Epílogo

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A queda deixou ressentimentos em Lilith e nos outros infernais, estavam apáticos, e sabiam que de certo Lúcifer ficaria furioso ao saber das notícias. Naquele dia, estavam todos reunidos na sala da diretoria da escola, ela estava bastante irritada.

— Não podíamos ter sido derrotados — lamentou Lilith — O Filho da Alva contava conosco.

Ela bate duas vezes na mesa visivelmente transtornada. Abaddon, Ronove e Triga a acompanhavam.

— Não carregaremos este fardo sozinhos — disse Abaddon — A senhora também tem sua parcela nisto.

— Todos nós temos — retrucou Triga —, perdemos algo que já estava ganho.

Eles conversavam quando notam uma repentina mudança no tempo, o dia ensolarado deu lugar a um céu nebuloso e com nuvens de tempestade, o dia virou noite e um vento forte começou a soprar, chegando a quebrar os vidros da sala. Lilith, Abaddon, Triga e Ronove estavam desesperados. É quando uma figura negra emerge e fica levitando em frente a eles do lado de fora, uma forma assustadora e familiar. A figura portava olhos vermelhos e logo mostrou suas asas de plumas escuras ao bota-las para fora, mas encolhendo-as rapidamente. Naquela altura, sua identidade já era conhecida.

— Lilith, por que me fez vir até aqui? — questiona a figura — Por que me tirou de meus domínios para me fazer pisar nesse solo imundo?

— Perdão, ó grande Senhor das Trevas — implorou Lilith se lançando ao chão — Nós falhamos em nosso objetivo e permitimos que o inimigo vencesse.

A figura desce e fica em frente aos demônios e a Lilith, ele retira seu capuz e revela seus longos cabelos negros, sua pele branca e seus olhos avermelhados, que mudam para pupilas esmeraldas.

— Maldita seja a hora em que a tornei minha consorte! — bradou — Devia ter te deixado morrer na Mesopotâmia.

— Piedade, meu senhor, piedade — suplicou Lilith.

— Lorde Lúcifer, por favor, entenda nosso lado — pediu Abaddon — Seu irmão apareceu e...

— Eu não falei com você e nem pedi a sua opinião! — interrompeu Lúcifer — É incrível como estou cercado por incompetentes como vocês!

— Nós tentamos, senhor — disse Triga — Demos nossa vida mas não foi o suficiente, Miguel estava com eles.

Lúcifer caminha alguns passos e fica face a face com Triga, ele se prepara para falar algo.

— Não é você que se gaba por ter vencido Gabriel como se fosse um feito monumental? — perguntou Lúcifer — Onde está o "Caçador de Arcanjos?" Deve estar dormindo.

— Pedimos perdão, Senhor das Trevas! — pediu Ronove — Não havia o que fazer.

— Havia sim, era só trazer ela aqui. Estou cercado por um bando de idiotas! — afirmou Lúcifer — Sequer conseguem pegar uma mulher alada e querem vencer os celestes, vocês são patéticos.

— Fizemos o possível, isso eu garanto — disse Lilith ao se levantar — É injusto aguentarmos tudo calados, meu senhor.

— Injusto é eu ter que aguentar uns idiotas feito vocês — rebateu Lúcifer — Você me decepciona, Lilith, eu confiei em você - ele completa desferindo um tapa no rosto dela.

— Já basta de aguentar tudo isso, há anos venho aguentando suas humilhações — desabafou Lilith — Está na hora de botar um ponto final nisso!

— Não me faça morrer de rir — Lúcifer gargalha — Você só está viva hoje porque eu a acolhi e a livrei da vingança de Eva!

— Há anos eu venho me submetendo a você, mas tudo tem um limite, Lúcifer — disse Lilith —, e eu estou no meu máximo

— Você nasceu para me servir, sua imunda! — humilha Lúcifer — Devia me agradecer e me adorar de joelhos todos os dias pelo que fiz por você!

— Você é o primogênito, mas sempre viveu na sombra de Miguel, agora tudo está mais claro — rebateu Lilith — É um perdedor e um psicopata, me recuso a viver mais um dia diante de voc...

Ela sequer completou a frase e sentiu um forte golpe no peito. Lúcifer atravessou Lilith com a própria mão e perfurou seu coração, chegando até as costas. Quando retira, arranca o coração de dela junto e o joga no chão, o pisoteando em seguida. Lilith estava morta, ela cai com um buraco no peito e o sangue escorre com vigor. Em um ato brutal, Lúcifer executou sua sentença.

— É esse o destino de todos aqueles que me desafiam — disse Lúcifer apontando para o corpo de Lilith — Maldita seja Lilith! — ele ainda cospe sobre o corpo.

Abaddon, Triga e Ronove ficaram sem reação diante da forte cena. Estavam todos com medo e ninguém ousava dizer uma só palavra, todos, exceto Triga.

— Lilith estava certa! — afirmou Triga — O senhor é um ser imundo e que vive de vingança por pilhagem, fomos iludidos no Paraíso.

— Lhe dou a chance de corrigir esse engano — respondeu Lúcifer —, mas vai doer!

Em um ato rápido, Lúcifer dispara uma única rajada obscura com o dedo mindinho que atinge Triga e o desintegra no mesmo instante.

— Saiam da minha presença, AGORA! — ordenou Lúcifer — Não quero vê-los diante de mim tão cedo.

Sem pensar duas vezes, Abaddon e Ronove abandonam a sala ensanguentada e vão embora, jamais esqueceriam as cenas daquele dia.

— Espere, Abaddon — o Rei do Inferno diz.

— Sim, meu senhor? — perguntou Abaddon, parando de andar.

— Convoque Nahemah, é hora do plano B — responde ele — Mas desta vez, eu não irei tolerar falhas.

— Que assim seja — Abaddon bate no peito e se retira.

Lúcifer permanece mais alguns minutos na sala ao lado do corpo de Lilith.

— Espero que ele cumpra o seu papel — falou Lúcifer estando sozinho — O plano precisa dar certo para que a vitória no Armagedom se desenhe, e ai de quem se colocar em meu caminho.

Não muito longe dali, em um beco escuro, um homem encapuzado caminha até achar um local mais afastado, ele parece com pressa. Quando o encontra, invoca um poder mágico e abre uma espécie de portal redondo e de fogo. Através dele, é possível ver anjos com asas quebradas e acorrentados em pedras, muitos com marcas de runas no peito. Uma voz misteriosa toma as rédeas e começa a se comunicar com o homem que o invocou:

— Está tudo agindo conforme combinamos, não está? — perguntou a voz — Não podemos esperar mais!

— Peço só mais um pouco de tempo — respondeu o homem.

— Dizem que ele está na Terra, isso torna a missão mais complicada — prosseguiu a voz — Precisamos neutralizá-lo, ele e aquela ophanim de quem muito ouvi falar.

— É o que estou tentando fazer, mas você sabe como é muito complicado — respondeu o homem —, não se preocupe, logo você e os outros estarão livres! Passei aqui apenas para tranquilizá-lo e justificar a ausência de todos esses dias.

— Confio em você — disse a voz — Sei que não me trairia e irá me ajudar, Pendragon. Contudo, corra, o tempo está passando.

— Fique em paz — tranquiliza o homem — Em breve estará livre para se vingar, Shemihazah!

O homem retira seu capuz e revela seu cabelo ondulado, loiro, e olhos com pupilas roxas.

— Vida longa à Ordem dos Vigilantes! — disse o homem — Vida longa a Shemihazah e seu futuro reinado sombrio! — completa rindo e fechando o portal; voltando pelo mesmo caminho.

*

CONTINUA...

Cavaleiros do Ar: Elos do ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora