XXVI

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— Eu não vou desistir da gente se você não desistir primeiro. — Falo baixo e saio do cômodo.

Me dirijo até a porta de entrada, calço o meu par de tênis e pego minha mochila. Saio da casa de Billie e rapidamente atravesso a rua me aproximando do carro de minha mãe, procuro a chave do mesmo no bolso externo da mochila e logo a acho, destravo o automóvel o adentrando rapidamente.

Ligo o motor para aquecer e faço o mesmo com o ar condicionado. Deixo minha mochila no banco do passageiro e coloco o cinto de segurança. Suspiro e encaro a casa de Eilish.

Quando resolvi ir conversar com ela sobre como me sentia em relação a noite anterior foi pensando que voltaria para a casa sem ter isso mais em minha mente, entretanto sentia que tinha perdido uma parte dela e ver seus olhos cheios de lágrimas quebrou o meu coração.

Deixo algumas lágrimas escorrerem pelas minhas bochechas enquanto dirigia para a casa, estava tão dispersa em meus pensamentos que o caminho pareceu infinitamente menor do que era. Estaciono o carro na garagem retirando o cinto de segurança em seguida, me encaro no espelho retrovisor secando minhas lágrimas.

— Filha, por que não avisou que vinha agora? — Minha mãe tira os olhos do forno assim que passo pela porta que tinha na cozinha e dava acesso à garagem.

— 'Pra não te deixar preocupada por conta do gelo na estrada. Cheguei sã e salva. — Sorrio singela e após retirar os meus tênis me aproximo da mais velha selando sua testa. — Senti saudades. — Digo sincera.

— Eu também meu amor. — Sorri amorosa passando os dedos em meus cabelos. — Estou assando biscoitos, quer comer com chocolate quente assistindo a um filme? — Convida e sorrio abertamente.

— Quero. Vou só tomar um banho e pôr um pijamas quente. — Aceito.

— Tudo bem. — Beija meu ombro e me afasto indo rumo ao meu quarto.

Deixo a mochila sobre a cadeira da escrivaninha e coloco o meu celular no silencioso antes de o deixar sobre a mesa de cabeceira.

Tomo um rápido e quente banho para então vestir um pijamas de frio com um roupão por cima.

Minha mãe e eu gostavámos muito de assistir filmes de terror por isso não demorou para que entrássemos em um acordo. Não estava de fato prestando atenção já que minha mente voava para Billie e toda a nossa situação porém aproveitava o sabor dos biscoitos juntos ao chocolate quente em meu paladar.

— Reese, posso te perguntar uma coisa?
— Minha mãe indaga deixando sua caneca, vazia, sobre a mesa de centro.

— Pode, claro. — Concordo imediatamente terminando mais um biscoito.

— Você anda tão distante ultimamente. Tem algo de errado acontecendo? — Questiona.

— Não tem nada de errado acontecendo mãe, não precisa se preocupar só estou pensativa. Logo deve passar. — Dou de ombros encarando a TV.

— Está agindo assim desde que voltou da viagem com a Billie, aconteceu algo lá? Algo ruim? — Pergunta inocente.

Fico em silêncio e dou de ombros. Até agora não sabia se o que aconteceu foi bom ou ruim, e muito menos se deveria contar para a minha mãe. Ela não é preconceituosa, segundo ela tem coisas mais importantes para se preocupar do que isso, estou dizendo no sentindo de valer a pena.

— Reese pode me contar qualquer coisa, estou aqui 'pra ajudar só isso. — Insiste calma.

— Deveria cuidar das crianças e não... Não me apaixonar pela mãe delas. — Admito em um suspiro quase que murmurado.

— Está gostando da Billie? — Diz surpresa e concordo olhando para as minhas mãos sobre o meu colo. — Oh querida, eu sinto muito, sei que é difícil ter uma paixão não correspondida. — Tenta me consolar.

— A minha paixão é correspondida. Nós... Nós nos beijamos e passamos algumas noites juntas e na viagem tudo mudou porque pela primeira vez era ela e eu. — Explico. — Nós nos amamos mãe, de verdade, eu juro. Sinto isso, sei que ela me ama mas ao mesmo tempo ela fica com o marido dela como se a gente não existisse. Não quero ser um casinho, uma aventura e muito menos passar o resto da minha vida me agarrando com ela as escondidas. — Desabafo.

— Não estou aqui para julgar o que sente, por quem sente e o porquê de estarem fazendo as coisas desse jeito. Só não quero que se machuque ou se submeta a uma posição que não merece, que seja frustrante. Reese você é uma garota, uma mulher incrível e merece alguém que saiba cuidar de você e a honrar assim como você o faria. Segue o seu coração, escuta a voz da emoção mais uma vez assim como fez em todas as vezes que esteve junto à ela. — Fala.

— Meu coração está apertado mãe, toda vez que penso nela é como se estivesse que estar lá agora a abraçando, protegendo. Sinto que ela precisa de mim. — Admito.

— Quer ligar e saber se tudo está bem?
— Sugere e nego.

— Não tenho motivos, amanhã vou ir trabalhar e vai estar tudo igual é só, sei lá, loucura minha. Vamos terminar o filme. — Suspiro chateada e deito minha cabeça no ombro de minha mãe recebendo um cafuné que me fez pegar no sono.

Um sono calmo, profundo e tranquilo diferente do meu coração e intuição.

Baby-Sitter • Billie Eilish Onde histórias criam vida. Descubra agora