Ascendente | Divergente

13

Na manhã seguinte todos parecem mortos-vivos, enquanto eu e meu grupo somos os mais dispostos. Eric também está bem, jogando isso na cara de Riva que o perturba por não ter acompanhado ela na noite anterior. Até cantarolo uma canção enquanto vamos até a sala de treinamento — para a irritação dos meus colegas.

Nem ligo.

— Olhem — Tobias aponta para o enorme alvo em um dos cantos e, ao lado da porta, uma mesa repleta de facas.

— Finalmente, sem brigas — falo aliviada.

— É, só instrumentos mortais, o que é bem melhor — zomba Liam, me fazendo dar uma cotovelada em seu abdômen e ganhar uma risada em resposta.

Nos reunimos em volta de Kyle e Blake, como boas ovelhinhas que somos.

– Amanhã será o último dia do primeiro estágio — conta Blake — e vocês vão lutar novamente. Mas, hoje, aprenderão a mirar. Todos devem pegar três facas. — Ele aponta para a mesa repleta delas. — E devem prestar atenção enquanto Kyle demonstra a técnica correta para lançá-las.

Depois disso é uma bagunça de facas. Alguns são bons como com armas, como Kim e outros não tão bons, como eu. Consigo acertar o alvo principal uma vez ao menos e chegar perto em todas as outras. Pratico com as duas mãos, me mostrando razoável com ambas. É claro que eu preferia excelente com uma que razoável com duas, mas é o que tem para hoje.

— Você é tão bom — comento com Tobias, que há minutos não erra uma vez sequer.

— Acho que peguei o jeito — dá de ombros, humilde. Porém percebo um brilho orgulhoso em seu olhar, o que me deixa feliz por ele.

— Vai ter que me ensinar mais tarde então — sorrio e sou prontamente retribuída.

Somos treinados até a exaustão, mas Blake fica satisfeito com nossos resultados.

— Não se esqueçam que amanhã é o último dia do primeiro estágio! — Reforça Kyle antes de nos dispensar.

— Eu estou tão ansiosa — confesso aos meus amigos enquanto vamos ao refeitório.

— Deve ser impossível não ficar ansioso — Liam comenta — amanhã provavelmente algumas pessoas já serão cortadas.

— Céus, — murmuro tensa — é tão estranho pensar que nem todos vão conseguir.

— Então não pense. Se concentre na luta de amanhã — Kim aconselha — force seu cérebro a repassar várias situações.

— OK — assinto, o barulho familiar de conversas e objetos metálicos me deixando mais a vontade.

Não estou com muita fome e a conversa é dominada por Tobias e Liam, que falam sobre golpes populares entre nós, novatos.

— É uma piscina — sussurra Kim ao meu lado, aparentemente para si mesma.

— O quê? — Questiono, curiosa.

— O refeitório é uma grande piscina — sigo seu olhar e percebo que sim, estamos em uma piscina. Há buracos que poderiam muito bem expelir água. As luzes amarelas nas paredes fazem o lugar parecer mais acolhedor, em contraste com as luzes do teto que são fortes e brancas.

Com que facilidade eles poderiam matar todos nós? Apenas trancando as portas e, se a pressão da água for forte o suficiente, em apenas alguns minutos todos nós estaríamos mortos.

— Que... Horror — consigo dizer, a encarando temerosa.

— Relaxe — diz, sua face se suavizando ao perceber meu receio. — Provavelmente isso foi por acaso. Já estava aqui antes e eles aproveitaram. Não foi construído com a intenção de, sei lá, nos afogar.