Capítulo XIV: A Criança da Esperança

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Auriel havia sido incumbida de acompanhar ele em sua jornada e deveria começar o seguindo desde o nascer. O ano era 5.a.C quando ela embarcou no deserto e seguia para a Judéia, local onde o Enviado deveria nascer. Ela ia por uma rota no mundo físico vinda da Pártia. Auriel tinha consciência que, se optasse por seguir a rota no Plano Espiritual, sua viagem seria encurtada em semanas, zeptossegundos, ou no mesmo instante, visto sua velocidade praticamente infinita e ainda seu teletransporte. A ophanim, porém, optou por seguir na forma humana pois queria conhecer e vigiar o deserto ao redor, já que não eram apenas anjos interessados nele, muitos demônios também esperavam esse momento.

Lúcifer havia ordenado para seus infernais que matassem o Enviado, e Auriel sabia disso. A celestial também não era a única viajante por aquela rota que sabia do nascimento do, havia outro grupo de viajantes há um dia na frente da alada e que também gostariam de vê-lo. A jornada iria durar um pouco mais de tempo mas Auriel estava confiante que iria cumpri-la.

Ela vestia um traje tradicional do deserto com uma longa túnica branca de manga longa e que cobria um traje composto por um tipo de calça e camisa na cor cinza e também de manga longa, ela cobria sua cabeça com um véu e escondia seus cabelos rubros e sua pele do sol escaldante, deixando apenas os olhos à mostra; viajava em um camelo.

O animal parecia em ótimas condições. Auriel seguia por uma rota conhecida e de certo poderia leva-la à Jerusalém, que não era seu destino no momento. Ao cair da tarde, notou uma estrela diferente no céu, ela nunca havia visto algo parecido com aquilo, a estrela não era parecida com nenhum astro jamais visto pelas virtudes, os anjos observadores, e brilhava intensamente sem interrupção. Ficou encantada com o sinal e logo desceu do animal para contempla-la

— Então é esse o sinal! — deduziu a celeste.

Amanheceu e ela seguia viagem, ainda faltavam muitas luas para que alcançasse a Judéia e de certo ela esperava por isso. Com o avançar do tempo, ela tinha a certeza que se aproximava do dele. Depois de algumas luas, Auriel avistou um acampamento próximo dela e percebeu que algumas comitivas instalavam-se nele.

Ao se aproximar, notou que os trajes vestidos pelos homens eram num estilo bem oriental e chegavam a lembrar os partos. Alguns carregadores traziam pedras preciosas em baús e aquilo deixou a garota-anjo intrigada, de certo estavam rumando a Judéia também, mas para quê? — indagava-se Auriel.

Pareciam ser pessoas importantes na concepção dela, ela pensou em se aproximar, mas acabou desistindo.
Depois de mais algumas luas, alimentar o camelo e presenciar a virada do ano, finalmente chega em Belém, uma pequena vila afastada de tudo e de todos. Já era noite e ela percebera que a Estrela brilhara mais que o habitual; e o motivo devia ser mais que especial.

— É hoje que ele vem ao mundo! — exclamou Auriel — O dia finalmente chegou!

Ela desce do animal e consegue vendê-lo perto dali seguindo a procura de uma estalagem. No fundo, ela procurava mesmo o Enviado, o que Auriel não imaginava é que ele não estava em nenhuma das estalagens de Belém. Enquanto caminhava pela vila, um ser sombrio emergiu das paredes e começou a seguir a alada de perto. Sua forma era assustadora. Era alto e forte e usava uma armadura completamente escura, usava também um elmo com chifres virados para baixo e uma espécie de foice em suas mãos, aquele ser das trevas não era qualquer um: Seu nome era Bael, o chefe de cem legiões de demônios e um dos mais cruéis assassinos de Lúcifer.

Estava próximo de confrontar Auriel, que sentia algo estranho, mas evitava imaginar uma ameaça à vida do Enviado. Foi quando sentiu uma aura sombra rondando o local, ela se intrigou e decidiu adentrar o Plano Espiritual; foi aí que teve uma surpresa bem desagradável: Viu Bael pronto para executar um golpe de foice nela, um confronto para preservar a vida do Salvador havia começado. Bael lança sua arma com tudo em direção à Auriel que, milagrosamente, desvia por centímetros dela apenas virando seu corpo para o lado.

O demônio parte pra cima e desfere socos em Auriel, que revida e é lançada contra a parede. Quando se levanta é atingida por Bael e fica sem saída, o infernal estava decidido a matar Auriel, a alada desvia e atinge Bael novamente.

— O que é você? — questionou Auriel — Se me ataca covardemente dessa forma, com certeza deve ser um emissário.

— Sou a sombra que você nunca esquecerá — respondeu com voz macabra o infernal — Eu sou Bael, O Chefe de cem legiões do Inferno. Hoje sua jornada termina, Angelus Auriel!

— Não tenho medo de você — retrucou a ela — Não irá impedir que ele nasça!

— Bem que me disseram que era muito ousada, como todos os ophanins! — disse o demônio — Pena que terei que esmagá-la com minha foice. Quanto ao menino, ele não nascerá! — ameaçou o infernal.

— Como ousa? — perguntou Auriel — Seu plano fracassará.

— Meça suas palavras, celestial — pediu Bael — Não faz ideia com quem está mexendo.

Bael avançou contra Auriel e a atingiu com a foice. Auriel caiu, mas logo se levantou e tentou revidar o golpe no infernal. Sem sucesso, acaba novamente atingida pela arma e cai o fitando com fúria.

— Você é patética — disse Bael — Olhe, está ficando tarde e consigo ouvir gritos de dor, preciso cumprir o que me foi ordenado.

Auriel torna a se erguer e golpeia Bael fortemente, derrubando a túnica no chão para facilitar seus movimentos. Os dois trocam socos e a luta prossegue forte até tarde da noite, ela começava a levar vantagem e percebia o cansaço de Bael. À meia-noite o embate chegou a um desfecho final. Mas a ophanim caiu numa armadilha e acabou encurralada por Bael. Quando o infernal ergueu a foice para finca-la na parede, pôde-se ouvir o choro de uma criança perto dali.

— Nasceu! — disse Auriel.

A alada desvia do golpe de Bael, muda de lado e aplica cinco socos decisivos, Bael estava sendo derrotado naquele momento. Por último, Auriel o acerta na cabeça e o faz cair de joelhos no chão, dando-lhe um golpe final em seguida. Ela se levanta, corre em direção ao choro e percebe que ele está vindo de um alojamento de animais próximo à algumas estalagens.

Quando entra, uma cena inesquecível lhe aparece: O Salvador nos braços de sua mãe. Auriel se aproxima deles, mas invisível aos olhos humanos e o contempla. A criança recém-nascida olha para trás e consegue perceber sua presença. Como se a reconhecesse, ele acena e sorri para ela, Auriel retribui e também sorri e acena para o menino, seus pais olham e ficam sem entender para quem o bebê está olhando. A celestial abaixa a cabeça e sorri emocionada.

Cavaleiros do Ar: Elos do ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora