Prólogo

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Nas Profundezas do Submundo era possível sentir toda essência de ódio, dor, sofrimento, angústia e caos. O inferno era um vasto território dimensional totalmente assustador, com rios e correntes de lava que davam calor ao local, montanhas e picos de pedra negra semelhante a magma, o céu completamente escuro e tempestuoso, gritos e gemidos de dor que se ouviam aos montes, castelos e construções assustadoras. Porém, não era o pior, demônios de todos os tipos e tamanhos pulavam e saltavam sobre as rochas, entes assustadores que corriam pelo local, humanos eram torturados perpetuamente por enormes seres metade touro, metade esqueléticos com chicotes de ferro contendo facas afiadas na ponta e que dilaceravam a pele já destruída.

Alguns corpos ficavam pendurados entre as montanhas e eram surrados diariamente, feras assustadoras cruzavam o céu com demônios montados nelas, demônios sexuais estupravam suas vítimas aos montes e os lançavam em enormes rios de lava, os infernais se divertiam com aquilo.

Não muito distante dali, em um enorme palácio, milhares de demônios estavam posicionados. O local era macabro e enormes infernais guardavam sua entrada. Dentro dele, outros muitos se ajoelhavam olhando para um trono coberto com sangue e ossos, ali estava sentado alguém que um dia fora o ente mais belo de todos os entes, aquele que foi a primeira criatura do Universo. Era alto e forte, vestia um traje escuro com detalhes em vermelho, possuía pele alva, asas com plumas negras e ostentava uma coroa que lembravam chifres na cabeça, seus olhos eram totalmente vermelhos, um vermelho vivo e macabro, seu cabelo era negro e longo e seu olhar apavorante. Era Lúcifer, ou Satanás, o Rei de todos os Demônios, brilhante Estrela da Manhã.

— Viva, Lúcifer! — gritam o grupo demoníaco.

— Filhos e filhas do Inferno — falou Lúcifer —, trago-os aqui pois quero que cumpram uma missão que irei estabelecer. Como todos sabem, está chegando o tempo do fim, o tempo em que enfim poderemos derramar o sangue dos celestiais, aqueles que nos expulsaram de nosso antigo lar. Em breve, eu me assentarei sobre a humanidade e meu herdeiro irá governá-los com pulso firme, e ele já está quase cumprindo seu papel. Mas, antes que ele cumpra, precisamos trabalhar na destruição tanto de homens quanto de anjos, e nosso alvo no momento é apenas um anjo — prosseguiu o Infernal —, seu nome é Miguel, o Príncipe da raça alada.
— Precisamos tirar Miguel do nosso caminho — continuou Lúcifer —, se tirarmos Miguel de nosso caminho, nossa chance de vitória no Armagedom aumentará.

— Como iremos atacar o Príncipe dos Anjos? Jamais conseguiremos adentrar nos Céus novamente e, à essa altura, ele já se prepara para o Armagedom — diz Baalphegor.

Baalphegor, o Pecado da Preguiça como era conhecido, era gordo e forte, possuía garras e sete dedos em cada mão e pé, era caolho e cheirava mal, vestia-se com uma tanga marrom e um peitoral negro, sua pele era branca em tom esverdeado.

— Como você é ingênuo, Baalphegor — respondeu o Senhor do Inferno — nenhum de vocês irá até o inimigo, o inimigo vem até nós.

— Perdão, Lorde Lúcifer — falou Asmodeus —, mas por que o Príncipe Miguel viria até nós? Mesmo sendo o mais forte dos alados ele sabe que vir até aqui sozinho é suicídio.

Asmodeus era um dos Duques Infernais e patrono do pecado da luxúria, tinha aparência humana mas possuía três faces, uma de homem com parte do rosto em ossos, a outra de um cavalo e a outra de um touro, vestia-se com uma armadura completamente negra e tinha asas de morcego, que estavam quebradas.

