Kay, naquela mesma noite tão depressiva e fria, arrumou todas as suas coisas em uma mochila, e com toda a angústia; pegou uma folha de papel e uma caneta e escreveu tudo que se passava em sua cabeça, o seu verdadeiro motivo de estar fazendo isso. A carta era mais ou menos assim :
"Mãe, sinto muito por tudo que te fiz passar, por ser essa pessoa problemática. Estou fugindo para me libertar, para ser feliz como eu sempre quis ser. Meus pensamentos estão confusos, na mais pura realidade em que eu vivo, nunca irei ser feliz. Preciso compartilhar essa vida com alguém que me entenda, alguém para dividir as melhores versões de mim, mesmo eu tendo tantos erros, que eu imagino que para a senhora são abomináveis.
Não se preocupe, estou seguro, estou bem, onde sempre quis estar.
Com toda tristeza, Kay"A carta foi simples e direta, mas por trás do autor um adolescente triste, e que só queria fugir de tudo. Kay, pegou a bolsa, abriu devagarinho a janela do seu quarto, colocou os dois pés para fora e pulou. Uma enorme tempestade estava chegando, o vento era uivante e assobiava quanto ultrapassava os portes, os fios de energia batiam, as árvores estremeciam, folhas carregadas pela enorme força do vento. Kay, por sua vez, correu, em meio aos pingos de chuva, sem uma direção exata.
As luzes dos faróis dos carros iluminavam seu rosto pálido, e davam vida para suas lágrimas. Os carros buzinavam, pessoas observavam aquele pobre ser, encharcado pela chuva, sendo carregado pelo vento da tempestade. Ele chorava bastante ao ponto de soluçar, seu arco-íris havia se apagado através de tamanha tristeza, sua incapacidade era vista, ouvida em gritos, seus pensamentos era ofuscados pela chuva que batia com força em seu corpo.
Próximo dos acontecimentos estava Jess e Samm, os dois, com a chuva, tiveram que ficar isolados em um ponto de ônibus, onde nem ônibus parava, local inadmissível. Alí mesmo surgirão laços, uma conversa profunda sobre os acontecimentos futuros, que por uma forma despreocupada atingiu o presente.
Os dois estavam próximos demais para uma simples noite, foi como se o destino tivesse reunido todos naquele mesmo instante, para enfim, viverem a mesma sintonia. Os sorrisos surgiram de uma forma reluzente, em meio a uma tempestade escura. Os trovões soavam avisos, os olhos que enxergavam uma luz atravessando as nuvens eram abençoados.
Samm, com um ato amigável, encostou sua cabeça no ombro de Jess, e contou sua mais linda versão sobre uma chuva no passado, que trouxe desventuras e descobertas, foi uma lembrança obviamente alegre, e que ficará para sempre em sua memória abalada.
- Eu me lembro do dia que eu saí com o Max, e a gente dançou na chuva, foi meio que um ato de amizade.
- Vocês dançaram na chuva? - perguntou Jess, fazendo uma cara de surpresa.
- Sim, ele ia embora no outro dia, e, eu queria aproveitar. Só de pensar que aquele seria nosso último dia, doe a merda do meu coração.
- Sammuell, não fica assim! A vida é uma coisa que nos faz pensar e refletir sobre nossos atos, aproveitar é o verdadeiro sentido dela, e, as coisas passam rápido, o tempo passa rápido, e ele leva com ele; pessoas, objetos; vidas. Pessoas vem e vão, nós não estaremos juntos daqui a um tempo, então, temos que aproveitar, curtir cada momento. A vida não tem propósito.
- Jess, obrigado por existir! Obrigado por ser a Jess. - Falou Samm, enquanto levantava a cabeça para olhar para o rosto de Jess. Os dois se encaravam, seus desejos ultrapassava aquela terrível tempestade, o desejo era incontrolável, seus olhos fechavam, suas bocas zipadas se abriam a caminho um do outro, o vento frio arrepiava seus corpos frios, o momento inseparável, onde seus sentimentos explodiam, ardiam de uma vontade enorme de se beijarem.
Finalmente suas bocas se encontraram, o beijo aqueceu seus corpos que antes estavam frios. Em suas cabeças, o mundo era esquecido, os problemas sumiam e as coisas se tornavam mais fáceis de serem resolvidas. Mas em um piscar de olhos, toda aquela magia voltou a ser um desastre, o beijo foi separado por Jess, que rapidamente colocou a mão no rosto, e com tanto remorso disse - O que estou fazendo?! Tá tudo errado.
- O quê? Não, não tá tudo errado!
- Está sim Samm! Erramos de novo! E eu caí sem pestanejar.
- Então, você não quis me beijar? Porquê nos beijamos já que não queria? Já que sou um erro.
- Cala a boca! Não é nada disso.
- Então porquê? Vai!...Fala.
- Porque eu te amo!...Mas não podemos ficar juntos, entendeu?! Eu não posso brigar comigo mesmo por isso, você não sabe o quanto eu chorei, passei noites em claro, e agora...A tempestade que estava dentro de mim, está matando todos aqui fora, até esse reencontro, até o maldito dia que nós prometemos nunca mais se ver. - Jess, pôs suas duas mãos sobre os cabelos que estavam em sua testa, apoiando os cotovelos nas coxas. O choro era eminente.
Samm, se levantou, quase chorando, olhou para os lados decepcionado, mas uma pessoa quase irreconhecível, molhada pela tempestade, iria levar os conflitos a um nível máximo, essa pessoa era Kay, que estava chegando naquela rua, cambaleando, tonto e sem esperanças de um novo recomeço.
Samm, logo que avistou Kay nas condições que se encontrava, chamou Jess.
- Jess, olha aquele menino, tá tonto. - Disse Sammuell, enquanto cutucava o ombro de Jess.
Kay, caiu em meia a avenida, no meio da chuva. Samm correu para ajudá-lo, Jess logo se levantou na mesma sintonia e correu em rumo a Kay e Samm.
E enquanto corria ela pensava; as coisas pareciam tão superficiais, os acontecimentos tão similares. O que ainda estava por vim? Porquê tudo parecia ser tão confuso agora, chuva, nuvens, frio, preocupações. Não restavam dúvidas, aqueles dias seriam longos, e a cada ponteiro do relógio, seria uma pessoa diferente, alguém que poderíamos ajudar, aliás, somos todos jovens, filhos da mesma semente, frutos do nosso próprio universo. Quem seria as próximas pessoas para salvar? Por enquanto, só o famoso tempo irá dizer.
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YoungS - Primavera
Teen FictionAmigos, desafios e adolescência. Enquanto alguns riem, outros entram em um quarto melancólico esperando que tudo melhore. Bem vindos à adolescência, quanto mais consumida, mais interessante fica. Um grupo de 6 adolescentes vão descobrindo o val...