Capítulo 33

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-Senhor, - A voz de Keir falha e ele pigarreia. - não seria mais sábio entregá-la a rainha?

Ele se refere a mim como se eu fosse um mero objeto. Um sorriso irônico brota nos lábios do Grão-Senhor.

-E desde quando você sabe o que é sábio?

-Eu só não quero outra guerra, senhor. - Engole em seco.

-Não? - O sorriso nos lábios de Rhys se alarga. - Eu poderia jurar que você adoraria nos ver mortos.

-É claro que não, meu senhor. - Nega com a cabeça repetidas vezes.

-Nós não a entregaremos. - Afirma. - Ela é uma de nós.

-É apenas uma garota! - Keir explode. - Nós somos uma cidade!

-Oh... Então você não se importa com guerra, não é? Só quer proteger seu próprio rabo.

Ele sabe muito bem que tocou na ferida do homem, eu posso sentir seu medo de onde estou.

-Vocês vão ser a destruição dessa cidade!

-Abaixe o tom. - Rhys diz calmamente.

Sinto minhas mãos começarem a tremer e as coloco para trás antes que ele veja. Dias mal dormidos, estresse pelo papel que temos que desempenhar nesse lugar, raiva pelo rosto ridículo de Eris, desespero pela ameaça da rainha, preocupação pela minha nova família, choque pelo objeto que ainda toca meus pés, ódio por esse homem horrível na minha frente, estão acumulados em mim, poder lutando para rasgar meu peito e se libertar.

O que houve?

Azriel sussurra.

Não se preocupe.

Sussurro de volta.

-Não pode proteger uma ameaça só porque ela é o brinquedinho de um dos seus animaizinhos de estimação!

Brinquedinho. Aquela palavra... Eu costumava odiar quando se referiam a mim daquela maneira. Nada mudou. Trinco o maxilar enquanto minhas mãos tremem com mais violência. Keir está se sentindo corajoso, mas eu ainda sinto seu medo, meu poder clama por esse sentimento.

-Mais respeito. - Azriel rosna.

-Quieto, seu bastardo! Não se dirija...

Com um suspiro, eu cedo. Antes que ele pudesse se dar conta do que o atingiu, está no chão se debatendo, minha escuridão o envolvendo. Não me movi um centímetro sequer, sinto minha pupila dilatar até que toda cor de meus olhos tenha sumido. Cavo em seus pensamentos e sentimentos procurando o medo. Eu o acho facilmente. Enquanto outras pessoas temem por seu lar e por aqueles que amam, Keir teme por si mesmo, ele não quer morrer. Uso isso contra ele. Deixo que ele morra várias e várias vezes através de ilusões criadas por mim. Ele morre nas mãos de Rhysand, Feyre, Mor, Azriel, Cassian, Nestha, Amren, nas minhas mãos, seu próprio povo, o povo de Hybern. Sinto quando um sorriso brota em meus lábios, eu gosto disso, me faz bem. Aos poucos meu corpo vai ficando mais forte, não me sinto mais cansada, minhas mãos param de tremer, estou me aproveitando de seus medos. Uma mão pequena e delicada toca meu ombro.

-Pare. - Feyre sussurra para mim.

Na mesma hora eu o solto. O pai de Mor está caído no chão abraçado aos joelhos, tremendo e tão branco quanto gesso.

-Agradeça a misericórdia de seus Grão-Senhores, porque se fosse por mim você já estaria morto. - Cuspo para ele.

Olho para baixo e envolvo a focinheira com os meus poderes, utilizo os filetes violeta e a destruo, deixando somente pó em seu lugar.

A Corte de Sombras e EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora