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— Um encontro? — O encaro incrédula — Eric, eu ainda nem tomei banho. Saí da luta e vim direto trabalhar.

— Te dou todo o tempo do mundo para se recompor — diz — talvez não todo o tempo do mundo, porque estou todo dolorido e não vejo a hora de dormir, mas uns trinta minutos eu aguento.

— Isso é loucura — sorrio, começando a andar e sendo prontamente seguida — onde vamos?

— Primeiro dormitório, depois refeitório. Nada empolgante, mas vai melhorar quando formos oficialmente membros daqui — responde.

Ficamos em silêncio, cada um com seus pensamentos. Eu quero aceitar o convite, mas Tobias surge em minha mente na hora. E se ele ficar magoado? Claro, não temos nada e ele nunca demonstrou gostar de mim além amizade. Eu que às vezes brinco ou mergulho de cabeça nas brincadeiras insinuativas de Liam e Kim. Mas sei que rolou clima várias vezes e a criação dele foi muito diferente da minha, a facção dele sendo uma inibidora de emoções. Não posso culpá-lo totalmente por não demonstrar interesse em voz alta primeiro. Deveria ser eu.

Entretanto com Eric parece mais fácil que com Tobias. Posso encarar um caso, um namoro, algo mais sério, um coração partido. Irá doer e marcar, como as canções dizem. Com Tobias, se der errado poderá afetar toda a dinâmica do nosso quarteto. Com ele, eu perderia além de um romance, uma amizade. Sinto que com ele me culparia mais do que se algo desse errado com Eric.

Quando chegamos no dormitório e só tem alguns colegas conversando distraídos em suas camas, decido aceitar.

— Estarei pronta em dez — aviso, indo até meu baú e depois ao banheiro. Sou rápida em me limpar e arrumar. Enquanto faço uma trança embutida despojada e prendo com meu velho pedaço de pano vermelho, penso que preciso investir mais em meu visual. Um vestido, um batom e um delineador serão o suficiente, afinal, eu estou sempre ocupada trabalhando ou treinando.

Me olho uma última vez no espelho do banheiro, grata por ser naturalmente bonita. Pelo menos isso meus pais me deram de bom.

Passo na minha cama, deixando tudo lá e calçando minhas botas.

— Pronta? — Eric me pergunta e eu assinto. Vamos em um silêncio confortável até o refeitório, que está meio vazio.

Pegamos nossa refeição e sentamos em uma mesa no canto, ficando um de frente para o outro.

— Então, Eric — começo, após dar o primeiro gole em meu suco — por que me convidou?

— Por onde começar? — Sorri divertido — eu gostei de você desde a primeira vez que cruzamos olhares no trem. Pulamos juntos e aquilo foi épico. As conversas no banheiro. Essa tensão deliciosa toda vez que estamos perto um do outro — estende a mão pela mesa e eu a pego. — Eu gosto da sua personalidade, lealdade, persistência e ousadia. Você é alguém que eu quero estar perto sempre.

— Eu me atrai por você desde o primeiro olhar também — confesso — gosto da sua coragem, confiança, esperteza e charme. Gosto de como faz eu me sentir.

Ninguém nunca fez eu me sentir assim.

— Gosto da maneira que faz eu me sentir também... — Ele para de falar, seu olhar focando em algo atrás de mim. Antes que eu possa me virar para ver o que é, alguém se aproxima.

Para minha surpresa, Tobias para bem ao nosso lado.

— Ei, Tobias — sorrio nervosamente. Não estou fazendo nada errado, repito à mim mesma. Mas isso não melhora muita coisa.

— Ei — ele me olha desconfiado e então para Eric, que sorri.

Sorri?

— Você está sendo oficialmente convidado para o nosso encontro — diz e apesar do sorriso, não parece estar brincando. É sério.

Ascendente | DivergenteOnde histórias criam vida. Descubra agora