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Com medo de que a mão da Kim tenha sofrido algum lesão séria, vou com ela até a enfermaria do complexo, enquanto os meninos vão para o dormitório.

A enfermaria é uma sala grande e estreita, com uma fileira de camas em cada lado. Algumas das camas contam com cortinas que as separam das outras. No lado direito da sala, há uma cabine de enfermeira. Deve ser o local onde os membros da Audácia vêm quando estão doentes ou machucados. A mulher na cabine vem até nós e segura uma prancheta. Tipicamente audaciosa, da cabeça meio raspada até os pés com botas de combate. Alguns membros da Audácia devem se candidatar para exercer funções que tradicionalmente seriam entregues a outras facções. Afinal de contas, não faria sentido que os membros da Audácia fossem até o hospital da cidade sempre que um deles se machuca.

— O que aconteceu? — pergunta e me encanto por sua voz. Tem uma rouquidão natural e ela fala com firmeza, como quem está no controle.

Kim conta sobre a luta e mostra sua mão.

— E você? Algum ferimento que eu precise olhar? — a enfermeira passa o olhar pelo meu corpo com rapidez antes de pegar a mão de Kim e examinar com suavidade.

— Nada que eu não possa lidar, obrigada — respondo. Ela assente.

Um grupo chega, reclamando ao quatro ventos de dor. A enfermeira revira os olhos. Colocando rapidamente uma pomada por toda mão de Kim, ela se vira para mim.

— Fique de olho na sua colega, isso é o máximo que eu posso fazer agora. Coloque mais gelo e se não melhorar volte depois — bufa insatisfeita — como vê, estamos com falta de pessoal.

Com isso, ela vai até os recém chegados, nos deixando de lado. Continuo pressionando a mão de Kim no gelo e vamos até o dormitório. Ele está quase vazio, mas felizmente quem nos interessa estão sentados nas camas. Liam na minha e Tobias na própria.

— Perdemos algo? — Kim questiona, se sentando em sua cama. Me sento encostada na cabeceira da minha, com Liam a minha frente.

— Vocês perderam o comunicado de Blake —  comenta.

— Nós vamos a uma excursão amanhã até a cerca, para aprender sobre as profissões da Audácia – completa Tobias. – Precisamos estar no trem às oito e quinze.

— Tão cedo? — reclama Kim.

— Olhe pelo lado bom: quando for oficialmente uma audaciosa, vai poder escolher uma profissão noturna, como uma garçonete — Liam diz.

— Não quero ser uma garçonete — ela torce o nariz para a ocupação — quero ser tatuadora.

Isso faz eu e os meninos nos entre olharmos surpresos.

— Isso é surpreendente — Liam diz por nós três.

— Por quê? — Kim olha para nós levemente confusa.

— Esperava que você fosse querer, sei lá, ser uma líder — respondo.

— Muito disputado — ela faz uma careta.

— Nisso eu concordo com a K. Onde houve concorrência, serei a desistência — Liam comenta.

— E não quero nada que me lembre meus pais. Quero seguir meu próprio caminho — continua a morena.

— E por que tatuagem? — Tobias pergunta.

— Quando eu era criança, fiquei fascinada com uns audaciosos que foram até minha casa para conversar algo com meu pai — conta — eles tinham tatuagens tão belas que eu não consegui parar de pensar nelas por semanas. Até mesmo desenhava seus padrões em meu caderno de escola. Procurei mais sobre e descobri sobre a profissão de tatuador. E cá estou eu.

— Você vai conseguir — comento e estou sendo honesta. Eu acredito que ela realmente vá conseguir.

Ela me lança um sorriso emocionado e se recompõe.

— E vocês? O que querem fazer?

— Algo legal, mas não muito perigoso — Liam parece avaliar as opções — talvez algo aqui dentro. Um instrutor ou cozinheiro.

— Cozinheiro? — Kim olha para ele assim como eu e Tobias: chocada.

— Eu adorava cozinhar em casa — ele encolhe os ombros, um pouco envergonhado — não seria problema cozinhar aqui também.

— Tobias?

— Algo que eu não tenha que lidar muito com pessoas — sua reposta é exatamente o que eu esperava — talvez com tecnologia. Acho fascinante.

— Ouvi dizer sobre cargos em que a pessoa controla as câmeras de segurança, faz manutenção da parte tecnológica, resolve os problemas virtuais que a facção não confia a Erudição... — conta Kim.

— Parece bom para mim — ele sorri fracamente e assente.

— E você, Skyler? — Liam me pergunta.

— Bom — suspiro, pensando, mas nada me vem em mente — no que eles me colocarem está bom, acho.

— Nossa, que sem perspectiva — desaprova Kim.

— Você poderia ser vendedora de roupas! —
Liam sugere — é simpática o suficiente para isso.

— Ou instrutora! — Kim sugere também, mas parece pensar melhor — não, melhor não...

— Professora das crianças — tenta Tobias — mas talvez não desse certo. Ou elas te comeriam viva, ou você as amoleceria.

— Não vou me preocupar com isso agora — me levanto — preciso me concentrar em sobreviver a isso e ser aprovada, aí sim vou pensar em como ser útil.

Tomo um banho rápido e evito olhar meu corpo, sabendo que os hematomas estariam bem piores amanhã. Com um suspiro sofrido, saio do banheiro e vou até minha cama, já sem Liam nela. Me deito e apago em poucos minutos, torcendo para que um dos meus amigos me acordem amanhã, porque eu com certeza não serei capaz de levantar por vontade própria.

 Me deito e apago em poucos minutos, torcendo para que um dos meus amigos me acordem amanhã, porque eu com certeza não serei capaz de levantar por vontade própria

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