"Admirável Novo e Antigo Mundo"

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As vezes pensamos que estamos no topo, ou que simplesmente somos perfeitos, e esquecemos do verdadeiro sentido da vida, o verdadeiro sentido da perfeição. E por mais que sejamos ricos ou perfeitos, um dia despencam do alto, caindo para o absoluto poço. Um poço escuro e frio.
A vida é como a chuva, tem momentos que estamos no alto das nuvens, depois de um certo momento, caímos, para molhar cada tipo de pessoa, independente da sua religião, cor, opção sexual, status. Ou seja; das suas diferenças.
Alí, alguém precisava de ajuda, um ser que passava despercebido dos nossos olhos, que só queriam enxergar a beleza. Esse alguém era Kayron. Que estava sofrendo muito, mais do ele mesmo podia imaginar como ser humano.
Kayron, estava deitado na cama em seu quarto, enquanto falava com sua amiga Deb, afim de procurar ajuda para um futuro melhor, sem sofrimento e indiferenças. Era algo complicado e difícil de se imaginar, alguém tão novo, já ter que amadurecer para tomar conta de si próprio.
Até que; Deb teve uma ideia, para salvar o amigo dessa situação tão complicada, e essa seria; fugir de casa.
- Tá louca? E se a polícia me procurar? - Perguntou Kayron, enquanto falava no celular com Deb.
- Calma, vai dar certo, relaxa! A vida é pequena demais para se arrepender.
- Quem acreditaria...Logo tu Deb! Que era um exemplo.
- Um exemplo? - Perguntou Deb, com dúvidas referente ao comentário de Kayron.
- Sim! Na escola você era totalmente diferente.
- Na escola, saímos já, estamos separados. Esqueceu?
- Não! Claro que não.
- Então, o que me diz? Vai fugir ou não?
- Eu não tenho para onde ir...Para onde eu iria se fugisse?
- Olha...Você poderia ficar na casa de alguém que você possa confiar, e que sempre te tratou bem, e quis te ajudar, entendeu?
- Acho que sim... Aliás, tenho que desligar, mãe já tá vindo de novo. Até mais Deb.
- Tchau! Se cuida.

A conversa mais decisiva que alguém poderia ter naquele momento tão marcante na vida dos dois. Era como se nada fizesse sentido, e, que os dias iriam passar, as marcas das lágrimas no rosto iriam secar, e que tudo iria ficar bem, ao passar do tempo, mais supresas, mais desafios ou por uma simples palavra de conquista. Era jovens totalmente cheios de esperança de dias melhores, mesmo que o vazio dos seus quartos não significasse alguma coisa, objetiva, ou conclusiva, que amenizaria a situação.
Os jovens daquela época só queriam paz, e enxergar um mundo colorido, ou apenas serem aceitos pela sociedade, algo que alguns achavam difícil. Era totalmente diferente os dias em que estávamos presentes, para poder compartilhar àqueles velhos sorrisos, e por um momento esquecer daquilo que nos fazia mal. Era como uma anestesia para uma dor inexplicável, psicológica e crônica. Apesar de que não temos palavras para explicar o tamanho das decepções em que vivemos, poderíamos finalmente nos entregar inteiramente, por uma única vez, a vida que tanto queríamos ter, um ao lado do outro.
Para poder explicar mais, ou para entrar mais afundo nas histórias em que vivemos, teremos que voltar muitos anos atrás, onde atacamos o quinto ano do ensino fundamental. Quebrando bocas, socando paredes, apenas vivendo como crianças.
Era um dia diferente da primavera, estávamos todos reunidos em um grande páteo, onde nos deparamos com as professoras e coordenadoras chatas da escola, onde não havia cabimento ter tantas autoridades presentes naquele dia, parecia um acontecimento, um assassinato, só faltava repórteres e um helicóptero da polícia sobrevoando a escola.
A suposta reunião seria sobre um assalto a mão armada que teve naquele dia na escola, estávamos em confinamento, todos calados, menos alguns presentes, e esses "alguns" que estavam tocando o terror em palavras, eram Grazy e Thall.
Eles estavam conversando algo fora de comum, como de costume.
- Grazy, você pode cuidar do meu caderno depois que esse alvoroço acabar? É que eu quero muito ir ao banheiro. - Falava Thall, com uma voz quase inaudível.
- Claro que eu cuido, pode ir tranquilo rato!
- Olha o que a professora disse sobre o bullying, Grazy.
- R-A-T-O!
- Rato é tua mãe!
- Não fala isso da minha mãe, seu rato!
- Ei! Vocês dois, calados! - Falou uma das merendeiras da escola.
- E eu que pensava que o trabalho dela era só fazer comida... - Disse Thall, olhando para Grazy.
- Thall, olha o bullying com os mais velhos! Respeito.
Aquele momento foi memorável, e logo, as secretárias da escola iria acabar com o confinamento, e Thall estava louco para ir ao banheiro, que nem esperou a coordenadora confirmar o encerramento da prisão.
Thall correu imediatamente para o banheiro, deixando com Grazy a responsabilidade de cuidar do seu caderno, que acabara de comprar.
Mas, na volta do banheiro, viu o que não queria ver; Grazy totalmente desocupada, sentada no palco do páteo de pernas cruzadas, plena da vida.
- Grazy, cadê o meu caderno? - Perguntou Thall, meio preocupado.
- Ah, não sei! Tava aqui a uns minutinhos atrás. - Disse Grazy, lesada, parecia que tinha ingerido drogas e estava sobre o efeito delas.
- GRAZYELE! CADÊ O MEU CADERNO?! - Gritou Thall.
- Aquele alí?! - Apontava Grazy, para uma turma de meninos que pareciam estar jogando bola, mas não com uma bola em si, e sim um caderno.
- GRAZY! Você não cuidou do meu caderno, o tanto que te pedir para cuidar. E porquê você está tão lesada?
- Há! Não sei... - Respondeu Grazy, enrolando seu cabelo, despreocupada e serena.
- Ei meninos! Esse caderno é meu! - Falava Thall, enquanto se aproximava do grupinho alí presente.
- A gente que achou abandonado, não tem dono! - Disse um dos meninos, que parecia ser o chefe deles, o reizinho.
- Tá, eu não quero encrenca, só quero meu caderno,e vocês podem confirmar que ele é meu com aquela menina sentada alí atrás.
- Que menina? Está fazendo a gente de trouxa?!
Por mais incrível e incomum que pareça, Grazy havia sumido misteriosamente do local onde estava.
- Você vai levar um bom soco no olho, para aprender parar de mentir, pivete! - Falava o que parecia ser o braço direito do chefe, enquanto cuspia em uma das mãos, provavelmente na mão em que daria o soco.
- Então, qual a necessidade de cuspir na mão para me bater? - Perguntou Thall.
- Ah! Esse infeliz está me testando.
Quando o braço direito do chefe estava preparando seu soco doloroso, uma voz surge, era como se fosse a voz de Deus, impedindo aqueles miseráveis de cometer tal ato, era uma voz jovem e sensata.
- PAREM!
- E QUEM É VOCÊ PARA ME MANDAR PARAR?






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