Sinking | jjk + pjm

Memória

"O amor é uma fonte inesgotável de reflexão, profunda como a eternidade, alta como o céu, vasta como o universo." - Alfred de Vigny

As coisas se acertaram ainda aquela noite. Jungkook primeiramente ficou atônito por ter ouvido Jimin dizer que o amava, porém no instante seguinte o abraçou de forma protetora, acariciou seus cabelos e disse:

— Obrigado, bebê. Eu também te amo.

E Jimin sorriu como nunca.

Como não tinha dinheiro para comprar um presente para Jungkook, Jimin procurou na internet músicas de um cantor que o Jeon gosta e cantou para ele logo que o horário do almoço se passou. Era algo sem valor algum, mas que apenas pela tentativa já significava o mundo para o Jeon.

Eles passaram o dia inteiro juntos, jantaram no restaurante que o Jeon prometeu que levaria o menor, e depois ficaram em casa o resto da noite assistindo a algum filme qualquer de super-herói. Jungkook gostava e ensinou Jimin a também gostar.

Agora uma semana já havia se passado, e desde que acordara Jungkook estava estranho. Jimin sabia o que significava aquela tristeza, sabia que dia era aquele, e por isso passou a manhã inteira agarrado no maior, acariciando seus cabelos, seu rosto e tudo que podia, também enchendo suas bochechas de beijos sutis. Nem assim o fez sorrir.

— Você pode me acompanhar em uma coisa? — A pergunta veio no horário do almoço, surpreendendo Jimin, que apenas assentiu em resposta. — Eu... queria ir ao cemitério. Você pode não saber, mas... eu vou lá de tempos em tempos, coloco algumas flores para ela e... converso um pouco. Se importa de ir comigo?

— Claro que não, Jungkookie. — Sorriu genuinamente, bagunçando os cabelos do maior ao mesmo tempo em que sentou-se de lado sobre suas pernas. — Estou com você nessa. Vou ficar aqui por todo o tempo que me quiser ao seu lado.

— E se quiser que fique para sempre?

— Eu não posso prometer, mas vou me esforçar para ficar para sempre. — Jungkook conseguiu sorrir, o que aqueceu o peito do menor. — Quando disse que te amava não falei da boca para fora. Eu nunca amei ninguém além dos meus pais, mas acredito que seja tão forte quanto o que eu sentia por eles, entende? Eu me importo muito com você, queria apenas ter o poder de tirar toda sua dor e te fazer o mais feliz possível, queria poder ver você sorrindo o tempo inteiro, realmente contente com tudo, sabe? Eu te disse que te curaria, estou me esforçando muito para cumprir.

— Você me faz feliz. Só de estar ao meu lado, me aguentando, tomando conta de mim, isso é o bastante para mim. Acima de qualquer coisa, você se tornou o meu melhor amigo, claro que agora é algo a mais, mas ainda assim. Eu confio em você, Jimin. Você viu o meu pior, e quero também que você veja o meu melhor.

Jimin lhe roubou um beijo, tão feliz por dentro com a declaração que já não sabia mais o que lhe dizer. Era estranhamente bom. Amou a sensação, decidiu que queria senti-la sempre caso pudesse.

Após o almoço os dois trocaram de roupa e se ajeitaram para sair. O cemitério era relativamente perto, poderiam ir andando com facilidade. Ao contrário de normalmente, onde Jimin entrelaçava seu braço ao do Jeon, saíram na rua de mãos dadas. Óbvio que tal ação arrancou um sorriso do de cabelos cor-de-rosa, que apenas queria mostrar para todo mundo que tinha Jungkook ao seu lado.

Jungkook se tornou seu porto seguro, aquele que lhe impedia de cair, de afundar, aquele que o salvava, o fazia feliz, o completava... o amava.

Ao chegarem no lugar que nem de longe era bom, andaram um pouco mais até estarem de frente para um túmulo mais do que conhecido por Jungkook. O Jeon sentou-se em frente ao mesmo, tendo o Park sentando-se ao seu lado após pedi-lo que fizesse isso.

— Vai me chamar de louco se eu... conversar com ela? — Perguntou Jungkook em um tom baixo, ganhando um pequeno sorriso e também uma negação com a cabeça.

— Eu também costumo fazer isso, mas em casa mesmo... quando você não está perto. Até porque eu falo bastante de você. — A cor avermelhada nas bochechas de Jimin fez o coração de Jungkook palpitar. — Me apresente a ela... Se quiser, é claro.

Jungkook assentiu, mantendo sua mão entrelaçada na do menor. Ajeitou-se melhor, sentindo-se ligeiramente tímido.

— Sra. Jeon... a senhora não me conhece, eu também não a conheço, mas, sabe... eu sou muito grato por você ter criado um filho tão incrível quanto o seu. — Jungkook arregalou os olhos assim que viu a atitude de Jimin de começar a falar, em seguida sentindo os mesmos marejados por suas palavras. — Eu estava sozinho quando eu o encontrei, e ele fez a minha vida se tornar algo infinitas vezes melhor. Jungkook foi a cura para toda a minha dor, ele conseguiu me fazer sentir tudo que há anos eu não sentia, como amor, carinho, compaixão, dentre várias outras coisas.

"Para muitos isso pode ser pouco, mas eu gosto de dizer que me sinto único apenas pelo fato de ele existir. Eu costumava dizer que ele jogava seu dinheiro fora apenas porque gastava-o comigo, mas com o passar do tempo eu fui percebendo que aquilo era preocupação. Jungkook queria me ver bem. Foi inevitável acabar me apaixonando, não tinha como isso não acontecer."

Jimin acabou apertando um pouco mais forte a mão do Jeon, em seguida voltando a falar.

— Então, obrigado, de verdade, por ter sido o anjo que sempre foi na vida dele. Jungkook sempre fala de você com tanta admiração, que eu só consigo me apaixonar por ele ainda mais, amá-lo ainda mais. Talvez você não gostasse de mim caso tivesse me conhecido, mas eu garanto a você que eu vou cuidar do Kookie todos os dias da minha vida, vou fazer o possível e impossível pela felicidade dele, vou fazê-lo sorrir, viver, aproveitar. Vou fazê-lo ver que não importa onde você esteja, você nunca o abandonará, sempre o amará e cuidará dele. E já que não pode fazer isso aqui, eu farei por você. Eu... vou dar todo amor do mundo a ele, isso eu posso prometer, Sra. Jeon.

— É Jihyo. Jeon Jihyo. — Jungkook sussurrou, as lágrimas escorrendo sem parar por seu rosto enquanto encarava Jimin. — Como você disse, ela nunca vai me abandonar, e onde quer que ela esteja, ela provavelmente te ama apenas por saber que você me ajudou a superar o que aconteceu, ajudou-me a seguir em frente, superar meus traumas e medos. Você me curou, da mesma forma que disse que eu fiz por você.

Jimin sorriu para Jungkook e se escorou no ombro do moreno, acariciando a mão do moreno enquanto o via sussurrar ainda algumas coisas. Quando finalmente saíram dali, Jimin puxou Jungkook até o outro lado do cemitério, mostrando ali dois túmulos que infelizmente conhecia muito bem: os de seus pais.

Os dois ficaram abraçados ali durante certo tempo, mas quando as lágrimas pareciam incessantes resolveram finalmente ir embora dali. Aquilo já não estava os fazendo bem, de forma alguma.

Chegaram em casa e Jungkook já foi surpreendido por um fortíssimo abraço, um toque que dizia muito além do que qualquer palavra poderia. Jimin o amava, e demonstrava seus sentimentos em cada troca de olhar, nos beijos partilhados, nos abraços intensos que davam um no outro. Ele não media esforços para demonstrar o que sentia, afinal Jungkook tinha todo o direito do mundo de ter ciência do que o menor carregava dentro de si.

— Eu só quero que você saiba e nunca se esqueça, que não importa o que aconteça, eu estou do seu lado. — Jimin disse, olhando fixamente para o maior. — Você me deu motivos para ser feliz, se tornou tudo que eu precisava e nem mesmo imaginava, e ganhou com isso um garoto que nunca mais vai te abandonar. Eu te amo muito, Kookie. Amo tanto, que meu coraçãozinho dói de pensar no quanto você já sofreu, ou nas marcas que você carrega, sejam internas ou externas, e toda a dor que você já sentiu. Mas ao mesmo tempo eu me sinto um pouco mais tranquilo por saber que eu estou aqui para cuidar de você e evitar que tudo volte a acontecer e...

Jimin foi interrompido por mais um forte abraço.

— Obrigado, Minnie. Eu também te amo muito. Nossa, eu não sei nem o que te dizer, eu só... eu te amo. Simples assim.

E a risada de Jimin ecoou pelo ambiente, fazendo com que Jungkook também acabasse rindo.

E eles estavam felizes. Como Jungkook mesmo disse: era simples assim.