23.1. Play

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Hoje é o grande dia.

Sábado.

Festa no parque de diversões.

Charlie.

Quando Tessa teve a ideia do encontro, fiquei bem animada. Todavia, quando o dia finalmente chega, sinto o nervosismo me dominar e tentar voltar atrás. Foi de simplicidade para uma dificuldade imensa enfiar na cabeça que teria o meu primeiro encontro.

Meu pai me deixou na casa de Tessa, depois de muito insistir – muito mesmo – e acabou cedendo a minha saída, contanto que eu voltasse até as dez da noite. E ele é bem pontual, tenho certeza que quando pisar em casa, ele estará na sala de estar me esperando em sua poltrona favorita.

Estou na porta da casa da Tessa, toco a campainha depois de uma eternidade.

Além de estar nervosa com a festa, ontem à noite eu...

– Finalmente você chegou – Tessa abre a porta tão de repente que eu acabo dando um pulo para trás, quase caindo pelos degraus da varanda.

Estava tão imersa nos meus pensamentos que acabei tendo um quase infarto de susto.

– O que aconteceu, Lola? – Tessa indaga ainda na soleira na porta – Você parece abatida.

Engulo em seco.

Aquela pergunta me incomoda mais do que imagino.

– Eu... Não dormi direito ontem à noite – confesso.

– E sabemos o motivo – Tessa dá um sorriso gatuno – entre logo, está todo mundo esperando.

A casa da Tessa é pequena, mas em compensação, bem cheia. Sou apresentada as suas irmãs mais novas, Serena e Catarina Perez, com oito e dez anos, respectivamente. Elas se parecem muito com Tessa, a mesma pele com um tom suave de oliva escuro e o cabelo bem preto e liso, mas o que difere as três é que Catarina tem os olhos azuis.

Conheço mais sobre a família de Tessa, sua mãe, Rúbia Cruz, logo depois seu pai Miguel, que tinha voltado do supermercado com Guadalupe, a avó materna que estava morando na casa temporariamente, tinha fraturado a bacia após cair na rua e precisava dos cuidados e vigilância da família. A única integrante que não está presente é Alma, a irmã mais velha que saiu com alguns amigos.

Nunca fui tão bem recebida em uma casa como dessa vez, quando me apresentei, Rúbia conversou comigo como se fossemos velhas conhecidas, as irmãs de Tessa da mesma forma, parecia que eu era alguma prima distante que tinha voltado depois de muito tempo.

Eles conversam de forma calorosa, é tudo bem animado e eu gosto disso. Bem diferente da minha casa, que mesmo tendo uma considerável quantidade de familiares morando sob o mesmo teto, sempre somos rodeados por um silêncio e um frio avassalador.

Depois da série de apresentações, Tessa me leva até o quarto que divide com sua irmã Alma.

O quarto dela é do jeito que eu imaginei: uma bagunça de cores e desenhos por todas as paredes, mesmo sendo pequeno, encontro inúmeros detalhes em cada parte, que só ressalta ainda mais a criatividade da minha melhor amiga.

E o espaço fica ainda menor com Becca, Darla, Sara, Cheryll, Daniel e até Steve compartilhando o mesmo ambiente. É uma barulheira sem fim, todo mundo se esbarrando, um reclamando com o outro, ou rindo de algo.

– Todo mundo, deem oi para a Lola! – Tessa fecha a porta assim que entramos.

– Oi, Lola! – todos falam em um coro perfeito que me deixa à vontade e me faz pensar que ter insistido o meu pai em me deixar na casa de Tessa – sem falar que é a Tessa – valeu muito a pena.

Teoria da Serendipidade [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora