35. Pinwheel

1.4K 156 223
                                    


Em meu sonho, eu estou em um jardim todo florido e rosa, com vários homens sentados ao meu redor com túnicas brancas, como os romanos usavam no passado. Eu estava em um divã vermelho, com uma peça rosa parecida, tomando a água que Charlie me serve em um copo dourado e comendo as uvas que Alex depositava em minha boca, sempre assistindo Rowan pintar as minhas unhas com o esmalte fosco que eu tinha escolhido.

– Lola? – Rowan fala comigo, com um grande sorriso. – Lola?

– Sim, Rowan? – apresso em me sentar, pronta para escutar o que ele tem a dizer sobre os nossos... Momentos no St. Martin.

– Que porra de Rowan, Lola?

Acordo sobressaltada quando recebo um empurrão.

Foi tudo um sonho. Ao olhar pra cima, dou de cara com Diane de braços cruzados e um olhar cortante.

– Diane? – reclamo e volto a me esconder debaixo das conversas. – O que está fazendo aqui?

– Você me chamou de Rowan – ela cobra, mas viro de costas para poder voltar a dormir. – Precisamos conversar.

– Pode ser depois?

– É importante, é sobre o diário da mamãe.

A citação do tão famoso diário me faz acordar em um estalar de dedos. Deixo a colcha de lado e me sento. Aperto o interruptor para iluminar o meu quarto escuro. Diane está com o diário rosa em mãos, mas algo perturbador muda em seu semblante.

Parece ser algo importante e com certeza deve ser... Fico ainda mais agitada por ela estar compartilhando algo pessoal comigo: sua experiência em ler o diário de Desirée Chermont.

– O que foi? – digo.

– Isso é um chupão? – ela diz alto e eu nego com as mãos e a cabeça, desesperadamente para que eu pudesse esquecer toda essa história. – Foi Rowan que fez isso em você?

Suas órbitas azuis estão fixas em meu pescoço enquanto eu não sei aonde colocar a minha cara. Enfio os cachos na frente, o mais rápido possível.

– O que? – engasgo com minha própria saliva por ela ter adivinhado tão rápido.

– Você repete o nome dele em sonhos, deve ter sido ele.

– Não é nada disso! – ressalto envergonhada e aponto para o diário. – Então... Que tal irmos direto ao assunto? Sobre o que você quer conversar?

Diane solta um longo suspiro e abre o diário, com ajuda de uma fita rosa cintilante que marca as páginas. Quando ela abre na parte escolhida, ela me entrega o caderno.

– Leia isso – ela aponta para a página da esquerda.

– É sobre o que? – digo animada sem entender para onde ela queria chegar com essa conversa.

– Você vai entender assim que ler.

Apesar de todo mistério em volta de um diário, decido fazer o que me foi pedido. Apesar do medo, dou início a leitura.

A letra da mamãe é muito elegante, traços finos e compridos, parecida com a minha.

Ela deveria ter vinte e poucos anos.

Mamãe está visivelmente perdidamente apaixonado pelo papai em seus segredos escritos. Eles são apenas amigos de trabalho, ela, a principal modelo da campanha das novas fragrâncias da empresa de perfumaria que ele trabalhava e Joseph, na época, estava começando em um cargo mais baixo, era o "faz tudo" da empresa, que fora encarregado em trabalhar com ela durante o processo de divulgação.

Teoria da Serendipidade [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora