não gosta de Alasca, e não sabe se um dia vai gostar.

trust • thiamOnde histórias criam vida. Descubra agora