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Assisto as lutas em topor, tentando me distrair do que acabei de fazer. Não me sinto mal por me vingar de Luther e sua atitude patética, mas parece errado de qualquer jeito. Mesmo que meus pais não tenham sido as pessoas mais amorosas do mundo, sempre fui ensinada a não revidar, a prezar pela paz acima de tudo. Na maior parte da vida drogada demais para ser violenta. Reagir. E agora que tive esse poder em mãos, no controle pela primeira vez, imagino por um momento se eu me defenderia dos meus pais se me batessem novamente. Talvez. Talvez o velho medo fosse demais. Talvez. Talvez meu eu audacioso já esteja forte o suficiente para fazer o que é preciso.

— Amanhã será um dia muito importante. Primeiro, é o Dia da Visita. Seus pais poderão vir visitá-los — Blake chama atenção para si após a última dupla acabar — mas não levem isso muito a sério, claro. Muitos não vêm e não é nada pessoal. Facção antes do sangue, lembrem-se.

Com isso não tenho que me preocupar, porque meus pais não vão vir.

— A noite, iremos anunciar as classificações — sinto meu estômago revirar com isso e aperto mais Liam, que me aperta de volta.

— Descansem — Blake aconselha, então dá um sorriso amigável e sai da sala com Kyle ao seu lado.

— Será que conseguimos? — Pergunto.

Desta vez, Darius se juntou à nós para comentar as lutas.

— A surra que você deu em Luther lavou minha alma. Eu provavelmente estou limpo de todos os meus pecados — zomba ele, fazendo todos concordarem. Reviro os olhos, mas sorrio.

— Todos nós fomos muito bem — Kim garante, parecendo confiante — eu realmente acho que conseguimos.

— Vamos comer algo? — Sugere Liam, o menos afetado de nós. Claro, ele derrotou seu oponente em literalmente um minuto.

— Preciso passar um turno na enfermaria — aviso, já me afastando deles — nos vemos mais tarde!

Ajudo Felicia após uma rápida conferida dela em mim. Ocupo minha cabeça em cuidar dos meus colegas, até mesmo conversando com nascidos na Audácia que competem comigo quando a vez deles de testes chega. Evito passar perto de Luther e ignoro quando Riva e Gael o visitam, me mantendo longe.

— Você me deu um belo trabalho com ele — Felicia comenta ao meu lado, me assustando. Droga, ela me pegou encarando!

— Como você sabe que fui eu?

— Os garotos que o trouxeram contaram — ela sorri  — se tem algo se espalha rápido aqui é fofoca.

— Adoro uma boa fofoca — comento.

— Esse é o lugar perfeito para você, então — pisca divertida — se os pacientes não contam as coisas, o vai e vem de pessoas conta.

Felicia então vai até o grupo, conversando com eles e liberando Luther. Vou até um dos leitos e checo a temperatura da paciente enquanto o trio passa por nós.

— Você não deveria estar fazendo isso daqui meia hora? — Me pergunta Diana, uma garotinha de apenas nove anos muito esperta.

Felicia vai conferir daqui meia hora, eu vou conferir agora — tento enrolar ela.

— Qual a diferença?

— Meia hora pode ser a diferença entre a vida e a morte — digo, solene.

— Besteira. Você está sem nada para fazer e decidiu passar o tempo brincando — retruca.

— Se é assim, você é minha boneca favorita — faço cosquinha nela, provocando risadas.

— Vejo que já está bem, Diana. Está até brincando com minha assistente — Felicia fica ao meu lado.

— Oh, não, doutora. Ela que me fez rir! — Me acusa sem vergonha — ainda estou doente. Não posso sair daqui até ficar de noite! Sabe, algum tempo depois da escola.

Dou risada, enquanto Felicia permanece firme.

— Você realmente teve febre mais cedo, por isso ficou aqui para ser cuidada e faltou aula. Mas Diana, não pode simplesmente ficar aqui toda vez que não quiser ir para a escola  — avisa a mais velha e eu assinto em apoio.

— Foi só hoje, sério! É que os cabeções da Erudição arrumaram encrenca comigo e eu não queria brigar. Eu sei que sou fracote por isso, mas não gosto — confessa corando, seu biquinho se projetando um pouco em antecipação ao choro. Faço carinho na sua mão.

— Está tudo bem, querida — a consolo — nem todos nascem para brigar. Alguns nascem para cuidar da terra, outros para julgar, outros pesquisar, outros para se doar. Você não precisa ter vergonha de não gostar de briga.

— Mas todo mundo aqui gosta de brigas — diz.

— Nem todo mundo — rebato imediatamente  — eu não gosto. Só brigo porque é necessário para ser aceita aqui.

— Eu também não gosto. Por isso ajudo as pessoas depois delas brigarem — Felicia concorda.

— Interessante — Diana comenta, parecendo assimilar o que dizemos.

— De fato — assinto, tão séria quanto ela.

— Que tal descansar agora? Daqui uma hora chega um lanche e conferimos sua temperatura novamente — Felicia sorri para a menina, que assente e se aconchega na cama, fechando os olhos.

Nos afastamos dela e continuamos a cuidar dos outros pacientes por mais algumas horas.

— Pode ir, Skyler — Felicia me dispensa — e amanhã não precisa vir. Quero que descanse, aproveite o Dia da Visita e especialmente sua classificação para a segunda fase. É um momento incrível.

— Acha que eu vou passar? — Indago nervosamente.

— Eu tenho certeza — sorri reconfortante — você é boa demais para deixarem escapar.

— Obrigada. Sua opinião vale muito para mim — sorrio.

Nos despedimos e me surpreendo ao encontrar Eric do lado de fora da enfermaria, encostado na parede parecendo distraído em seus pensamentos. Chamo sua atenção me aproximando.

— Tudo bem? — Pergunto, meu olhar checando seu corpo à procura de ferimentos aparentes, algo que Felicia me ensinou logo no começo. Sua aparência não é da melhores, seu belo rosto foi detonado por Tobias, mas nada que o tempo não cure.

— Estava prestes a fingir uma dor em algum lugar para entrar lá e falar com você — admite, sorrindo de canto.

— O que quer comigo? — Questiono, curiosa.

— Convidá-la para um encontro.

skyler não deveria ter sido tão violenta ou luther apanhou pouco?

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skyler não deveria ter sido tão violenta ou luther apanhou pouco?

quero chamar atenção ao fato de que liam foi um amor abraçando a skyler até acabar as lutas (só parando pra lutar e nesse momento kim assumiu, garanto) 🥰

o primeiro encontro do milênio vem aí 🗣️

Ascendente | DivergenteOnde histórias criam vida. Descubra agora