trust • thiam

eleven.

O oitavo aniversário de Liam foi no parque Greenvale. Sua mãe teve que deixar uma das sobremesas de lado pois Alex e Liam tinham comido, escondidos, parte dela no dia anterior. Mas aquilo não tinha feito falta alguma. Havia bolo, salgados, tortas, cupcakes, uma mesa de pebolim alugada e também um castelo inflável. Liam não se lembra do seu pai lá mas com certeza se lembrava de sua irmã mais velha espalhando chantilly cor azul-verde de um cupcake em seu rosto — ele havia feito a mesma coisa no aniversário da garota então era justo. Ele se lembra das velas mas não de qual foi seu pedido. Agora, não havia mais nada disso ali. Tudo tinha sido substituído por anos e lembranças de outras pessoas. O gramado parecia mais escuro, os bancos ao redor de onde Liam estava agora paralisado eram os mesmos de quando ele estava exatamente no mesmo lugar aos oito anos, assoprando as velas em sua frente. Mesmo sem tudo de seu aniversário, mesmo depois dos anos e com a chuva que parecia que nunca iria acabar, tudo parecia o mesmo. Exceto pelo corpo no gramado. Liam pensou, se as velas estivessem novamente em sua frente, ele com certeza iria pedir para que nada disso acontecesse.

Horas antes.

Liam recebeu uma mensagem de texto de um número desconhecido ao meio-dia, exatamente um minuto antes de seu despertador tocar. A mensagem dizia: “Lydia não está mais em Beacon Hills para achar os corpos, isso é uma pena. Mas só torna tudo mais divertido! Sugiro que pergunte a Alex sobre o que ela sonhou, pode ser uma pista ou talvez uma armadilha. Você pode escolher, apenas leve a pessoa certa. Uma dica: não tenha medo do mar.”

Enquanto trocava de roupa, tentou não pensar que em algum lugar havia um corpo o esperando, mas não conseguiu. E isso fez com que suas mãos tremessem e ele começasse a sentir a mesma raiva crescendo dentro de si como sempre, como se fosse uma bola de neve descendo uma montanha igual nos filmes, crescendo mais e mais até explodir em algum momento. O beta encarou suas mãos, ainda enfaixadas do dia anterior, era como se elas estivessem queimando sua pele mas Liam não teve coragem de tirá-las. Ele vestiu uma camisa de manga comprida qualquer e desceu as escadas.

Ver Mason e Theo sentados, cada um em um canto do sofá, assistindo um programa de TV e ainda por cima discutindo civilizadamente sobre aquilo foi com certeza uma coisa nova de se ver. Liam os observou do segundo degrau da escada. Havia uma caixa branca com a logo de uma pizzaria que Liam conhecia muito bem sobre a mesa de centro, a quimera pegou um dos pedaços enquanto Mason falava algo sobre um número de circo. Theo fez uma careta, como se tivesse ouvido um absurdo ou se a pizza estivesse estragada. O beta soube que fora a primeira alternativa quando o mesmo bufou e respondeu algo sobre meio humanos e meio dragões não existirem. Mason o perguntou como ele saberia, Theo apenas continuou a comer sua pizza.

Aquilo realmente tivera distraído Liam por alguns instantes mas por fim, ele se lembrou da mensagem, e da bola de neve. Theo não pareceu surpreso ou demostrou qualquer emoção quando o beta apareceu ali – provavelmente já tinha percebido ele os espiando –, mas Mason logo o olhou. E não parecia nada bom.

— Theo me contou o que está acontecendo com você, Liam. Você escutou bem? Theo. Theo sabia que você estava com problemas e eu não. Liam, você não confia mais em mim para me contar as coisas? É isso? — ele parecia um pouco mais leve agora, talvez um pouco triste. Liam estava lutando contra o tempo e contra si mesmo. Ele já tinha perdido algum tempo enquanto dormia, não podia perder mais, não quando tudo que ele conseguia pensar era que talvez, se eles chegassem cedo o suficiente, poderiam encontrar algo a mais.

— Não é isso! — Liam respondeu, um pouco alto demais. Ele fechou as mãos com força e respirou. — Não é importante e nós não temos tempo pra falar sobre isso agora, tudo bem? Eu recebi uma mensagem. Preciso falar com Alex. Eu já disse para ela me encontrar na lanchonete... o que foi? — Mason estava fazendo uma cara que o beta conhecia e sabia que significava algo como: 'não aprovação'.