— Asmodeus — respondeu Lúcifer —, me diga: o que é que um pescador utiliza em uma vara quando vai pescar?

— Uma isca — respondeu o demônio, sem entender — mas quem ou o que seria tal isca? — questionou.

— Azazel — gritou Lúcifer —, nos honre com sua presença!

De repente, uma fumaça obscura surgiu no meio da sala e sons assustadores ecoavam através dela. Assim que sumiu, os demônios ali presentes puderam ver uma figura de pele branca, trajava preto, tinha cabelos vermelhos curtos e olhos completamente vazios, suas asas também eram de pluma cinza e tinha uma coroa na cabeça, semelhante a de Lúcifer, mas pequena se comparada. Era Azazel, o demônio patrono da Ira e das artes mágicas das trevas, o braço-direito de Samael. Azazel se aproximou do trono de seu soberano e abaixou sua face em sinal de respeito, levantando-a rapidamente:

— Lorde Lúcifer — disse o infernal —, é uma honra estar diante de ti, Ó Filho da Alva.

— Azazel, meu braço-direito e amigo pessoal — disse Lúcifer —, estávamos aqui discutindo sobre aquele plano que comentei com você mais cedo.

— Que bom, milorde — respondeu Azazel —, fico feliz que o Senhor das Trevas tenha gostado.

— Mostre nossa isca — ordenou Lúcifer —, quero que todos a vejam.

Azazel obedeceu e, ao terminar da fala do Diabo, invocou palavras mágicas que não podem ser compreendidas, lançando uma magia sombria no ar. O feitiço se transformou em uma espécie de transmissão e uma face de anjo apareceu nela. Era uma mulher. Perplexos, os infernais admiraram àquela alada, muitos não a reconheceram de imediato, já outros logo souberam de quem se tratava e praguejaram.

— Ela será a nossa isca — falou Lúcifer apontando o dedo para a celestial — acredito que muitos já a devem conhecer, Azazel e eu a conhecemos bem.

— Eu a reconheço, milorde — disse Asmodeus — essa ophanim participou de nossa queda enfrentando o grande Azazel e também fez parte da luta contra os Vigilantes, foi ela também que derrotou Mephis na Europa e enfrentou Amitiel. Essa mulher é a braço-direito do Príncipe dos Anjos, mas como iremos pegá-la?

— Ela é também uma das chefes dos anjos que fazem incursões na Terra com a finalidade de nos enfrentar, duque Asmodeus — respondeu Azazel — eu já a enfrentei outras vezes e posso garantir que é muito poderosa. Parece uma princesa indefesa, mas é uma guerreira sanguinária, além de ser muito bela.

— Nada se compara à beleza da minha rainha — disse Lúcifer —, mas não há como negar que meu irmão tem bom gosto. Respondendo à sua pergunta, Asmodeus, os anjos gostam de nos combater em terras humanas, acho que já dei a resposta.

— Iremos pegá-la enquanto estiver a serviço de Yahweh — complementou Azazel — tudo que precisamos é atacar os humanos, assim, quando ela estiver lutando, utilizaremos um dos nossos melhores para raptá-la.

— Eu conheço meu irmão como ninguém — disse Lúcifer — aquele pirralho não gosta muito quando alguém mexe nas mulheres dele.

— Mas quem iria enfrentá-la, milorde? — perguntou um dos diabos.

— Três demônios da alta estirpe devem se misturar àqueles vermes que caminham sobre a Terra — determinou Lúcifer.

— Mas para qual lugar os enviaríamos? — perguntou Asmodeus.

— Salvador, no Brasil — respondeu o Diabo — aquela cidade é perfeita para nós, tem um clima agradável e é movimentada. Azazel, prepare alguns infernais e os envie para o Brasil.

— Farei isso, Senhor das Trevas — obedeceu Azazel.

Azazel sai da sala da mesma forma que entrou e deixa Lúcifer. Ele fica pensativo em seus objetivos e olha firme para frente.

Cavaleiros do Ar: Elos do ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora