"A Linha que Conecta"

21 5 0
                                    

      Não é fácil quando se encontra em um estado perigoso que foge da sua realidade, esmagando qualquer neurônio. Uma cruel história.
    Um soco no olho, palavras malditas, um gosto amargo de sangue. Não havia muito o que ser dito naquele momento. Palavras vazias demais, bocas zipadas, olhos cegos. A dor era vista chegando, lá no horizonte.
    Naquele instante, Thall viu que não estava sozinho, e que suas palavras foram inúteis, e que suas mãos falariam mais do que uma simples boca.
    Chegando ao clímax dramático da dor, uma voz surge logo próximo ao pátio.
     - Deixa ele em paz!
   Logo, os valentões alí presentes, se fizeram de surdos, e continuaram tal ato, só para arrumar uma confusão generalizada, que lhes fizessem durões o suficiente para comandar aquela escola tosca.
     Imediatamente, a voz que era quase irreconhecível, passou a ser uma voz de ódio e justiça. A voz tinha nome, personalidade e desejos variados, sonhos e uma boa história para contar, a todos aqueles que paravam para ouvir. Essa voz que por algum momento era misteriosa, se chamava Sammuell.
     Os olhares politicamente raivosos de ambos os lados, criavam um clima desesperador no ambiente. Todos, por alguma forma, eram hipnotizados pelo momento, e seus olhos só enxergavam a futura briga que iria acontecer.
    Sammuell estava pronto para uma nova encrenca, nunca era tarde para se dar mal. Então, todos os alunos se reuniram em volta da confusão, que iniciou-se por um motivo absurdo. E enfim, começou a discussão tão aguardada.
    - Santiago, deixe ele em paz!
    - Sammuell, pequeno, gordo e branquelo e sarnento. Deixe-me terminar de acabar com esse magro.
    - Você me chamou de que? - Perguntou Sammuell, com o rosto vermelho tomate e as sardas que estampava seu rosto, já haviam sumido.
    - De sarnento!...A gostosa da sua mãe sabe que você é meu filho?
    - Vou te deitar na porrada! Ei!  você garoto do caderno, corre!
    Thall, sem pensar duas vezes, correu. Mas não deixaria de aproveitar aquele momento de pegar o caderno, e largar ele na cara de Santiago, enquanto Sammuell atacava. Logo, a escola inteira estava em berros, uivos e assobios. A diretora brotava do chão com força de ódio.
    - Victor Sammuell, Maxwell e Santiago, já para a diretoria! Nós vamos ter uma conversa - Disse a diretora, enquanto ordenava os infratores e inocentes para a "cadeia" do ensino fundamental.
      Mas, essas histórias são normais, pessoas erram, acertam, fazem de tudo para serem notadas ou apenas ter uma linha vermelha que liga seu destino a outra pessoa, e essa linha se estendia até o presente. O maldito presente momento.
            
          "O Presente de Presente"

   No carro, de volta para casa, a mãe de Sammuell estava Indignada e emocionada. Nunca nada havia acontecido com Sammuell, para chegar ao ponto de ser detido por policiais locais, havia acontecido muita coisa, eles haviam sentido muita coisa.
     Logo, o celular de Sammuell toca, era uma ligação o tanto que importa, por outro lado; duvidosa. Era Jess. Sammuell observou por alguns segundos a foto de perfil de Jess no WhatsApp, e quase esquecia de atender ao telefonema. Logo que voltou para si, deslizou o dedo para atender.
     - Oi... - A voz de Sammuell saia fraca, meio trêmula, pois o dia tinha sido difícil.
    - Ah! Meu Deus, Sammuell, eu...Eu sinto muito por tudo. Cara, eu nunca que iria...- A ligação de Jess foi interrompida pela pergunta obsessiva de Sammuell.
    - Ligou pedindo desculpas para o Juan também?
    - O quê? Nunca! Eu sei que ele quem começou esse tumulto, e...Eu realmente sinto muito por tudo, se tiver alguma maneira de falar com a tua mãe, eu explico sem nenhum problema Sammuell.
    - Não adianta falar com ela, a merda já está feita e mastigada. Só se cuida Jess, para eu não ter que machucar mais alguém. - Sammuell desligou o telefone, e olhou para a frente, uma lágrimas escorriam dos seus olhos, a dor era visível.
     Por outro lado, Juan estava se esbanjando simpatia em casa, como um vilão perfeito, falando calúnias e seu nobre heroísmo.
    - Mãe, pelo contrário! Eu fui detido injustamente, eu estava ajudando uma amiga, porque ela estava sendo assediada por um desconhecido, então, bravamente, ao ouvir aquelas palavras sebosas, não medi esforços e caí para cima do assediador.
   - Tá vendo marido?! Nosso filho é um exemplo! Não deveríamos castigar ele por ser um herói, defendeu uma amiga de um bastardo. Filho, entendo teu lado perfeitamente, agora Juan, você vai para o banheiro, tome um banho e volte aqui, teremos que comemorar!
    - Obrigado mãe! Sei que sempre poderei contar com a senhora em tudo.
    Juan se retirou de onde estava, e foi em direção ao quarto, pegou seu celular e ligou para uma pessoa inesperada, essa pessoa era Grazy.
    - Grazy, desculpa tá te ligando agora, mas, tava me sentindo triste e sozinho, precisava conversar.
    - Mano, não sei o porquê eu atendi! Tu ferrou com tudo Juan. Como tu quer que alguém olhe para tua cara agora? Que bosta.
    - Eu não fiz nada Grazy! Eu defendi a Jess, não viu?
     - Mano, para de ser sínico! Todo mundo viu e ouviu, e em troca disso o Sammuell que se fode? Tá fazendo o quê? O que tu contou para os teus pais? Ele sabe o quão filho da puta tu é? Eles sabem o que tu fez? O Sammuell só fez defender a Jess!.
    - E eu defendi todo mundo do Sammuell! Não vê? Ele é louco, lunático, perigoso!
    - Mano, vai se foder! Só me liga quando morrer.
   Grazy desligou-se da chamada fracassada. Depois das desavenças, Juan riu pouco das palavras de Grazy, pegou uma toalha, e foi até o banheiro, para finalmente tomar banho.
     Quando Juan terminou de banhar e de se vestir, ele pegou o celular, andou até a cozinha e lá a surpresa foi emocionante e imediatamente fracassada. Uma companhia um tanto quanto perturbadora e que poderia colocar sua mentira por água abaixo, esse suposto alguém, que estava sentada na sala era Jess, que se levantou, com um vestido deslumbrante e uma voz calma que soava de sua boca as malditas palavras.
    - Oi Juan! Estava passando por aqui, e por algum motivo decidi passar aqui, sei que já está tarde, mas, posso conversar com vocês?
    - Olha Juan! Essa não é a menina que você defendeu na briga mais cedo? - Perguntou a mãe de Juan.
    - O quê?! Defendeu? Como assim? - Perguntou Jess, enquanto encarava cada um alí presente, naquela não tão maravilhosa noite, onde tudo iria se acabar, com um abrir de bocas.
     Mentira tem uma perna muito curta, e os sábios sempre dizem que; espere as piores coisas do futuro, esse sim tem a perna curta, há se tem.
    

  

 

YoungS  - PrimaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora