Amizade

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"Cada segundo é tempo para mudar

tudo para sempre." – Charles Chaplin

Jungkook encarava Kim Heechul em busca de uma resposta para suas perguntas não feitas. Olhava para o psicólogo como se ele possuísse todas as soluções de seus problemas, ainda que tivesse total certeza de ninguém possuir tais soluções.

Se tratava de uma questão de tempo até que o Jeon enlouquecesse de vez por tantos pensamentos que se apoderavam se sua mente e o deixavam totalmente confuso sem nenhuma lucidez para resolver com clareza as inquietações. Sentia-se estranho, mas não tinha como ser diferente, tendo em vista que um certo garoto de cabelos cor-de-rosa não saíam de sua mente naquele instante. E só tinha uma perguntava que ecoava em sua volta: por quê?

Por que estava tão preocupado assim com Jimin? Por que não conseguia esquecer o menino? Por que não conseguia pensar em outra coisa que não fosse o quanto queria ajudá-lo?

— Certo. – Foi a única coisa que Heechul disse, após um tempo indefinido de completo silêncio dentro do consultório. – Sinto que não é só por causa desse menino, Jimin, que está aqui hoje, Jungkook.

— Você já perdeu alguém que amava muito? Desculpa pela pergunta invasiva, eu só fiquei um pouco curioso. – Jungkook olhou para baixo após questionar. Não era o tipo de pergunta que você normalmente fazia a alguém, mas pelo tempo que se conheciam ele podia jurar que Heechul o responderia sem se importar.

— Alguns, inclusive minha esposa. – Sua voz saiu baixa, porém ainda firme. – Não vou vir com o discurso que você não quer escutar, e é justamente por esse motivo que nunca trago esse assunto para nossa conversa. Sei que machuca. Sei que dói ouvir as pessoas dizendo que sentem muito ou que vai ficar tudo bem. Tem vezes que só queremos um abraço, e normalmente nem isso é o suficiente.

— Mas é a única coisa que as pessoas dizem, porque não tem exatamente um discurso pronto para consolar quem está triste. – Completou Jungkook, compreendendo que era a forma das pessoas mostrarem que estavam ali para o que fosse, mesmo não sabendo bem o que falar ou como falar. – Eu ouvi muito as pessoas falarem que minha mãe faria falta, que eu precisava ser forte, e uns até mesmo me criticaram por eu chorar. Mas é errado chorar quando estamos tristes?

— Óbvio que não, Jungkook. É isso que mostra o quão humanos somos. Ninguém consegue aguentar firme o tempo inteiro. Pode ser que a pessoa não desabe na frente dos outros, mas que se debulhe em lágrimas assim que ficar sozinha. Somos todos humanos, todos sentimos, uns demonstram de um jeito, outros de uma forma diferente, mas a dor é a mesma para todo mundo.

Jungkook permaneceu em silêncio por alguns minutos, os quais mais pareceram dolorosas horas. As lágrimas rolavam por seu rosto, assim como normalmente acontecia quando lembrava-se de tudo e tentava desabafar. Sua única forma de colocar a dor para fora era chorando, porque com palavras se tornava ainda mais difícil e ele raramente conseguia, fora que tais raras vezes apenas aconteciam quando ele estava sozinho em seu quarto, abraçando seu travesseiro e gritando tudo que estava entalado em sua garganta.

Doía, mas era eficaz.

Olhou para Heechul, sabia que não conseguiria exatamente dizer tudo que estava passando em sua cabeça, mas o encarava na expectativa de conseguir responder a pergunta da qual fugiu quando entrou no assunto perda. De verdade, ele estava ali por Jimin, sim, já que queria ajudá-lo ao mesmo tempo que não via nenhuma alternativa de como fazê-lo.

— É complicado. – Soltou um suspiro que demonstrava o quanto estava debilitado ultimamente, fazendo até a tarefa de respirar tornar-se difícil. – Mas, respondendo sua pergunta, eu estou aqui por causa de Jimin. Eu quero ajudá-lo, mas não faço a mínima ideia de como. Eu não tenho telefone ou endereço dele, e ainda que ele tenha meu endereço não acho que vá atrás de mim.

Sinking | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora