Teoria da Serendipidade [CONCLUÍDO]

29. Take a Hike

Ao chegar no St. Martin, sinto que vou morrer na porta do prédio e não vou conseguir ver as primeiras aulas. O que seria uma grande tragédia, já que desloquei a pé da minha casa até o ponto de ônibus com muita dificuldade, merecia uma recompensa pelo esforço.

Becca até me ofereceu uma carona, mas optei por ter minha independência e dar o meu próprio jeito, sem ter peso na consciência em fazer a garota rodar a cidade por minha causa.

Chego no meu armário com a garrafa de água pela metade. Abro o meu armário e no mesmo tempo, consigo perceber dois corpos que se aproximarem, cada um de um lado. Sei quem são, mas rezo estar errada. Faço as minhas coisas e quando fecho o armário, eles se manifestam.

– Bom dia, Lola – Rowan e Charlie falam em uníssono. – O que você está fazendo aqui? – eles continuam falando juntos.

– E o dia mal começou... – suspiro já prevendo brigas infantis entre os dois.

– Pare de me imitar, Rowan! – Charlie reclama, me ignorando.

– Eu? Imitar você? Eu precisaria perder metade dos meus neurônios para chegar nesse estado. – Rowan gargalha como um vilão da Disney.

– Seu sonho.

– Meu sonho é tirar esse sorriso da sua cara hoje.

– Boa sorte com isso.

– Obrigado.

Pego meu celular. Becca ainda não respondeu, provavelmente está dormindo e vai chegar atrasada para o colégio. Tessa me respondeu, mas pelas suas últimas mensagens, está se arrumando para vir... O que significa que irá demorar um pouco.

Estou sozinha dessa vez.

– Vocês precisam de alguma coisa? – falo entre os dois meninos, que param de discutir para me escutar. – É que eu tenho um compromisso...

– Que compromisso? – Charlie pergunta inocentemente, me pegando de jeito na mentira e Rowan fica atento, como se estivesse esperando pela resposta também.

– É que eu... Eu... – começo a gaguejar, tentando pensar em algo crível para fazer os dois desistirem de mim.

Eu nem entendo porque isso está acontecendo. Isso não acontecia antes, porém, de repente, aonde eu estou, os dois brotam do nada e começam a brigar enquanto eu tenho que ficar assistindo.

– Ei, Lola, que bom que encontrei você!

O meu salvador chega antes mesmo que eu precisasse deixar alguma mentira escapar. É Alex, que com seus quase dois metros de altura, consegue ser mais alto que Charlie e que Rowan. Ele está usando uma camisa branca e jaqueta xadrez azul.

– Bom dia, Alex – digo a ele, é impossível não corresponder ao seu sorriso, que por sinal, é muito bonito.

Para a minha surpresa, Charlie e Rowan ficam calados e eu até estranho. Quando vou reparar nos garotos, vejo que ambos estão fuzilando Alex com cara de poucos amigos. Porém, o garoto do Cold Demons não presta atenção neles para se preocupar com isso.

– Eu estava atrás de você, não achei que estaria aqui tão cedo, pensei que encontraríamos no almoço, mas... Parece que dei sorte. –

Ele transparece tranquilidade e sinto o nervosismo subir... Afinal, ele estava procurando por mim, não esperava por isso. Começo a enrolar o dedo em um dos cachos loiros.

– Por que ela tá enrolando o cabelo? – Rowan cochicha para Charlie.

– Eu não sei, mas não gostei nem um pouco. – o rival responde.