Os braços de Azriel me apertando contra seu corpo são a única garantia de que eu não estou morta. E nem ele. Estou tremendo violentamente e lágrimas mancham meu rosto enquanto meu ouvido está zumbindo. Me agarro a sua camisa precisando ter certeza de que ele está bem, seguro e vivo. Ele está sussurrando algo para mim, mas não consigo escutar, tento, mas estou completamente esgotada e aterrorizada. Não tenho ideia do que acabou de acontecer, do porque eu vi o que vi, porque estive onde estive, foi diferente de todas as outras coisas. Procuro me atentar a coisas presentes para me afastar das lembranças, sinto o coração do illyriano que bate rápido demais contra a minha bochecha, o calor de seu corpo, o cheio familiar, o toque suave que molha minha roupa... Molha minha roupa e a deixa úmida e quente, como sangue. Ainda tremendo, procuro sua mão e a sinto molhada contra a minha, abro os olhos e a vejo ensanguentada e machucada, ergo a cabeça rapidamente.
-O que aconteceu com as suas mãos?
-Lucille... - Sussurra.
Seus olhos estão arregalados, preocupação estampada em seu rosto, cabelos desgrenhados e pregados a sua testa molhada de suor, suas asas estão nos escondendo e suas sombras estão por toda parte. Suas mãos tremem quando ele segura meu rosto.
-Você está bem?
-Eu... - Coloco as mãos por cima das suas. - Suas mãos...
-Tentei passar pelo escudo, não consegui quebrar.
-Você socou? - Ele assente. - Por quê? - Pergunto.
-Eu precisava chegar até você.
Meu coração parece queimar, seu toque nas minhas bochechas queimam, ele puxa meu rosto para perto do seu e beija minha testa.
-Você me assustou. - Sussurra contra minha pele, suas mãos tremem mais uma vez.
-Me desculpa. - Sussurro de volta.
-Não foi culpa sua, foi minha. Eu a fiz se esforçar demais, e peço perdão por isso.
-Não tem que me pedir perdão.
-Tenho. - Se afasta para olhar em meus olhos. - Eu tenho.
-Está tudo bem. - Tento forçar um sorriso mas sai como uma careta. - Vamos, temos que cuidar disso. - Sinto os cortes em seus punhos.
Suas asas se abrem e eu me levanto, só para quase cair e ser amparada por ele, que se levanta rapidamente, seus olhos ainda estão arregalados e isso me preocupa, sinto como se tivesse escondendo algo, não gosto da sensação. O encantador de sombras me segura contra seu peito e atravessa para casa.
-O que aconteceu? - Ele quebra o silêncio.
Estamos ambos sentados na cama, um de frente para o outro, eu limpo seus cortes com o kit de socorros. Sua pergunta me pega desprevenida.
-O que?
-Você saiu para jantar e de repente eu sinto como se alguma coisa estivesse errada com você...
-Espera. - Franzo o cenho. - Você sentiu? Como assim?
-Eu... - As mãos do illyriano tremem e seu olhar vacila.
-O que está acontecendo, Azriel?
Ele puxa as mãos para si e esfrega o rosto, parecendo cansado, olha para mim e suspira.
-Nós temos muito o que conversar e tenho coisas muito importantes para te contar, mas não acho que agora seja uma boa hora. Você acabou de, sei lá, não sei dizer o que aconteceu, mas ainda está ofegante e tremendo.
Eu reparo nas minhas próprias mãos e vejo que ele está certo, respiro fundo, exaustão cada vez mais tomando conta do meu corpo e mente, decido não insistir, fico em silêncio.
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A Corte de Sombras e Escuridão
FanfictionMesmo após a guerra, as bestas de Hybern continuam a perseguir Lucille, que fugiu antes que a batalha começasse e que fosse obrigada a cumprir sua tarefa. Depois de meses de fuga ela acaba usando o pouco que restava de suas forças para atravessar o...